Santos, o destino dos grandes goleiros

Guilherme Guarche, do Centro de Memória,
Com a colaboração de Wesley Miranda, da Assophis

Gylmar dos Santos Neves nasceu em Santos em 22 de agosto de 1930. E renasceu na própria terra, 31 anos depois, quando foi contratado pelo time da Vila Belmiro, que começava a viver a mais dourada de suas fases.

No fim de 1961, Gylmar tinha uma década de Corinthians. Havia chegado em 1951, vindo do Jabaquara. E já se destacava, pouco antes, no Vila Hayden, time de várzea com sede na esquina das ruas Frei Francisco Sampaio e Frei Vital, atualmente parte do bairro do Embaré, em Santos.

Apesar do título mundial com a Seleção Brasileira em 1958, na Suécia, Gylmar não desfrutava da confiança de Wadih Helou, presidente da equipe do Parque São Jorge em 1961. Era considerado culpado pelo jejum de títulos que o clube começava a viver – o último título tinha sido o Paulistão de 1954. O dirigente ainda duvidava de uma contusão no ombro do arqueiro.

Indignado, Gylmar contratou um médico particular para trata-lo e as ofertas apareceram. O Peñarol, do Uruguai, fez uma excelente. O Santos, por sua vez, tinha uma boa proposta. Para atrapalhar, Wadih Helou fixou nas alturas o valor do passe do goleiro. O Alvinegro, então, cumpriu os valores. Foram Cr$ 10 milhões, um dinheirão para a época.

Sucesso alvinegro

A estreia de Gylmar foi longe do território brasileiro, em 7 de janeiro de 1962, na vitória santista por 6 a 2 sobre o Barcelona, de Guayaquil, em amistoso disputado no Equador. No fim daquele ano, o camisa 1 já tinha conquistado o bicampeonato mundial com a amarelinha, no Chile, além do Paulistão, a Libertadores e o Mundial com o Alvinegro. Fora o Campeonato Brasileiro da temporada, disputada já em 1963.

Foram oito anos de Santos, sendo o quarto goleiro que mais atuou na meta do Alvinegro, com 331 jogos e muitos outros títulos,: mais quatro Estaduais (1964, 1965, 1967 e 1968), três Torneios Rio-São Paulo (1963, 1964 e 1966), outros quatro Brasileiros (1963, 1964, 1965 e 1968), o Mundial e a Libertadores de 1963, além de diversos torneios pelo Brasil e pelo mundo afora.

“No Santos, ele encontrou toda a tranquilidade para jogar, e é muito grato por isso”, dizia a esposa Rachel, morta em 2016.

Com 38 jogos, a muralha Gylmar é o sétimo jogador do Santos que mais defendeu a Seleção Brasileira. Ao total foram 93 jogos entre 1953 a 1969.

Na véspera de imortalizar a marca de suas mãos na Calçada de Fama do Maracanã, em 2000, um Acidente Vascular Cerebral tirou-lhe a fala e o colocou em uma cadeira de rodas. Em 2013 teve um infarto e não resistiu.

Faleceu em São Paulo, em 25 de agosto de 2013, apenas três dias depois de completar 83 anos.

Outro notável

No mesmo 22 de agosto, mas de 1940, nascia no Rio de Janeiro, Cláudio César de Aguiar Mauriz, um dos maiores goleiros da história do Santos e se não fossem as contusões seria muito mais. Compensava sua baixa estatura com posicionamento impecável, frieza e agilidade. Teve a ingrata missão de ser o sucessor de Gylmar na meta santista e fez bonito.

Por anos foi um dos pilares do sistema defensivo e chegou a atuar na Seleção Brasileira em 1968, sua melhor temporada, mas perdeu espaço no elenco verde e amarelo tricampeão Mundial por conta de uma contusão.

De 1965 a 1973 fez 230 jogos pelo Santos conquistando inúmeros títulos, com destaque para a Recopa dos Campeões dos Campeões Mundiais contra a Internazionale de Milão. Conquista que rendeu ao Santos a honra de ser tornar o primeiro campeão dos campeões mundiais.

Faleceu em 24 de junho de 1979, aos 38 anos por decorrência de um câncer.

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