Por Centro de Memória
Corria o ano de 1956, o ano em que o garoto Gasolina chegou ao Santos, apelido que Pelé recebeu dos jogadores santistas assim que chegou à Vila Belmiro.
E foi quando o jovem de apenas 15 anos que começava sua vitoriosa carreira no Santos jogando nas equipes de base do clube, viveu um episódio que se tivesse tido outro final, certamente muita coisa na vida do Alvinegro Praiano seria bem diferente da história que todo torcedor santista conhece de cor e salteado.
Na final do campeonato amador de Santos, o time juvenil do Alvinegro enfrentou a equipe do Jabaquara AC, tradicional clube da cidade de Santos, e foi vencido pelo placar de 2 a 1 em partida disputada no Estádio Urbano Caldeira, partida essa que teve no apito um árbitro de apenas 17 anos de idade de nome Romualdo Arpi Filho, que tinha o apelido de “Ganso”.
Após a partida o vestiário do time do Santos estava em silêncio e num ambiente desolador principalmente o garoto Gasolina que chorava sem parar, pois durante a partida o jovem que anos depois viria a se consagrar como o melhor jogador de futebol de todos os tempos demostrava uma certa apatia e desolação.
Ocorre que o jovem houvera desperdiçado uma penalidade máxima chutando a bola por cima do travessão com tanta força que a pelota saiu do estádio e foi de encontro as vidraças da casa do “seo” Guimarães, pai do atleta laureado Juarez Guimarães, que foi quando vivo casado com dona Cida. O velho Guimarães era conhecido dos torcedores pois não perdia um só treino e ficava encostado no alambrado atrás do gol dos vestiários principais da Vila corneteando os jogadores do Peixe. Era chamado pelos amigos do seu grupo de “Velho Rabugento”. As vidraças da janela da casa do “seo” Guimarães foram quebradas devido ao impacto da bola chutada pelo jovem Gasolina para desespero do velho torcedor corneteiro. Até hoje ninguém sabe o paradeiro daquela bola dizem que ele com raiva cortou a bola em vários pedaços.
A alegria só voltou ao vestiário, depois do choro do garoto, que saiu à procura de seus amigos, o Válter, um mecânico que não saía da Vila e do Salustiano (o Salu da bandinha), e com eles foi ao bar Itamaraty que ficava em frente ao estádio, e comeu um bauru, sanduíche que homenageia a cidade onde o garoto passou sua infância, e bebeu um copo de groselha com leite.
Mas o que poucos sabem é que naquela noite o garoto muito tristonho e decepcionado com a perda do pênalti tinha decidido ir embora de Santos e do Santos, pois sentia muita saudade de seus pais, Dondinho e dona Celeste.
Quem evitou que ele fosse embora para Bauru foi o roupeiro de nome Olívio Soares, o popular Sabuzinho, pai do funcionário do clube Maciel, que trabalha no Santos há mais de 40 anos, que viu o jovem gasolina saindo da concentração que ficava atrás do gol do lado da rua Tiradentes, e sabedor do motivo da saída do garoto disse a ele que voltasse para a concentração pois não haveria de ser a perda do pênalti que o faria desistir de continuar sua carreira no Santos.
Gasolina ouviu os conselhos de Sabuzinho que lhe disse que muitos outros pênaltis seriam perdidos por ele no decorrer de sua trajetória como jogador de futebol, mas que em contrapartida ele haveria de marcar muitos gols em sua carreira que apenas estava iniciando pois ele demonstrava ter qualidades suficientes para se tornar um grande jogador no futuro.
E assim o jovem desfez as malas e voltou para o seu quarto na concentração bem simples que o clube dispunha na época e foi sonhar que um dia ele daria muitas alegrias aos torcedores do Peixe, pois ele desejava continuar jogando no clube que um dia ele ajudaria a ser o Melhor do Século nas Américas e ele ser o Maior jogador de futebol que o mundo já viu.