Toninho faz gol 6000 no campeão da Libertadores

Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Com uma atuação extraordinária no segundo tempo, o Santos goleou o Independiente, da Argentina, por 4 a 0, na noite de terça-feira, 23 de fevereiro de 1965, em Caracas, e conquistou o torneio Quadrangular de Caracas, realizado em homenagem aos 400 anos de fundação da capital venezuelana. Dois detalhes tornaram essa goleada ainda mais relevante: o Independiente era o campeão da Libertadores e, nessa partida ,Toninho Guerreiro fez o gol 6000 da invejável história santista.
Além disso, o jogo era um tira-teima. No ano anterior, desfalcado de vários titulares, entre eles Pelé, o Santos havia sido eliminado pelo Independiente nas semifinais da Libertadores. Na final do torneio de Caracas, o bicampeão da Libertadores de 1963/63 e o campeão de 1964 se enfrentaram em um esperado clássico das Américas.
O torneio era especial para a Venezuela. Sua capital, Caracas, comemorava o quadricentenário de sua fundação. O futebol se popularizava no país e a chance de ver o confronto final entre o Santos de Pelé e o Independiente do atacante Rodríguez atraiu 41 000 pessoas ao Estádio Olímpico da Cidade Universitária, alcançando renda recorde de 560 mil bolívares, o equivalente a 240 milhões de cruzeiros da época.
O primeiro tempo terminou sem gols. No segundo, logo aos quatro minutos, veio o lance histórico. Toninho Guerreiro recebeu a bola próximo à meta adversária, deu meia volta e arrematou para o fundo das redes do goleiro Santoro, marcando o gol 6000 da história santista.
O quadro brasileiro continuou atacando intensamente e aos 10 minutos o mesmo Toninho aumentou a contagem com um chute forte. Pelé, que no primeiro tempo fora ruidosamente aplaudido por suas grandes jogadas, marcou o terceiro aos 17 minutos, detendo a bola no peito para em seguida arrematar para o gol. Aos 85, Pelé completou a contagem, golpeando de cabeça uma bola cruzada por Dorval.
Sob intensos aplausos, Pelé deixou o campo aos 41 minutos, substituído por Gilberto. O Santos manteve o marcador até o apito final do árbitro venezuelano Hector Osorio. A goleada colocava o campeão da Libertadores aos pés do Alvinegro Praiano. O Santos conquistava mais um campeonato e, de quebra, um recorde. Toninho, o quarto maior artilheiro do clube, com 279 gols, somaria a façanha de ter feito o gol 6000 do Sa ntos &ag rave; sua pródiga carreira.
Nessa noite o técnico Lula escalou o melhor time das Américas com Gylmar, Lima, Joel, Olavo e Geraldino; Zito, Mengálvio (Ismael) e Pelé (Gilberto); Dorval, Toninho e Pepe (Peixinho).
O Independiente jogou com Santoro, Pavone (Suarez) e Navarro; Ferrero, Gusman e Paflik; Savoy, Mura (Acevedo), Suarez (Rodriguez), De La Mata e Bernao (Gruzien).
A presença de Cantinflas
Na estreia do torneio o Santos venceu a equipe do Deportivo Caracas por 3 a 1, com dois gols de Pelé e um de Geraldino. O detalhes é que o pontapé desse encontro foi dado pelo famoso ator mexicano Mário Moreno, mais conhecido como “Cantinflas”, um velho amigo dos santistas nessas viagens pelas Américas.

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