Medalha de prata para o Menino de Ouro

Por Victor Hugo, do Memorial das Conquistas

No dia 21 de setembro de 1967, há 66 anos, Pepe recebeu da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) o Prêmio “Belfort Duarte”; honraria desportiva concedida àqueles atletas que por dez anos, e por ao menos 200 partidas, não foram expulsos dos gramados.  

Acostumado a realizar grandes feitos, Pepe manteve sua exímia postura desportiva para muito além do requisitado para ser digno do prêmio; não sendo punido com o cartão vermelho em momento algum de sua carreira, totalizando 791 partidas sem uma expulsão sequer (751 pelo Santos e 40 pela seleção brasileira). 

Com todo o mérito, o “Canhão da Vila” conquistou, além do tradicional certificado e medalha de prata, uma carteirinha que lhe concede entrada franca em qualquer estádio do país. Não que a mesma fosse necessária para que um dos maiores jogadores da história do futebol, bicampeão do mundo por seu clube e sua seleção, e segundo maior artilheiro da história do Peixe (atrás somente do Rei Pelé), fosse bem recepcionado em algum campo mundo afora. 

O Alvinegro Praiano, reconhecido como o “Time da Técnica e Disciplina”, já contou com três diferentes personagens que conquistaram a honraria. Além de Pepe, Gylmar, o maior goleiro da história do Peixe, havia recebido o prêmio em 1966, no ano anterior; e em 1955, o também ex goleiro Carlos José Castilho, que veio a se tornar o treinador do Santos na conquista do título paulista de 1984, havia recebido a premiação no ano de 1955. 

O prêmio que congratula os de maior conduta esportiva, recebe o nome e homenageia João Evangelista Belfort Duarte, um dos mais importantes personagens na história do futebol nacional. Foi quem primeiro traduziu as regras do esporte para a língua portuguesa, quem formou a primeira equipe apenas com jogadores brasileiros (Mackenzie College), foi pioneiro no ritual de saudar seus torcedores ao entrar em campo, dentre outras inovações. 

Contudo, seu legado se estende para além da implantação do futebol no Brasil. Belfort era também, reconhecidamente, um defensor de extrema honestidade e lealdade ao jogo e aos adversários. Sempre que cometia faltas, era o primeiro a levantar a mão e reconhecer ao árbitro que cometeu uma infração. 

Assim como Belfort Duarte, José Macia foi e segue sendo um dos mais respeitados atletas de nosso país, não apenas pela qualidade técnica e títulos vencidos pelo eterno ponta esquerda santista, mas também por sua disciplina que sempre o destacou dos demais. 

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