Por: Odir Cunha
Todo santista do planeta Terra sabe que o jogo deste sábado, às 16 horas, contra o Sport, na Vila Belmiro, vale muito. Se vencer, o Glorioso Alvinegro Praiano ultrapassa o adversário, sai da zona de rebaixamento e começar a subir na tabela.
Acabei de consultar Horácio Lopes, responsável pelo setor de arrecadação do Santos, e nesta quinta-feira ao meio-dia em que escrevo fiquei sabendo que 6.400 ingressos já foram vendidos para o jogão. No alto de sua experiência, Horário diz que teremos mais de 10 mil pessoas apaixonadas no Urbano Caldeira. Maravilha. Está mais do que na hora de abraçar o time. Algo me diz que este ano ainda teremos muitas alegrias.
Quanto ao Sport, o Santos não teve jogos decisivos contra esse rubro-negro pernambucano. Só me lembrei das quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1998, em que o Santos perdeu a primeira partida em Recife e depois ganhou duas seguidas na Vila para passar à semifinal quando, para variar, foi prejudicado pela arbitragem no confronto com o alvinegro paulistano. Esse confronto com o Sport será relembrado abaixo em um artigo do historiador santista Guilherme Gomez Guarche.
Segundo o nosso Centro de Memória, até agora Santos e Sport se enfrentaram em 45 oportunidades, sendo 38 partidas pelo Campeonato Brasileiro, cinco em amistosos e duas pela Copa do Brasil. O Santos obteve 19 vitórias, 15 empates e foi derrotado 11 vezes, marcando 67 gols e sofrendo 48.
Apenas pelo Campeonato Brasileiro foram 38 jogos, com 16 vitórias, 12 empates e 10 derrotas, 55 gols marcados e 38 sofridos.
Se selecionarmos apenas os duelos realizados na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro, veremos que em 16 jogos o Santos venceu 10, empatou seis e só perdeu um, no ano passado. Nesses confrontos o Alvinegro marcou 28 gols e sofreu nove.
Principais artilheiros santistas do confronto
1 – Coutinho, 5 gols.
2 – Gabriel e Guga, 4 gols.
4 – Kléber Pereira e Viola, 3 gols.
No primeiro jogo, sete gols!
O amigo Guarche nos informa que os dois times se enfrentaram pela primeira vez em 30 de dezembro de 1941, uma terça-feira, em um amistoso na Vila Belmiro, e o Santos, com dois gols de Carabina, um de Antoninho e um de Ruy, venceu por 4 a 3. Os três gols do Sport foram de João Silva, apelidado Pirombá, que também jogou pelo Santos no período de 1943/44 e depois em 1946/1947, marcando 36 gols em sua carreira no Peixe.
Naquele dia o Santos jogou com José, Neves e Ayala; Figueira, Elesbão e Grardim; Armandinho, Zoca, Carabina, Antoninho e Ruy. Técnico: Dario Letona. O Sport utilizou Manezinho, Rubens e Zago; Pitola, Furlan e Bibi; Novomanuel, Ademir, Pirombá, Magri e Djalma.
Não tinha o VAR, mas tinha o Luciano do Valle
Por Guilherme Gomez Guarche
O VAR, sigla em inglês de video assistant refereeou árbitro assistente de vídeo, ainda não tinha sido inventado nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1998, quando Santos e Sport se enfrentaram. Como se sabe, esse recurso tecnológico só foi utilizado oficialmente no Brasil no dia primeiro deste mês de agosto, quando Santos e Cruzeiro se enfrentaram na Vila Belmiro pela Copa do Brasil.
Se ele já existisse no dia 21 de novembro de 1998, quando Santos e Sport se enfrentaram na Vila Belmiro, certamente resolveria em pouco tempo a confusão criada pelo que seria o terceiro gol santista, marcado por Eduardo Marques.
O Peixe precisava vencer para seguir adiante no campeonato, já que na primeira partida, disputada em Recife, o “Leão da Ilha” saira vencedor por 3 a 1. Em Santos, o Alvinegro vencia por 2 a 1 quando surgiu o lance que originou uma tremenda confusão e revoltou a fanática torcida santista presente no Urbano Caldeira. Na jogada, o meia santista acertou um forte tiro da intermediária e a bola entrou no gol pelo lado de fora, furando a rede do arco defendido pelo goleiro Bosco e indo se alinhar mansamente no fundo da meta do Sport.
O árbitro Jorge Travassos confirmou o gol, só que o quarto árbitro, Sálvio Spínola, alertou Travassos de que o lance houvera sido irregular, pois a bola entrara por fora: “Eu tinha a informação a olho nu, não vi na tecnologia, e fui avisar o Jorge Travassos de que ele realmente tinha que anular o gol. E ele anulou corretamente”, recordou Sálvio, hoje comentarista de arbitragem do canal ESPN. Sálvio se lembra também de que o repórter da TV Bandeirantes, Fernando Fernandes, foi muito xingado pelos torcedores do Santos, pois estes creditavam a ele a mudança da decisão do árbitro.
O repórter da Band explicou depois que a dúvida foi tirada pelo narrador, o saudoso Luciano do Valle, e não por ele, que nem assistira ao lance na tevê. Foi o dirigente santista Marco Aurélio Cunha quem retirou com segurança o competente repórter do gramado, já que a revoltada torcida santista queria “fazer justiça” com as próprias mãos.
O Santos venceu a partida por 2 a 1, com gols de Eduardo Marques e Robson Luis. Dirigido pelo técnico Émerson Leão, o time jogou com Zetti, Baiano, Sandro, Argel e Athirson; Marcos Bazílio, Narciso, Eduardo Marques e Robson Luis; Alessandro (Messias) e Viola.
O resultado positivo do time praiano determinou a realização de uma terceira partida, novamente na Vila Belmiro, para definir qual das equipes iria para as semifinais do Brasileiro, e o Peixe voltou a vencer o time nordestino, dessa vez por 3 a 0. Na semifinal, o Alvinegro acabou eliminado pelo sistema de goal average, diante do seu arquirrival da capital paulista.