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Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Desde que o Santos conquistara seu primeiro e único campeonato estadual, em 1935, o troféu do torneio não voltou mais para a Vila Belmiro. Contudo, esse jejum de títulos terminaria em 15 de janeiro de 1956, na última rodada do Campeonato Paulista de 1955.
A expectativa para esse certame estadual era a mesma dos últimos dois decênios. A supremacia e o favoritismo estavam entre as três grandes equipes da capital. Disputado em pontos corridos, com turno e returno, o campeonato sagraria vencedor a equipe com maior pontuação.
Inspirado, o Santos começou avassalador. Terminou o primeiro turno na liderança, com apenas uma derrota, e se manteve favorito no segundo turno até as últimas rodadas. Nada parecia poder lhe tirar o título de campeão. Mas, não seria fácil.
A grande vantagem de pontos começou a diminuir na antepenúltima rodada. O Alvinegro comemoraria o título com uma vitória sobre o São Bento, um time de São Caetano, no estádio Anacleto Campanella, mas acabou derrotado por 2 a 0 em um jogo nervoso, em que o zagueiro Hélvio foi expulso.
Depois, veio o confronto direto com o outro postulante ao título: o Corinthians. A Vila Belmiro teve ingressos majorados naquele domingo e por isso menos de 14 mil torcedores pagaram para ver o jogo, que teve renda recorde de 663 310 cruzeiros.
O Peixe abriu o marcador logo aos 5 minutos, com Álvaro e ampliou com Feijó aos 38. Com 2 a 0 no placar, parecia uma questão de tempo para a vitória e a conquista antecipada do título, mas o Santos relaxou e o adversário não estava morto. Nos últimos cinco minutos da primeira etapa veio o empate, e aos 17 do segundo tempo o atacante Paulo virou para os visitantes, que ficaram a apenas um ponto do Santos.
A decisão do título foi para a partida contra o Taubaté, no domingo seguinte, 15 de janeiro de 1956. O que poderia ser apenas um jogo comemorativo, transformou-se na grande final. Só a vitória interessava ao Santos, mas o time do Vale do Paraíba, incentivado pelo alvinegro da capital, certamente não iria facilitar.
Em busca da vitória, único resultado que garantiria o título, o técnico Lula fez alterações na equipe. Escalou Urubatão e o argentino Negri nos lugares de Zito e Vasconcelos, punidos com um jogo de suspensão pela Federação Paulista de Futebol. Deslocou Tite para a ponta direita, no lugar de Alfredinho, e retornou o Menino da Vila Pepe à ponta esquerda.
O Santos começou melhor e o atacante Álvaro assinalou o primeiro gol aos 15 minutos do primeiro tempo. Mas o jogo prosseguiu amarrado e o marcador não se alterou na primeira etapa. No segundo tempo, Berto, atacante do Taubaté, empatou aos 9 minutos. A torcida já estava ficando desesperada quando Pepe encaixou o seu canhão e fez o gol da vitória – e do título – aos 20 minutos.
Nos minutos finais, a torcida agitou os clássicos lenços brancos, esperando apenas o apito final do árbitro João Etzel para invadir o campo e carregar os jogadores em triunfo. O Santos quebrava o jejum e garantia a conquista do título de forma incontestável. O time venceu o Taubaté com Manga, Hélvio e Feijó; Ramiro, Formiga e Urubatão; Tite, Negri, Del Vecchio, Álvaro e Pepe. O Menino da Vila Del Vecchio, 20 anos, foi o artilheiro do campeonato, com 23 gols.
A bola é do Santos!
Com 19 vitórias, dois empates e cinco derrotas, o Santos perdeu apenas 12 pontos (na época as vitórias valiam dois pontos) e fez 71 gols. A conquista marcou o início de uma era vitoriosa para o clube. Depois viriam o bicampeonato estadual, em 1956, e o título de 1958, abrindo caminho para a gloriosa década de 1960.
Além da importância histórica, a conquista do título Paulista de 1955 rendeu a popular marchinha “Leão do Mar”, composta por Maugeri Neto e Maugeri Sobrinho, ainda hoje cantada como um hino popular do clube.
Agora quem dá a bola é o Santos
O Santos é o novo campeão
Glorioso alvinegro praiano
Campeão absoluto desse ano
Santos, Santos
Santos sempre Santos
Dentro ou fora do alçapão
Jogue o que jogar, és o Leão do Mar
Salve o novo campeão!
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