Odir Cunha, do Centro de Memória
O escanteio veio da direita, cobrado por Paulo César, e o zagueiro Luiz Alberto soube usar bem sua impulsão e o bom físico de 1,83m e 86 quilos para subir mais alto e cabecear firme, da marca do pênalti, vencendo o goleiro Kleber e abrindo o marcador contra o Fluminense. Mais do que manter a esperança de mais um título brasileiro, aquele gol entrava para a história como o de número 11 mil do maior time artilheiro do mundo.
Era a noite de 25 de setembro de 2005, um domingo, e o Santos enfrentava o Fluminense, no estádio Raulino de Oliveira, Volta Redonda, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Campeão do ano anterior, o Alvinegro brigava pela liderança e estava motivado, depois de vencer o Palmeiras por 2 a 1 na rodada anterior.
O gol de Luiz Alberto, aos seis minutos de jogo, na época não foi creditado como o 11 mil do Santos. Só mesmo uma pesquisa mais detalhada de todos os jogos e gols do Alvinegro Praiano, realizada durante o Centenário do clube, em 2012, pelos pesquisadores Guilherme Guarche e Guilherme Nascimento, constatou que foi este, e não o gol de Geilson contra o Vasco, marcado oito jogos e 13 gols depois, o tento histórico.
Como se sabe, o Santos foi o primeiro clube profissional do mundo a alcançar a marca de 11 mil gols, contagem que antes do jogo de volta contra o Dolfín, nessa quinta-feira, estava em 12 644 tentos. Seu autor, Luiz Alberto da Silva Oliveira, nasceu no Rio de Janeiro em 1º de dezembro de 1977, começou no Flamengo aos 20 anos e tinha 27 quando marcou o histórico para o Santos.
Zagueiro de boa presença na área, principalmente nas bolas altas, Luiz Alberto atuou no Alvinegro Praiano de 2005 a 2006, fazendo 76 jogos e marcando nove gols. Em toda a sua carreira profissional vestiu a camisa de 16 clubes e fez dois jogos pela Seleção Brasileira.
Quanto à partida contra o Fluminense, em 2005, o Santos chegaria a 2 a 0 aos 20 minutos, com gol do zagueiro Ávalos, mas no final acabaria perdendo por 4 a 3. O árbitro Wilson de Souza Mendonça marcaria impedimento em um gol legítimo de Basílio quando o jogo estava 3 a 3 e, num lance inacreditável, que pode ser checado no Youtube, assinalaria outro impedimento, de Frontini, que partia, livre, mais de dois metros atrás do último defensor adversário.
As arbitragens causaram muita discussão no Brasileiro de 2005, tanto que Luiz Zveiter, presidente do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), mandar repetir os onze jogos arbitrados por Edilson Pereira de Carvalho, acusado de suborno. A repetição dos jogos virou o campeonato de cabeça para baixo e favoreceu o alvinegro da capital, que acabou se tornando campeão daquele Brasileiro que na linguagem popular ficou conhecido como “Zveitão”.