Guilherme Guarche e Gabriel Santana
Riquíssima como ela só, a história do Santos reserva lembranças importantes para cada um dos dias do ano. Você sabia, por exemplo, que em um 19 de fevereiro de 1961, Pelé, mesmo machucado, teve de entrar em campo para satisfazer o anseio de 50 mil torcedores no estádio de Jalisco, no México, e dez anos antes, em 1951, nascia em Araras, interior de São Paulo, o mestre das cobranças de falta e de lançamentos medidos, Ailton Lira.
O caso com Pelé ocorreu na abertura do Torneio Pentagonal de Guadalajara, quando o Santos vencia o Guadalajara opor 6 a 2 e a torcida começou a pedir insistentemente a presença do Rei do Futebol. Até ali, com dois gols de Pepe e um de Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pagão, o Santos do técnico Lula dava um show, jogando com Laércio, Dalmo, Mauro (depois Ney) e Zé Carlos; Fioti e Zito (Formiga); Dorval (Sormani), Mengálvio, Coutinho, Pagão (Pelé) e Pepe (Tite).
Machucado, Pelé assistia ao jogo do banco de reservas, poupado por Lula. Porém, quando o estádio, em uníssono, passou a gritar o nome do Rei, o técnico santista, temendo pela segurança da delegação, tirou Pagão para a entrada de Pelé, mas com muitas recomendações para que este evitasse jogadas perigosas. Assim, o público mexicano, eufórico, pôde admirar o melhor jogador de todos os tempos, mesmo contundido.
Curiosidade: Durante a estada santista no México, Pelé e mais alguns jogadores do Santos participaram de cenas do longa-metragem “Mundo de Noche”, da empresa italiana Júlia Films, rodado no Estádio da Cidade Universitária. Cada jogador que participou da gravação recebeu o cachê de 20 mil cruzeiros. As cenas mostraram um lance de gol do Rei Pelé.
Lira, um dos últimos grandes meias
Em 19 de fevereiro de 1951, uma segunda-feira, nascia na interiorana Araras, em São Paulo, Aílton Lira da Silva, um meia armador que vestiu e honrou a camisa 10 do Santos Futebol Clube, principalmente quando fez parte do time que ficou conhecido como “Meninos da Vila”, campeão paulista de 1978.
Contratado em 1976, quando atuava pela Caldense, de Poços de Caldas, Lira veio para o Santos de contrapeso, pois o jogador que o Alvinegro Praiano queria contratar era o zagueiro Neto, da mesma Caldense. No final das contas, Neto e Ailton Lira vieram e se tornaram titulares, mas a categoria de Lira sobressaiu.
Sua estreia no Santos ocorreu em 15 de agosto de 1976, na vitória por 2 a 1 sobre XV de Novembro de Jaú, no estádio Zezinho Magalhães, em partida amistosa comemorativa do aniversário da cidade de Jaú.
Naquele domingo Toinzinho e Tuca marcaram para o Santos, que foi escalado pelo técnico Zé Duarte com Wilson Quiqueto, Tuca, Vicente, Bianchi e Fernando; Carlos Roberto e Ailton Lira; Manuel Maria (Claudinho), Tata (Babá), Toinzinho e Edu.
Exímio cobrador de faltas e pênaltis, além de lançador admirável, Ailton Lira faz parte de uma classe de meias que não se vê mais no futebol. No Santos de 1976 a 1979, aqui jogou 149 partidas e marcou 39 gols. Hoje vive em Araras e trabalha com jovens em escolinhas de futebol da cidade.