Pelé, o maior artilheiro do Planeta

Por Guilherme Guarche, Centro de Memória

Foi numa tarde chuvosa de sábado que apenas 9.437 torcedores serviram como testemunhas de uma jornada épica do eterno Rei Pelé. Na partida realizada no dia 21 de novembro de 1964, o Santos goleava impiedosamente o Botafogo de Ribeirão Preto pelo placar de 11 a 0, oito marcados pelo Atleta do Século.

O encontro realizado no “Alçapão da Vila” se deu no Campeonato Paulista e o time santista escalado por Luiz Alonso Perez, o Lula, entrou em campo com a seguinte formação: Gylmar, Ismael, Modesto, Geraldino e Haroldo; Lima e Mengálvio; Toninho Guerreiro, Coutinho, Pelé e Pepe.

Até aquele distante sábado, o melhor jogador de todos os tempos tinha marcado exatos 580 gols de um total de 5.927 registrados pelo clube desde sua fundação em 1912. Essa foi a partida de nº 2.109 do time praiano.

O jornal “A Gazeta Esportiva” no domingo posterior ao jogo publicou na primeira página a manchete em letras garrafais: “SACI da Vila marcou oito gols. Pelé superou Fried depois de 35 anos”.

Os demais tentos do Alvinegro Praiano foram marcados pelos três maiores artilheiros do Santos depois do Rei Pelé; Pepe, Coutinho e Toninho Guerreiro. O gol do ponta-esquerda Pepe foi um gol olímpico e não recebeu o merecido destaque da imprensa esportiva que deu mais atenção aos gols do Rei Pelé.

O “Pantera da Mogiana”, apelido do time botafoguense, era dirigido pelo técnico Osvaldo Brandão, o popular “Caçamba” que depois da goleada sofrida pediu demissão do cargo e foi dirigir a equipe do Corinthians, que 14 dias depois foi impiedosamente goleado no dia 5 de dezembro de 1964, no Pacaembu pelo placar de 7 a 4 com o Rei marcando quatro gols e Coutinho três.

O recorde de gols em uma só partida no Brasil durou até o ano de 1976, sendo superado por Dário, o Dadá Maravilha, que marcou 10 gols na vitória do Sport Recife contra o Santo Amaro (antes o recorde do Rei tinha sido igualado por Jorge Mendonça que marcou oito gols na vitória do Náutico contra o mesmo Santo Amaro do estado de Pernambuco).

Pelé em toda a sua carreira jogando pelo Alvinegro Praiano marcou 1091 gols em 1116 partidas oficiais. Antes do Atleta do Século atingir essa marca fantástica de gols em uma só partida, o maior goleador do time santista era Araken Patusca que marcou sete gols na vitória de 12 a 1 diante do CA Ipiranga da capital na Vila Belmiro pelo campeonato paulista. 

Araken Patusca em homenagem ao Rei escreveu a ele a seguinte carta: “Pelé você me suplantou. Você me venceu. Você marcou 8 tentos numa partida oficial de campeonato. Eu marquei 7. Meus olhos se turvaram. Eram lágrimas que os umedeciam, e que traduziam não a amargura pela perda de um recorde de 37 anos, mas que eram, e isso sim, o testemunho de uma recordação. Pelé – naquela mesma cidade. Santos, a minha cidade, naquela mesma cancha, Vila Belmiro, ante a mesma torcida vibrante do Campeão da Técnica e da Disciplina, com aquela mesma camisa, que seria a de número 10, se numerada fosse, eu em 1927, conseguia 7 tentos em jogos de campeonato. Dois anos depois, em 1929 fui alcançado no recorde pelo mestre da época, Arthur Friendenreich. Durante 37 anos fui o recordista, acompanhado em 35 anos pelo grande Arthur Friendenreich. Pelé – você sucede na tabela de artilheiros recordistas, não a este pequeno Araken Patusca, mas ao rei do passado – Arthur Friendenreich. A César o que é de César”.

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