Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Guilherme Guarche
Pioneiro clássico paulista, jogado pela primeira vez em 22 de junho de 1913, oportunidade em que o Santos goleou o Corinthians por 6 a 3, o Clássico Alvinegro – que se repetirá neste sábado, às 17 horas, no Itaquerão – mantém um equilíbrio absoluto em jogos pelo Campeonato Brasileiro, com 23 vitórias e 82 gols para cada lado, além de 19 empates. Neste terceiro milênio, entretanto – período iniciado em 1º de janeiro de 2001 – a superioridade santista é flagrante.
Em 69 confrontos o Alvinegro da Vila teve 30 vitórias contra 21 do adversário e 18 empates. Selecionadas apenas as 36 partidas desse período pelo Campeonato Brasileiro, chegamos a 14 vitórias santistas, 12 derrotas e 12 empates.
Somados todos os jogos, desde os primórdios do futebol paulista, os dois times já se enfrentaram 332 vezes, com 107 vitórias santistas, 131 derrotas e 94 empates, 504 gols marcados e 582 sofridos.
Pelé, sempre ELE
O maior personagem desse duelo é mesmo Pelé, maior artilheiro do confronto, com 50 gols. Comandado por ELE o Santos passou 11 anos, de 1957 a 1968, sem perder para o rival em jogos do Campeonato Paulista.
Em partidas pelo Campeonato Brasileiro a artilharia santista do clássico é dividida entre Viola e Elano, com quatro gols. Em seguida surgem Pelé, Alberto e André, com três.
Recordes de público
Este é o clássico paulista que mais vezes ultrapassou 100 mil espectadores. De março de 1977 a dezembro de 1984 essa marca foi superada nada menos do que sete vezes.
O recorde ocorreu em 20 de março de 1977, no Morumbi, em um jogo pelo Campeonato Paulista que começou no horário experimental das 11 horas. O jogo terminou empatado em 1 a 1, com gols de Vaguinho para o alvinegro paulistano, e de Ailton Lira, cobrando falta com sua classe costumeira. Nesse dia o maior estádio de São Paulo recebeu 116.881 pagantes e um público total de 120.782 pessoas.
Essas marcas não poderão mais ser superadas, já que o Morumbi teve de reduzir sua capacidade para 72.039 pessoas, enquanto o Alianz Parque só comporta 55 mil pessoas, e o Itaquerão, 45 mil.
Falta vencer no Itaquerão
O Santos já venceu o Corinthians no Itaquerão em agosto de 2015, por 2 a 1, eliminando o adversário da Copa do Brasil, mas em jogos pelo Campeonato Brasileiro o Alvinegro Praiano ainda não conseguiu superar o rival em seu estádio. Em cinco jogos ocorreram um empate e quatro derrotas, com apenas um gol a favor e sete contra.
Primeiro jogo do Brasileiro
Na primeira vez em que os dois times se enfrentaram pelo Campeonato Brasileiro, denominado, à época, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, houve um empate de 1 a 1, no Pacaembu. Era um sábado, 13 de maio de 1967, e nada menos do que 56.208 pessoas se espremeram no estádio municipal de São Paulo para ver o duelo que vivia o auge do tabu, já que o time da capital não conseguiu vencer o Santos de jeito nenhum.
Os gols saíram no primeiro tempo. O centroavante Flávio, de cabeça, abriu o marcador para o time da capital aos 36 minutos. Sete minutos depois o ponta-esquerda Abel driblou Jair Marinho, foi à linha de fundo e cruzou para trás, rasteiro. Pelé acertou em cheio com o pé esquerdo e saiu socando o ar. A Folha de São Paulo anunciou que o resultado mantinha o tabu.
Naquela partida o Santos foi escalado pelo técnico Antoninho com Cláudio, CarlosAlberto, Orlando, Joel Camargo e Rildo; Clodoaldo e Zito (Lima); Wilson (Ismael), Toninho (Buglê), Pelé e Abel.
O Corinthians, orientado por Zezé Moreira, jogou com Marcial, Jair Marinho, Ditão, Clóvis e Maciel; Dino e Rivellino; Bataglia (Marcos), Silvio (Benê), Flavio e Gilson Porto.
O polêmico árbitro carioca Armando Marques apitou o confronto, que estabeleceu um novo recorde de renda para o Pacaembu, com 123 504 cruzeiros novos.
Clássico pioneiro de São Paulo
Primeiros clubes grandes de São Paulo, Santos e Corinthians se defrontaram pela primeira vez em 22 de junho de 1913, um domingo chuvoso, no campo da Antarctica Paulista.
Válido pelo Campeonato Paulista da LPF, a Liga Paulista Foot-Ball, o jogo reuniu duas equipes que ainda estavam distantes de representar o poderio que têm hoje, mas já tinham carisma. Apesar do mau tempo, um bom público compareceu para ver o Clássico Alvinegro, que teve a arbitragem de J. Menezes.
O Santos, que subia a serra de trem e ia direto para o campo, foi escalado pelo jogador e técnico Urbano Caldeira com Damasceno, Arantes e Sidney; José Pereira da Silva, Ambrósio Silva e Ricardo Pinto de Oliveira; Millon, Nilo, Urbano Caldeira, Haroldo Cross e Arnaldo Silveira.
O alvinegro paulistano, orientado por Casemiro González, outro jogador e também técnico, jogou com Casemiro do Amaral, Fúlvio e Casemiro González; Policce, Alfredo e Lepre; Rodrigues, César Nunes, Luis Fabi, Peres e Aristides.
Com um eficiente “jogo de passes curtos e menos driblings”, como queria o técnico Urbano, o Santos goleou o rival por históricos 6 a 3, com dois gols de Adolpho Millon, dois de Arnaldo Silveira, um de Ambrosio e um de Ricardo. Para o adversário marcaram César Nunes, Fabbi e Peres. O Santos passaria seis jogos oficiais sem perder para o Corinthians, o que só ocorreria em setembro de 1919.