Por: Odir Cunha
Tudo começou quando Rafaella Kalimann, da ONG Missão África, fotografou um menino de seis anos da comunidade Nhahminjale, em Moçambique. Sorriso tímido, bola de trapos nas mãos, o garoto, chamado João Chico, usava uma camisa surrada, com o distintivo do Santos, sua preferida entre a montanha de roupas doadas à sua comunidade.
O detalhe não passou despercebido a Milton Barbieri, gerente de projetos especiais, o responsável pela vinda, em junho, de Braydon Bent, aquele garoto inglês que torce para o Manchester City e também para o Alvinegro Praiano. Imediatamente Barbieri contatou a Missão África e logo o marketing do clube também se envolveu no processo. Dessa vez, porém, era o Santos que iria até o seu pequeno torcedor além-mar.
Em 3 de novembro, com quase 40 mil reais arrecadados nos jogos contra Palmeiras e Flamengo (cada torcedor doou um real para a organização), a delegação Missão África/ Santos partiu para Moçambique, onde, entre outras atividades, visitaram João Chico em sua comunidade. Com Barbieri viajaram os ídolos Lima e Edu, além de Bruno Santoni e Jefferson Ferraz, da Santos TV. Uma equipe com quatro profissionais da TV Globo também se juntou ao grupo e produziu matéria especial para o programa Esporte Espetacular.
Para Barbieri, a participação do Santos na Missão África “deve ser observada de suas formas: Como divulgadora da marca e como ação social. Em ambos os casos por meio do futebol, e aí o Santos marcou um gol de placa.”
A verba doada pelo clube serviu, principalmente, para a recuperação de escolas e a aquisição de materiais de primeira necessidade. Os uniformes completos do Santos – camisas, calções e meias -, destinados a garotos de várias idades, foram muito apreciados:
“O orgulho deles era visível e mais uma vez lá estava a marca Santos F.C. brilhando no peito e na alma dos jovens Moçambicanos”, diz Barbieri.
Ao saber da presença de representantes do Santos na região, a direção do Ferroviário, clube da primeira liga de Moçambique, da Cidade de Beira, recebeu os santistas, presenteou-os com camisas do clube e mostrou interesse de realizar um amistoso com nossa equipe de aspirantes. Enfim, a participação do Santos ajudou a valorizar e divulgar essa etapa da Missão África.
“Eles fazem um trabalho sério. São médicos, enfermeiros, nutricionistas, estudantes que deixam suas casas, famílias e afazeres para ajudar os mais necessitados. Lembrando que por lá não há conforto para dormir, alimentar e se deslocar… além da exposição ao risco eminente de contrair malária. Detalhe: Cada um paga do próprio bolso as passagens e todas as despesas”, acrescenta Barbieri.
A próxima viagem da Missão África e a oportunidade de rever João Chico, agora contemplado com muitas camisas novas do Santos, será em fevereiro. O gerente de novos negócios acha que se poderá pensar em mais ações.
“A repercussão local também foi excelente. Nos sentimos abraçados e recompensados. Ver torcedores de outros clubes reverenciando o Glorioso e fazendo juras de amor, não tem preço!”, arremata Barbieri.
A camisa de João Chico no Memorial
A velha camisa de João Chico, o garoto moçambicano que adotou o distintivo do Santos como símbolo de alegria e esperança, é agora uma das atrações do Memorial das Conquistas do Santos. Não deixe de visitá-la.
(Foto: Bruno Santoni)