Urbano batizou, Robinho foi batizado

O dia 24 de março nos remete a uma reunião realizada há 86 anos, quando o nome de Urbano Caldeira foi sugerido para batizar o estádio do Santos. No mesmo dia, em 2002, o garoto Robinho, de pernas finas e ousadia sem tamanho, estreava no time profissional no Alvinegro Praiano. Vamos aos textos, pesquisados e escritos pela equipe do Centro de Memória do Santos Futebol Clube.
E nossa casa se chamará Urbano Caldeira…
Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Em reconhecimento à figura ímpar do jogador, técnico dirigente do Santos, Urbano Caldeira, a diretoria do clube decidiu, em reunião realizada em 24 de março de 1933, sexta-feira, acatar a solicitação do então diretor geral de esportes Ricardo Pinto de Oliveira e passar a chamar a praça de esportes do clube de Estádio Urbano Caldeira, em homenagem ao grande abnegado que  havia falecido no dia 13 daquele mês.
A seguir, na íntegra, na forma em que foi escrito, o histórico pedido do dirigente Ricardo Pinto de Oliveira:
Presados Colegas:
Segunda feira, 13 do corrente, fomos todos abalados profundamente com o desaparecimento prematuro do nosso consocio e grande Benemerito do nosso “Santos”, Urbano Villela Caldeira Filho.
Dizer o que foi “Urbano” dentro do nosso Club é causa desnecessaria, pois todos bem o sabem, que Urbano era o próprio “Santos”, pois a ele dedicou toda a sua vida, toda a sua inteligencia, toda a sua atividade, durante cerca de vinte anos em que viveu nesta cidade.
Foi Urbano Caldeira o sócio que durante mais tempo prestou serviços ao Club, serviços que todos sabem reconhecer de enorme relevancia.
Por isso como o seu mais antigo companheiro de lutas, dentre todos os actuais diretores, e estando ainda ocupando o cargo que por muitos e muitos anos ele ocupou com tanto brilho e inigualavel dedicação, venho cumprindo um dever de justiça e amizade, propor que entre as homenagens que a Directoria, resolva prestar a memoria de Urbano Caldeira, sejam incluidas as seguintes:
1ª) – Seja dada a nossa praça de esportes a denominação de Praça de Sports “Urbano Caldeira Filho”.
2ª) – Que o club mande erigir no portão de entrada do nosso campo uma herma com o busto desse consocio que sem favor algum foi nosso maior e mais dedicado associado e o esteio mais forte que o Santos F Club sempre encontrou para chegar ao ponto de aviantamento e progresso em que se encontra actualmente.
Um voto pois de eterna gratidão e de immorredoura saudade do nosso Urbano.
Antes de ter o nome do lendário Urbano Caldeira, o campo santista, que também é conhecido como “O Alçapão da Vila”, ou apenas “Vila Belmiro” – em alusão ao bairro que o recebeu de braços abertos em 1916 –, foi palco de exatas 289 partidas do time praiano, que venceu 178, empatou 50 e perdeu outras 61, marcando 953 e sofrendo 477 gols.
O autor do primeiro gol, já com o estádio denominado Urbano Caldeira, foi o atacante santista Laerte, na vitória por 2 a 0 em partida amistosa diante do Primeiro de Maio FC, jogada eem 6 de abril de 1933, uma quinta-feira.
Curiosidade: o dirigente Ricardo Pinto de Oliveira também foi atleta e atuou em 101 partidas pelo Santos, marcando dois gols. Ricardo era irmão de dona Didi, a bordadeira que confeccionou a primeira bandeira do então Santos Foot-Ball Club. Durante muito tempo Ricardo Pinto de Oliveira também foi o titular do Cartório do Registro de Nascimento em Santos.
Robinho estreia como profissional
Por Gabriel Santana, do Centro de Memória
Em um domingo, 24 de março do ano de 2002, um dos mais recentes ídolos da história do Santos atuava pele primeira vez com a camisa do Alvinegro Praiano. Lançado pelo técnico Celso Roth, o jovem vicentino Robson de Souza, ou apenas Robinho, de apenas 18 anos, entrava no lugar de Robert, o autor dos únicos gols do jogo na vitória sobre o Guarani, na Vila Belmiro, pelo Torneio Rio-São Paulo.
Em sua estreia, assistida por apenas 1.099 torcedores, o futuro “Rei das Pedaladas” jogou em um time formado com Fábio Costa, Valdir (depois Esquerdinha), André Luís, Odvan e Léo; Marcelo Silva, Renato, Wellington (Preto) e Robert (Robinho); Diego e Douglas.
Franzino e de canelas finas, Robinho virou titular absoluto da equipe com a chegada do técnico Emerson Leão. O treinador confiou em seu talento, e o resultado dessa aposta todos nós, santistas e o mundo do futebol, felizmente já conhecemos.
Pelo time da Vila Belmiro, Robinho foi duas vezes campeão brasileiro, em 2002 e 2004; duas vezes campeão paulista, em 2010 e 2015, e campeão da Copa do Brasil em 2010.
Ele disputou 253 partidas pelo Santos, com 111 gols marcados, o que o coloca como o segundo maior artilheiro da chamada era pós-Pelé, atrás apenas de Neymar. Já na artilharia geral do clube, Robinho ocupa a 17ª posição.

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