Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Há 55 anos, no dia 21 de setembro de 1967, Pepe conquistava o Prêmio Belfort Duarte, um reconhecimento pela sua extrema esportividade. A medalha de prata era conferida ao jogador profissional que passasse dez anos, e no mínimo 200 partidas, sem ser expulso de campo. Pepe conseguiu mais do que isso. Ele acumulou um total de 790 partidas, sendo 750 pelo Santos e 40 pela Seleção sem deixar o campo por um ato punitivo.
O Santos, time da Técnica e da Disciplina, já tinha um representante à altura do Prêmio. Um ano antes de Pepe, em 1966, o goleiro Gylmar dos Santos Neves se tornou o primeiro santista a receber a homenagem. Anos antes, em 1955 o premiado foi Carlos Castilho, goleiro do Fluminense, que em 1984 se tornaria técnico campeão paulista pelo Santos.
O nome do prêmio é uma homenagem ao atleta e dirigente João Evangelista Belfort Duarte. Nascido em São Luís do Maranhão, em 27 de novembro de 1883, Belfort Duarte estudou em São Paulo, trabalhou no Rio de Janeiro e nessas duas cidades se destacou pela dedicação a clubes como Mackenzie e América.
Reconhecido pelo seu espírito esportivo, Belfort Duarte era o primeiro a erguer o braço quando cometia uma falta, e também não suportava a indisciplina de seus companheiros. Como dirigente, é reconhecido como o mais importante da história do América carioca.
Uma curiosidade sobre esse cobiçado prêmio recebido pelos santistas Pepe e Gylmar, é que ele também era entregue a jogadores amadores, que em vez de prata, recebiam uma medalha de ouro.
José Macia, o Pepe, tornou-se conhecido pela maior artilharia de um ponta-esquerda na história do futebol. Foram 403 gols pelo Santos e outros 22 pela Seleção Brasileira. O Prêmio Belfort Duarte valoriza ainda mais o seu mérito. Um feito extraordinário para um atacante que era parado às vezes com violência dos defensores. Sem nunca reagir, Pepe jogava buscando a vitória e gols, muitos gols. Com exceção de Pelé, apenas dois jogadores marcaram mais gols do que ele por um único clube: Roberto Dinamite, com 620 gols pelo Vasco da Gama, e Zico, 500 gols pelo Flamengo.