Quando chegou ao Santos FC, o atacante colombiano Steven Mendoza fez questão de ressaltar que era rápido, mas também habilidoso e mostrou as suas características no gol da vitória sobre o Grêmio no domingo passado, para a torcida vibrar na Vila Belmiro. Com um contra-ataque veloz pela direita, aos 44 minutos do segundo tempo, fez um passe espetacular de “3 dedos” para Soteldo, dar a assistência para Furch marcar.
Mais do esse lance decisivo, Mendoza fez valer o apelido “Speed”, ganho no futebol brasileiro, alcançando incríveis 36,1 km/h num arranque aos 28 minutos do segundo tempo, marca aferida pelo GPS que usou durante a partida, no trabalho feito pelo Departamento de Fisiologia do Clube. Uma velocidade que o coloca entre os 15 mais rápidos do Mundo, segundo o site speedsdb, especializado em velocidade de atletas, à frente de nomes como Vinicius Jr. Cristiano Ronaldo, Harry Kane e Haaland.
Já no ataque final, que resultou no segundo gol do Santos, Speed chegou a 33,2 km/h, com a bola nos pés e olhando os companheiros para o passe. Soteldo alcançou 30,5 km/h e Furch, 30,3 km/h. Um contra-ataque fulminante. Mesmo diante dos números e sabendo que isso o destaca, Mendoza sempre faz questão de explicar que une a explosão da corrida com habilidade e o pensamento nas jogadas acompanha a velocidade nas pernas.
“Sempre fui veloz, desde a base. É algo meu. E falo que minha principal característica é ser um jogador rápido e habilidoso. Mesmo na velocidade eu consigo driblar, fazer gols, assistências. Mesmo na velocidade muito alta, penso o jogo e isso cria vantagem”, explica o jogador, que costuma chamar os amigos de Máquina ao cumprimentá-los.
E foi assim no lance de “3 dedos”, enaltecendo a sua qualidade com a bola. “Pensei exatamente no passe. Já tive outros lances parecidos. O pessoal fica focado só na minha velocidade e esquece que sou jogador técnico e bom (risos). Brinco, que não é só velocidade”, argumenta o atacante.
Apesar de sua velocidade, Mendoza nunca pensou em fazer atletismo na infância. “Sempre foi futebol. Fiz atletismo no colégio como parte do esporte e sempre me destacava. Tinha resistência e velocidade. Fui bom, mas meu negócio era o futebol”, conta.
Já sobre o novo recorde pessoal, resume bem seu feito. “Já estava cansado, mas é algo incorporado em mim. É meu!”. E animado com a evolução, revela um segredo estabelecido. “Falo com o pessoal da fisiologia que dá para melhorar. É algo nosso, mas vou contar, a nossa meta esse ano é 37 por hora”, anuncia.
O fisiologista do futebol profissional do Peixe, Guilherme Coimbra, destaca que Mendoza tem a mecânica de velocista, mas com a passada curta. “Tem muita explosão na fase inicial do sprint, com uma aceleração acima da média, levando vantagem nos primeiros 10-15 metros do movimento”, diz o profissional mostrando que outros atletas também estão alcançando marcas expressivas.
Na lista dos top 4 do Santos este ano também aparecem o lateral João Lucas e o zagueiro Joaquim, ambos com 35,5 km/h e o atacante Marcos Leonardo, com 34,60, segundo dados do Departamento de Fisiologia do Clube. “A velocidade do Mendoza foi excelente. As duas marcas foram na parte final do jogo, apesar do alto desgaste durante a partida”, conclui o fisiologista. Agora é torcer para Mendoza seguir justificando seu apelido, seguir correndo muito e mais ainda, fazendo belas jogadas.
