Por Pedro Mendes, do Memorial das Conquistas
O dia 4 de agosto de 2010 não foi uma quarta-feira qualquer para o torcedor santista. Há exatos 12 anos, o Peixe venceu o único torneio nacional que ainda não tinha em sua história, a emocionante Copa do Brasil.
Após 12 edições, o Santos encantou o país com uma máquina de gols e um time de garotos que brincavam de jogar futebol. Apresentações dignas de pagar o ingresso duas vezes fizeram com que esse time de Neymar, Robinho e Ganso ficasse marcado como um dos melhores da história do futebol brasileiro.
Além disso, o título classificou o Alvinegro para a Taça Libertadores de 2011, onde o Santos venceria pela terceira vez a competição sul-americana.
A CAMPANHA
A Copa do Brasil reuniu 64 equipes de todos os estados e Distrito Federal, e foi disputado no sistema eliminatório, com cinco fases até chegar à decisão.
Na primeira fase o Peixe enfrentou a equipe do Naviraiense/MS. No regulamento das duas primeiras fases da competição, o time visitante se classificava direto caso vencesse por mais de dois gols de diferença o jogo da ida.
No primeiro jogo, em Naviraí, o time da casa se segurou e o placar terminou em 1 a 0 para o Alvinegro Praiano, dando sobrevida ao time mato-grossense. Mas na Vila Belmiro, o Santos mostrou ao que veio e aplicou uma das maiores goleadas da história da Copa do Brasil, um 10 a 0 que certamente ficará marcado na cabeça de todo torcedor santista que assistiu ao jogo.
Na segunda fase, show de Neymar com dois gols e duas assistências, e classificação garantida logo no jogo de ida, após uma goleada por 4 a 0 sobre o Remo, em Belém do Pará.
Nas oitavas, o Santos enfrentou o Guarani e deu mais um show no Templo Sagrado da Vila Belmiro. Venceu a primeira partida por incríveis 8 a 1, com direito a cinco gols do Menino da Vila Neymar. O Peixe fazia arte na Vila jogando futebol com alegria e irreverência. No jogo da volta, em Campinas, vitória do time da casa por 3 a 2, mas que nada adiantou no placar agregado.
Chegando às quartas de final, o Santos teve pela frente a forte equipe do Atlético Mineiro. Na primeira partida, disputada no Mineirão, o Galo venceu por 3 a 2 e levou a vantagem do empate para o jogo da volta na Vila Belmiro. Jogando em casa, os Meninos da Vila se impuseram e com gols de André, Neymar e Wesley, o Santos venceu por 3 a 1 e despachou os mineiros, rumo à semifinal.
O adversário da semifinal foi o Grêmio, novamente com a partida da ida fora de casa. No Sul, um belo jogo, cheio de gols, deu vantagem para os gaúchos após virada no segundo tempo e placar em 4 a 3.
Com o apoio de quase 14 mil torcedores, o Peixe precisou de paciência para abrir o placar no início do segundo tempo com um golaço de fora da área de Ganso. Aos 25 minutos, Robinho recebeu belo passe de André e finalizou com classe, encobrindo o goleiro Victor e colocando o Alvinegro em vantagem. Cinco minutos depois, o Grêmio respondeu, e após bola cruzada na área, Rafael Marques diminuiu.
Faltando cinco minutos para o fim do jogo, Wesley fez o gol que garantiu o Peixe na grande final. Em um contra-ataque fulminante, o meia recebeu na linha central do campo, aplicou uma meia lua no defensor gremista, driblou o goleiro e fez mais um lindo gol para fechar mais uma noite mágica de Copa do Brasil no estádio Urbano Caldeira.
A DECISÃO
Na grande final, o Santos enfrentou a equipe baiana do Vitória. E, diferente das outras fases, o primeiro jogo aconteceria em casa e a decisão seria no estádio Barradão, em Salvador.
Na primeira partida, a torcida do Peixe deu um show na Vila Belmiro lotada e pouco mais de 14 mil torcedores assistiram ao Neymar abrir o placar aos 14 minutos de jogo, após cruzamento de Pará pela direita. O Menino Da Vila foi oportunista, se desvencilhou da marcação, desviou e venceu o goleiro.
Depois do gol o Peixe continuou em cima, tentou por diversas vezes ao longo da primeira etapa, mas acabou não conseguindo ampliar o placar. No segundo tempo, o Santos acuou ainda mais o Vitória em seu campo defensivo, teve diversas oportunidades de marcar, mas o gol insistia em não sair. Aos 27 minutos, Neymar invadiu a área, deixou o defensor adversário desnorteado, acabou derrubado e o pênalti foi marcado pelo juiz Leonardo Gaciba. Na cobrança, ele mesmo bateu e desperdiçou após cavadinha defendida por Lee.
Os torcedores sabiam que o placar mínimo era uma vantagem muito pequena para o jogo da volta e continuaram a apoiar e incentivar o time em busca do segundo gol. Assim como na semifinal, o gol saiu faltando cinco minutos para o fim do jogo. Marquinhos bateu uma falta magistral no cantinho, selando o placar por 2 a 0 no primeiro jogo da grande final.
Na partida decisiva, o Peixe até poderia perder por um gol de diferença que levaria o título, e assim aconteceu. Num Barradão lotado com 34 111 pagantes, o Santos entrou em campo com Rafael, Pará, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Ganso; Neymar (Marcel), Robinho (Rodriguinho) e André (Marquinhos).
O time da casa fez questão de pressionar desde o primeiro minuto de jogo, mas quem abriu o placar foi o Santos. No final do primeiro tempo, Neymar acertou um cruzamento na cabeça de Edu Dracena, que cabeceou para o fundo das redes, aumentando a vantagem santista.
Na segunda etapa, a pressão do time baiano fez efeito e com 12 minutos, Wallace empatou a partida. O Peixe tentava aumentar ainda mais a boa vantagem que tinha, mas foi surpreendido com a virada do Vitória aos 32 minutos da etapa final.
O time baiano ainda tentou pressionar na reta final, mas de nada adiantou, fim de jogo e título inédito para o Santos.
A Geração de Meninos da Vila foi coroada com uma conquista nacional, que ainda possibilitaria o Peixe voltar a disputar a Libertadores do ano seguinte, também vencida pelo time de Neymar e Cia.