Zito, o eterno capitão do Santos

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória

Roseira, no interior paulista, distante 160 km da capital, é a cidade natal de José Ely Miranda, o Zito, nascido em 8 de agosto de 1932, segunda-feira, numa época em que a cidade ainda pertencia a vizinha Aparecida, período em que a Revolução Constitucionalista de São Paulo, vivia o seu esplendor em terras próximas ao Vale do Paraíba.

O apelido vem do diminutivo de Joselito, nome pelo qual era chamado pelos familiares quando criança. Ele chegou ao Santos em 1952, aos 19 anos, para se tornar um dos maiores líderes do time praiano em sua centenária história. Antes atuava na equipe do Taubaté.

Sua primeira partida com a camisa do Santos aconteceu no dia 29 de junho de 1952, em partida amistosa na Vila Belmiro, na vitória diante do Madureira do Rio de Janeiro pelo placar de 3 a 1, com gols de Hugo (2) e Tite, formando o Alvinegro com: Manga, Hélvio e Pascoal; Nenê, Formiga e Zito; Cento e nove, Antoninho, Nicácio, Hugo (Alemão) e Tite. O técnico era o conceituado Aymoré Moreira.

Mais do que verdadeiro técnico do time em campo, Zito era motivador, incansável, que, aos berros, não deixava o Santos perder o ritmo. Boa parte dos grandes jogos e das inesquecíveis goleadas se deve a ele, que não deixava os atacantes se darem por satisfeitos mesmo quando o jogo já estava ganho.

No seu primeiro título com a camisa santista, o Paulista de 1955, já era respeitado como um líder e verdadeiro gerente daquela máquina de jogar futebol que estava se formando. Nunca foi um grande armador, e nem tinha um arremate potente. Embora tenha entrado para a história como um extraordinário desarmador, Zito foi um craque completo, que também sabia criar jogadas.

Na Seleção Brasileira, Zito começou sua trajetória em 1956, sendo bicampeão do mundo em 1958 e 1962. Disputou pela Seleção 50 partidas e marcou três gols. Também participou da Copa do Mundo de 1966. Ficou na Vila Belmiro por 15 anos até o ano de 1967, quando então entregou a camisa cinco ao jovem Clodoaldo.

Conquistou 22 títulos oficiais, sem contar os inúmeros torneios amistosos. Entrou em campo com a camisa do Peixe por 733 vezes, tornando-se o 3º jogador que mais atuou pelo Santos, ficando atrás apenas de Pelé e Pepe. É um dos poucos jogadores que possui quatro títulos mundiais no currículo, dois pelo Santos e dois pela Seleção Brasileira.

Após pendurar as chuteiras, Zito continuou morando em Santos, e serviu diversas vezes como dirigente do Santos. Como diretor das divisões de base, foi um dos responsáveis pelo surgimento da geração de Neymar e PH Ganso.

Sobre Zito, o brilhante jornalista De Vaney escreveu: “Não houve antes de Zito, não existe depois dele. Não existe agora e ninguém sabe quando aparecerá um estimulador de time, um transmissor de ânimo, um orientador tão hábil e tão enérgico, um comunicador de tão absoluto equilíbrio”.

Títulos no Santos:

Campeão Mundial nos anos de 1962/1963

Campeão Sul-americano nos anos de 1962/1963

Campeão Brasileiro nos anos de 1961 a 1965

Campeão do Torneio Rio-São Paulo nos anos de 1959/1963/1964 e 1966

Campeão Paulista nos anos de 1955/1956/1960/1961/1962/1964/1965 e 1967.

Foi morar ao lado de Deus em um domingo à noite, no dia 14 de junho de 2015, aos 82 anos. O velório foi no Memorial Necrópole Ecumênica, no bairro do Marapé, em Santos e o sepultamento em Roseira, sua cidade natal. A diretoria santista decretou luto de 7 dias.

Na noite do dia 31 de outubro de 2017, terça-feira, o Santos inaugurou a estátua em homenagem ao Zito na Rua Princesa Isabel, em frente ao portão 6 da Vila Belmiro. O evento contou com a presença de ex-jogadores como Pepe, Coutinho e Giovanni.
Uma das homenagens que muito o emocionou foi ter recebido da prefeitura de Pindamonhangaba, cidade vizinha a sua Roseira, no Vale do Paraíba, a honra de se perpetuar na história local com seu nome no Centro Esportivo José Ely de Miranda Homenagem justa e merecida ao grande jogador que eterno na lembrança dos torcedores do Alvinegro da Vila Belmiro.

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