Uma conquista com gol do artilheiro Serginho Chulapa

Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória 

Um ano abençoado para o Santos foi sem dúvida o ano de 1984, pois nesse ano o time peixeiro voltou a vencer o Campeonato Paulista pela décima quinta vez em sua centenária história, tendo conquistado também o Torneio Início nesse mesmo ano. 

O certame estadual que voltava a ter pontos corridos em sua disputa teve seu encerramento no dia 2 de dezembro de 1984,no Estádio do Morumbi contra a equipe do Corinthians, vencido pelo Santos pelo placar de 1 a 0, com Serginho Chulapa marcando o gol da vitória, perante um público de 111 345 pagantes que assistiram naquele domingo a conquista incontestável do onze praiano na capital paulista. 

O alvinegro da capital paulista tinha um ambiente peculiar, pois jogava em sua cidade, considerado favorito pela maior parte dos jornalistas esportivos. O Santos nas rodadas finais vinha perdendo folego e nos últimos oito jogos tinha empatado cinco coincidentemente todos pelo placar de 0 a 0. 

O público presente no estádio do time do São Paulo naquele distante domingo viu o time peixeiro levar para a Vila Belmiro a pesada taça semelhante a conquistada pela última vez em 1978, com o time dos Meninos da Vila. 

O time campeão formou com Rodolfo Rodriguez, Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto Sorriso); Dema, Paulo Isidoro e Humberto; Lino, Serginho Chulapa e Zé Sérgio (Mario Sérgio). 

O técnico era o saudoso Carlos José Castilho, que foi um dos melhores goleiros que atuou no futebol carioca, segundo declarou o ex-jogador santista, o meia Humberto, que foi campeão paulista com ele em 1984: “Castilho foi o melhor técnico que eu conheci e trabalhei, foi uma pena o futebol ter ficado se ele”. 

Carlos Castilho faleceu no ano de 1987. E como treinador do time santista, Castilho dirigiu a equipe em 126 oportunidades no período de 1984 a 1986 conquistando 58 vitórias, 39 empates e 29 derrotas com o time marcando 170 e sofrendo 111 gols. 

Os artilheiros do Alvinegro na memorável e inesquecível conquista do título paulista foram: Serginho Chulapa (16), Lino (07), Humberto (5), Márcio (5), Gersinho (4), Zé Sérgio (3), Paulo Isidoro (3), Ronaldo (3), Pedro Paulo (1), Mário Sérgio (1), Toninho Carlos (1), Fernando (1) e marcaram contra a favor do Santos, Wagner, Gotardo, Jorge e Luiz Pereira todos com 1 gol cada.

Serginho Chulapa foi o artilheiro máximo do campeonato com os 16 gols marcados. Antes dele o último jogador santista a ocupar o posto de goleador do Campeonato Paulista tinha sido o também centroavante Juary, no ano de 1978 com 29 tentos, depois de Serginho Chulapa o posto de goleador máximo pela equipe santista foi ocupado por Giovanni em 1996 com 24 gols, Elano que no ano de 2011 marcou 11 gols, Neymar que marcou 20 gols no ano de 2012, Cícero que marcou 09 gols no ano de 2014, Ricardo Oliveira que marcou 11 gols em 2015 e por último Jean Mota que marcou 7 gols em 2019. 

Até aquela decisão o Alvinegro Praiano tinha conquistado 14 títulos todos conquistados na era profissional do futebol, e já tinha sido duas vezes tricampeão estadual (1960/61/62 e 1967/68/69).

A partida tinha muitos destaques, como o goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez, contratado no início daquele ano, o meio campo Paulo Isidoro e o atacante Serginho Chulapa que vivia um de seus melhores momentos com a camisa do Peixe.  

O Santos contava, ainda, com outros jogadores que já tinham servido à Seleção Brasileira, caso dos zagueiros Márcio e Toninho Carlos, do volante Dema e do ponta-esquerda Zé Sérgio.

O gol do título marcado pelo ídolo Serginho Chulapa 

Aos 27 minutos da etapa complementar Humberto abriu outra bola longa para o ponteiro. Zé Sérgio que avançou, cortou, ficou frente a frente com o zagueiro Juninho e de repente tocou a sua esquerda, buscando Humberto. O meia conseguiu cruzar, rasteiro, antes do calço de Juninho. A bola passou por todos, até pelo goleiro Carlos, que pulou atrasado, e ficou à mercê de Serginho, que só tocou para o gol, de esquerda, e já correu para festejar com a imensa torcida santista e com seus companheiros.

O gol, o único da decisão, tornou Serginho o artilheiro do Campeonato, com 16 gols, empatado com Chiquinho, do Botafogo de Ribeirão Preto. Além de segundo ataque mais positivo, com 54 gols, o Santos teve a defesa menos vazada, com apenas 19 gols, e o melhor saldo positivo, 35 gols. Enfim, um título justíssimo.

Justiça seja feita ao meio-campista Carlos Humberto Suzigan, nascido no dia 3 de agosto de 1956 em Mogi Guaçu no interior paulista e que disputou um produtivo certame pelo Peixe e foi um dos mais importantes jogadores na conquista do título estadual. 

Humberto antes da partida decisiva ainda na concentração santista conversando com o goleiro Rodolfo Rodriguez ouviu do uruguaio uma frase que nunca mais esqueceu: “Ele falou para eu ficar tranquilo que atrás não passaria nada. Como jogávamos pelo empate, se Rodolfo realmente estivesse certo em sua previsão, ganharíamos o título”. 

O eficiente meio campista jogou no Peixe entre os anos de 1984 e 1985, 96 partidas e marcou 11 gols e além de ser campeão paulista foi também campeão da Copa Kirin em 1985. 

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