Sem novidades: FIFA reconhece Santos FC como bicampeão do Mundo em 1962 e 1963

“Eu já sabia!”. É desta forma que o Santos FC, e toda nação santista, receberam a confirmação da FIFA sobre o reconhecimento do Alvinegro Praiano como Bicampeão Mundial Interclubes (62/63). A decisão no Conselho da Fifa foi unânime. A geração de Pelé, Coutinho, Pepe, Mengálvio, Dorval, Lima e tantos outros, é considerada uma das melhores equipes que o mundo já viu jogar.
O craque Coutinho, quando perguntado sobre o assunto, manifestou seu posicionamento, justificando que com amor e alegria o time faturou estas conquistas dentro dos gramados.
“É uma justiça muito grande o que a FIFA fez com o Santos, porém foi apenas uma comprovação daquilo que todo mundo já sabia. A prova foi dentro de campo, conquistada com muito amor e alegria”, disse Coutinho.
O eterno Canhão da Vila, Pepe, que, assim como Coutinho, na final de 1962,  também deixou sua marca na goleada por 5 a 2 contra o Benfica, e fala com carinho sobre os títulos mais importantes da história santista. “São momentos inesquecíveis da nossa história. Nós tínhamos um time incrível, quase imbatível. Tudo foi construído com muita honra e hombridade dentro do campo.”.

Confira um pouco da história dos dois títulos mundiais do Santos FC
1962
No dia 11/10/1962, “ A Voz do Brasil”, programa radiofônico estatal mudava o seu tradicional horário de execução, pela primeira vez desde sua criação, que era da 7 às 8 da noite para que o torcedor brasileiro pudesse escutar a grande conquista do Santos Futebol Clube que jogava justamente nesse horário em Lisboa, no Estádio da Luz em Portugal diante do Sport Lisboa e Benfica e ganhava pela primeira vez o Campeonato Mundial Interclubes ao vencer os “Encarnados” pelo placar de 5 a 2 com gols de Pelé (3), Coutinho e Pepe um gol cada formando o Peixe campeão com: Gilmar; Olavo, Mauro e Dalmo; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. O time que era dirigido por Luiz Alonso, o Lula que decidiu nessa partida final retirar da equipe o meia Mengálvio e colocar o coringa Lima em seu lugar e no lugar de Lima ele colocou o lateral-direito Olavo para surpresa de todos, sendo feliz nessas alterações de última hora.
Na primeira partida da decisão no Brasil, no Estádio do Maracanã o Peixe venceu por 3 a 2 com gols de Pelé (2) e Coutinho um gol. Segundo a imprensa esportiva, diretores, associados e torcedores do Alvinegro que estiveram no Estádio da Luz, essa foi a melhor apresentação do time santista em toda a sua centenária existência, uma aula de futebol, um primor de exibição digna de entrar nos anais da história do futebol mundial.
Para chegar a essa final do mundial interclubes o Alvinegro venceu a Taça Libertadores da América jogando 09 partidas das quais venceu 06 empatou 02 e perdeu 01 sendo que nas partidas finais disputadas contra o time do Penãrol o Peixe venceu a primeira por 2 a 1 em Montevideo, a segunda partida jogada na Vila Belmiro vencida pelos uruguaios foi muito controversa e contestada teve o resultado de 3 a 2 para os visitantes e a partida decisiva foi jogada em campo neutro na Argentina no estádio Monumental de Nuñes e deu ao Peixe o seu primeiro título da Libertadores da América com a estupenda e incontestável vitória pelo placar de 3 a 0 com dois gols de Pelé e um gol contra de Caetano.

1963
No dia 16/11/1963, perante um público pagante de 120.421 espectadores, o Santos FC se sagrava Bicampeão Mundial Interclubes ao vencer no Maracanã a equipe do Milan pelo placar de 1 a 0 com um gol de pênalti marcado pelo lateral Dalmo Gaspar, formando o Peixe com: Gilmar; Ismael, Mauro e Dalmo; Lima e Haroldo; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Almir e Pepe. Técnico Luiz Alonso Perez, o Lula. Como acontecera na partida anterior, os jogadores Calvet, Zito e o Rei Pelé não participaram da decisão por estarem contundidos e foram substituídos brilhantemente por Haroldo, Lima e Almir, o pernambuquinho que foi o grande nome da partida ao ser atingido pelo zagueiro Maldini dentro da área resultando na penalidade máxima que Dalmo converteu dando o título ao Alvinegro mais famoso do mundo.
Dois dias antes, o Alvinegro mais famoso do mundo vencia de forma dramática a primeira partida decisiva no mesmo lendário estádio do Maracanã, em noite chuvosa acompanhada por um entusiasta público pagante de 132.728 espectadores alucinados com a virada heroica no placar que deu a vitória ao Peixe por 4 a 2 com dois gols de falta do ponta-esquerda Pepe e um de Almir e outro de Lima, com esse resultado inesquecível, o Peixe que houvera perdido o primeiro jogo pelo mesmo placar na Itália, decidiu o título com os italianos vencendo pela segunda vez a tão ambicionada taça, se sagrando Bicampeão Mundial Inteclubes.
Para chegar ao título mundial, o Alvinegro disputou e venceu a Taça Libertadores da América ganhando da equipe argentina do Boca Juniors na primeira partida por 3 a 2 no estádio do Maracanã e a segunda no estádio de La Bombonera em Buenos Aires por 2 a 1 com gols de Coutinho e Pelé.

O jornal “A Tribuna” assim descreveu a partida que deu o título ao Santos FC:
OBRIGADO SANTOS!
“Veio, afinal, a vitória que todos esperávamos – brilhante, inequívoca e incontestável. E o que mais eleva o mérito desse triunfo é a forma como foi ele conseguido: à custa de muito desprendimento e esforço de um grupo de bravos atletas, que compreenderam a tarefa que lhe foi atribuída. Não foi fácil, em momento algum, a caminhada até o final, o final glorioso. Pelo contrário, os obstáculos, a princípio, pareciam intransponíveis e, em verdade, somente puderam ser ultrapassados em consequência dessa confiança na própria força que de uns tempos para cá vem caracterizando o esporte brasileiro. O Santos, ontem, contra o Milan – em seu inigualável sucesso – foi mais Santos do que nunca. A prova de vitalidade que deu, surgindo para a vitória, após um largo período de menor inspiração, demonstra claramente a grandeza de suas reservas e as possibilidades amplas de que dispõe para manter-se, por muito tempo ainda, no ponto culminante do cenário futebolístico mundial. O significado de seu feito – analisadas as circunstâncias em que o mesmo foi obtido – transcende o valor puro e simples de quaisquer palavras com que se pretenda adjetivá-lo para situar-se no rol dessas antigas façanhas épicas, magníficas, grandiloquentes, insuperáveis. Saudemos, pois, o Santos FC, nesse instante magno de sua história, que outra coisa não representa senão um motivo de justo orgulho para sua cidade, que lhe deu o nome, a força e o incentivo, nunca negado para trilhar o caminho da glória. É muito grande a nossa alegria. Obrigado Santos!”.
Guilherme Guarche
Coordenador do Centro de Memória e Estatística do
Santos Futebol Clube
 

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