[:pb]Guilherme Guarche, Centro de Memória
No dia 13 de março de 1933, aos 42 anos, falecia em São Vicente, Urbano Villela Caldeira Filho, o maior abnegado que o Santos teve em sua história e, para que seu nome seja sempre lembrado na coletividade Alvinegra, postamos abaixo um bonito texto escrito por Adriano Neiva da Motta e Silva, o saudoso De Vaney, um dos maiores nomes do jornalismo esportivo brasileiro.
O texto de De Vaney está inserido nas páginas do Álbum de Ouro do Santos FC nº 2
“Acordava Santos F.C., passava o dia Santos F.C., e dormia Santos F.C.
Dir-se-ia, sem estar longe da verdade, que Urbano nascera para querer bem ao Santos que, afinal era sua razão de ser, o seu primordial de existir.
No aceso das lutas, quando os embates das paixões em jogo, os debates descambavam para o terreno pessoal, eis Urbano Caldeira, com aquele gesto todo seu, a bater com a palma da mão aberta, por sobre a testa, proferindo a frase emprecativa que os seus contemporâneos dela tanto se recordam ainda:
– Giba! É do Santos F.C., que aqui se trata!”
E a troca de ideias voltava, de imediato, aos trilhos alvinegros.
Não era fundador. Nem era santista.
Mas teve o Santos F.C., ao embalo amigos de seus braços, ainda recém-nascido, e adorava estas terras, como se a ela pertencesse desde que abrira os olhos para o mundo.
Tranquilidade, era-lhe traço predominante, se tranquilo vivia o Santos. Angústia era-lhe a característica, se angustiado estava o Santos.
E possuía, sem mutações, a frente de uma inesgotável energia sempre a serviço de seu ideal.
E o seu ideal só tinha um nome: Santos F.C.
O Santos F.C., estava com oito meses de existência quando Urbano Caldeira nele ingressou. Desde ali se dedicou de corpo e alma ao clube de seu coração.
Foi o “Operário nº 1” nas obras da praça de esportes. Fundou o “Tiro de Guerra do Santos F.C.”. Organizou e levou avante o campeonato da “Liga Comercial” que tantos associados propiciou ao seu clube. Pôs em ação o “Torneio Interno” um autêntico celeiro para as equipes principais.
O gramado um tapete verde não tinha um similar no Brasil inteiro, era produto de um trabalho meticuloso de Urbano Caldeira, que aproveitava, até, para benefício do plantio, as noites enluaradas.
Suas atividades construtivas, no Santos F.C., são tantas, que só em livro – e esse livro aparecera um dia – se poderiam contar.
Uma frase o sintetizava – vivia inteiro para o Santos F.C.
Seu nome se tornou um símbolo de trabalho, símbolo de bem querer, símbolo de administração, e, principalmente, símbolo de crença nos destinos do Santos F.C.
E, para glória e honra do Santos F.C., Urbano Caldeira sempre inspirou os que – tal como ele – na direção do grande clube sabem colocar acima de tudo, principalmente acima de si mesmos, os ideais alvinegros”.[:]