Santos se consagra ao se tornar o primeiro Bicampeão Mundial

Heloisa Helena, do Memorial das Conquistas

Há exatos 61 anos, no dia 16 de novembro de 1963, acontecia um feito inédito na história do futebol: mais de 120 mil pessoas presenciavam o Santos ganhar novamente o título mundial, com o gol marcado por Dalmo em uma cobrança de Pênalti sobre o Milan

Porém, para conquistar o mundo precisa-se ganhar o seu continente primeiro, e os dois times finalistas do Mundial enfrentaram difíceis batalhas em suas respectivas competições. Para se classificar para o Mundial, o Peixe precisava vencer o Boca Juniors na Copa Libertadores da América e assim fez. Derrotou o clube argentino por 3 a 2 no Maracanã, não se intimidou pela pressão do La Bombonera e manteve a vantagem impondo um placar de 2 a 1 em território internacional. O Santos então era Bicampeão da Libertadores e garantia sua vaga mais uma vez no Mundial.

Do outro lado, o Milan tentava sua vaga através da Taça dos Clubes Campeões Europeus e inicialmente viu sua classificação ser ameaçada, quando Eusébio marcou o primeiro gol da partida única e deixou o Benfica em vantagem. Mas o time italiano reagiu no segundo tempo. José Alfatani, brasileiro mais conhecido como Mazzola, marcou dois gols que levaram a conquista da taça e da vaga no Mundial. Com os campeões continentais definidos, agora se iniciaria a preparação para a disputa da conquista do mundo.

O primeiro jogo ocorreu no dia 16 de outubro no estádio San Siro em Milão na Itália e não trouxe o resultado esperado pelos jogadores e torcedores do Peixe. O Santos sofreu uma derrota de 4 a 2 e precisava vencer o jogo de volta, para provocar uma terceira partida e voltar a sonhar com o título.

No dia 14 de novembro o jogo de volta aconteceu no Maracanã. Porém a derrota no jogo de ida tinha trazido mais problemas do que apenas a pressão da virada, pois três dos principais jogadores do time haviam se lesionado: Pelé, Zito e Calvet, e isso fez com que o técnico Lula precisasse se reorganizar, colocando Almir, Ismael e Haroldo em suas posições.

O início do jogo mais uma vez trouxe preocupação ao lado Alvinegro, pois viram o Milan finalizar o primeiro tempo com dois gols a seu favor. Caso o resultado permanecesse favorável ao Milan ou apenas um empate ocorresse nesse jogo, o Santos teria que se conformar com o amargo gosto do vice-campeonato.

Porém a natureza pareceu também não se conformar com o resultado, e no segundo tempo ocorreu uma forte chuva que inundou o gramado e deixou o cenário propício para o Peixe. E então de forma inacreditável, o Santos virou o jogo para 4 a 2, com dois gols de Pepe, um de Almir e um de Lima e garantiu sua permanência na briga pelo título.

Com apenas dois dias de diferença entre um jogo e outro, os jogadores focaram em fazer o seu melhor no dia da decisão. Então, em 16 de novembro, a partida não parecia fácil para nenhum dos dois lados. O Santos mostrou uma zaga consistente, já o ataque ainda precisava de mudanças e elas aconteceram quando Almir pressionou e achou brechas na defesa italiana.

Em um desses lances de Almir, o zagueiro Maldini ergueu a perna e atingiu a cabeça do jogador do Peixe. Maldini acabou expulso e Dalmo, lateral esquerdo, assumiu a responsabilidade de bater o pênalti. Ele se posicionou, chutou e assinalou seu nome no gol do título. A Europa então, perdia pela segunda vez seguida o prestígio mundial para um time brasileiro e o Santos se reafirmava como uma das maiores potências do futebol mundial.

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