Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
No remoto domingo de 1913, num mesmo 22 de junho, o neófito time do Santos obtinha o seu primeiro grande triunfo na história ao golear o Corinthians pelo placar de 6 a 3, no clássico pioneiro entre os dois alvinegros, do total de 340 partidas já realizadas.
Esse confronto que ocorreu há exatos 109 anos foi disputado no campo do Parque da Antártica Paulista, em São Paulo, e foi o segundo jogo do Santos na competição estadual.
O Santos tinha completado apenas um ano de fundação e já disputava pela primeira vez o Campeonato Paulista. O time praiano foi convidado e não precisou participar de uma seletiva para entrar no certame. Tudo graças ao prestígio de seus jogadores e diretores e também pela amizade que todos tinham com os clubes da capital paulista.
Para essa partida, Urbano Caldeira, capitão e técnico do time santista, fez algumas alterações no grupo que deu a vitória ao clube praiano. As mudanças que deram bons resultados foram a saída do goleiro francês Julien Fauvel, do zagueiro Geraule e do ponta-direita Raymundo Marques, um dos principais articuladores da fundação do Santos. A escalação ficou assim: Durval, Sidney e Arantes; José Pereira, Ambrósio e Ricardo; Adolpho Millon, Nilo, Urbano Caldeira, Arnaldo Silveira e Harold Cross.
Adolpho Millon e Arnaldo Silveira foram os destaques da partida. Cada um marcou dois gols. No ano seguinte, 1914, os dois estariam na primeira conquista da Seleção Brasileira, a Copa Roca, na Argentina. Ricardo Pinto de Oliveira também deixou o seu gol. Ambrósio marcou o outro tento do Peixe, completando os seis gols marcados pelo Santos no “match” que terminou 6 a 3.
Urbano Caldeira ficou muito satisfeito com o desempenho da equipe e atribuiu a vitória às mudanças feitas em relação a partida anterior e aos fortes treinamentos realizados antes do jogo.
O próprio Urbano fez um relato sobre o jogo, demonstrando todo seu entusiasmo, e terminou com uma frase escrita por um jornal da capital: “A segurança do páreo e o esplêndido jogo de combinação desenvolvido pela rapaziada santista na partida pôde ser visto desde o início do jogo.”
Em seu relatório sobre a partida, ofício guardado no Centro de Memória do Santos, Urbano exalta o jogo de conjunto, objetivo, com passes curtos, antevendo o estilo ofensivo que marcaria a trajetória do Alvinegro Praiano.