Um clássico sem preconceito

Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Guilherme Guarche
O clássico deste sábado, às 17 horas, em São Januário, reúne os primeiros times grandes do Brasil a adotar negros em suas fileiras. O futebol ainda era um esporte inglês praticado pela elite quando o Santos, fundado por filhos de abolicionistas, e o Vasco já tinham negros e pobres em suas fileiras. Provavelmente por isso o Alvinegro Praiano tenha sido convidado para o solene jogo inaugural de São Januário, em 1927, quando se enfrentaram pela primeira vez. Agora farão o jogo número 125 dessa longa história sem preconceito.
Longa e equilibrada, pois das 124 partidas o Santos venceu 43, perdeu 44 e empatou 37, marcou 199 gols e sofreu 188.
Pelo Campeonato Brasileiro foram 68 jogos, com vantagem santista de 25 vitórias, 20 derrotas e 23 empates; 96 gols a favor e 86 contra.
Computados apenas os 17 jogos pelo Brasileiro disputados em São Januário, temos quatro vitórias do Santos, oito do Vasco e cinco empates; 16 gols alvinegros da Vila e 29 do alvinegro carioca.
Esses números indicam que, exclusivamente pelo retrospecto histórico, o Santos teria 23% de possibilidade de vencer a partida de sábado, e 30% de obter o empate. Sabe-se, porém, que o futebol costuma ser avesso aos prognósticos estatísticos.
Nada indicava, por exemplo, que aquele time de garotos, ainda sem nenhuma vitória fora de casa no Campeonato Brasileiro de 2002, suplantaria o aguerrido Vasco, comandado pelo experiente sérvio Dejan Petković, naquela noite de quarta-feira, 18 de setembro.
Destemidos, os meninos comandados por Émerson Leão não titubearam diante da equipe de Antonio Lopes. Elano, então com 21 anos, aproveitou um bom lançamento para penetrar e abrir o marcador aos seis minutos. Souza empatou aos 17, mas o zagueiro Alex, 20 anos, marcou de cabeça aos 18 minutos do segundo tempo para definir uma vitória fundamental na dura jornada rumo ao heroico título brasileiro.
Em 2002 o Santos tinha… um raio? Não, uma estrela chamada Robinho. Assim como antes tivera Pelé, Coutinho, Serginho, Juary… e depois ainda teria Neymar, Rodrygo… Dizer que somos um time sem preconceito é pouco. Nós amamos nossos ídolos negros, assim como também amamos Arnaldo, Millon, Araken, Feitiço, Antoninho, Pepe, Zito, Clodoaldo… Na verdade, nosso coração é e só poderia ser alvinegro.
Artilheiros santistas do confronto em jogos do Brasileiro
1 – Pelé e Toninho Guerreiro, 5 gols.
3 – Edu, Geílson, Gabriel, Guga, Kléber Pereira e Paulinho Mclarem, 3 gols.

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