Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Carioca de fibra e personalidade marcante, Urubatão Calvo Nunes, nasceu em 31 de março de 1933, uma sexta-feira, na cidade do Rio de Janeiro. Iniciou a carreira no juvenil do Bonsucesso em 1947. Demonstrou ser um defensor extremamente seguro e foi alçado ao time principal em 1951. Em 1954 representantes do Santos foram até o Rio acertar sua contratação por 500 mil cruzeiros.
Os jornais da época anunciaram que o Santos estava contratando um jovem médio que se adaptava perfeitamente a qualquer posição da retaguarda. Realmente. Zagueiro e médio-volante de contenção, tornou-se um dos principais defensores da história do Peixe. Tinha boa técnica e extrema categoria no desarme.
Estreou pelo time da Vila em 12 de fevereiro de 1954, na vitória por 3 a 2 em um amistoso contra o Guarani, na Vila Belmiro. Mas não seria fácil conseguir um lugar naquele time.
No elenco estrelado do Alvinegro, Urubatão concorria com Zito, Formiga e Ramiro. Para nenhum ficar de fora, o técnico Lula tirava proveito da versatilidade de cada um e os colocava em outra função. Urubatão por exemplo, atuou também como zagueiro, médio-direito e esquerdo, centromédio, meia-direita e esquerda.
Suas ótimas atuações o convocaram para as Seleções Paulista e Brasileira. Sua única partida com o uniforme canarinho ocorreu em 1957, no Maracanã, contra a Argentina. Nesse dia o jovem Pelé também realizava sua estreia na Seleção.
Com o Alvinegro de Vila Belmiro conquistou quatro títulos paulistas (1955, 1956, 1958 e 1960) e o Torneio Rio-São Paulo de1959. Realizou 319 partidas e marcou 29 gols pelo Santos.
Após completar 30 anos, após oito anos vestindo a camisa santista, transferiu-se para o América do México, em 1961. Antes de encerrar a carreira ainda atuou pelo Jabaquara, em 1963 e pela Ponte Preta em 1964 e 1965.
Técnico disciplinador
Ao se aposentar, iniciou carreira de técnico. Dirigiu diversas equipes pelo interior paulista, como América de São José do Rio Preto, Noroeste de Bauru, XV de Novembro de Piracicaba, Grêmio Novorizontino e Marília. Também trabalhou em outras equipes do Brasil, como Fortaleza, Goiás, Sport e Coritiba.
Como técnico, seguia sua linha enquanto atleta, e foi um grande disciplinador. Ficou marcado pela frase: “A história não lembra dos covardes”.
Na equipe santista teve a oportunidade de comandar o clube em 26 jogos, em 1977. No início da temporada levou o Alvinegro ao titulo do Torneio Hexagonal do Chile.
O valente Urubatão faleceu em Santos, no Hospital Beneficência Portuguesa, vítima de um tumor no cérebro, em 24 de setembro de 2010, aos 77 anos.