Victor Hugo Domingues, do Memorial das Conquistas
O ano de 1969 definitivamente foi um dos mais marcantes em toda história do Alvinegro Praiano. Até então, o Santos já havia se tornado o campeão dos campeões mundiais após vencer a – primeira e única – Recopa Mundial sobre a Internazionale de Milão; já havia se tornado o time que parou a guerra; ainda viria a estampar os jornais daquele ano enaltecendo o milésimo gol do Rei Pelé; e em meio a tudo isto, mais um troféu de Campeão Paulista traçou sua rota à Rua Princesa Isabel: a Vila Belmiro.
Fase Inicial
Diferentemente do que se passou em 1968, com o Peixe de maneira muito antecipada se sagrando o campeão paulista, com a intenção de tornar a disputa do título ainda mais emocionante, a Federação Paulista de Futebol optou por alterar o regulamento do campeonato, dividindo as quatorze equipes participantes em dois grupos, com os detentores das duas melhores campanhas de ambos disputando um quadrangular, com o vencedor do título sendo definido por aquele que obtivesse o maior número de pontos.
Em meio a sua abarrotada agenda, o time da Vila Belmiro não teve um desempenho tão arrebatador quanto o esperado durante a fase de grupos, acumulando duas derrotas para o vice-líder, Palmeiras. Contudo, o Santos superou as adversidades ocasionadas por seu repleto calendário e terminou a primeira fase como líder do grupo A.
Com Santos e Palmeiras classificados, pelo grupo B Corinthians e São Paulo (como era o esperado) conquistaram as vagas. A primeira disputa de um quadrangular pela fase final do Campeonato Paulista viria a ser disputada exatamente pelas quatro maiores forças do estado de São Paulo.
Silvio Muniz Monteiro, Gabriel Fernandes Ramos E Peterson Gobira Da Silva.
Etapa Decisiva
A partir deste momento se iniciava a fase mais decisiva do torneio, potencializada pela presença das quatro equipes rivais. São nesses momentos em que se separam os bons jogadores, dos craques. E isto certamente não faltava na esquadra santista.
O primeiro dos três confrontos que o Santos teria pela frente foi contra a equipe do Corinthians, jogo disputado no Morumbi diante de 44 mil torcedores – maior público entre todas as seis partidas disputadas durante o quadrangular – decidido em apenas 18 minutos.
Ao final da primeira etapa, Pelé marca duas vezes, gols aos 25 e 32 minutos, com Edu marcando o terceiro tento da equipe santista aos 43 minutos. Já no segundo tempo, o Corinthians esboça uma reação com um gol marcado por Paulo Borges, todavia, não foi páreo para o time da Baixada.
Final Antecipada
O jogo decisivo se deu contra o Palmeiras, dia 18 de junho, em pleno Parque Antártica. O cenário da partida, mesmo embalado após segura vitória contra o Corinthians, não era dos mais animadores. O Santos teria pela frente uma equipe que o derrotou em seus dois últimos confrontos, uma vez no Morumbi e outra em sua própria casa, na Vila Belmiro. Desta vez, com o Palmeiras atuando dentro da sua casa, a expectativa de muitos era de mais uma vitória para a sequência palmeirense.
Entretanto, o Alvinegro Praiano demonstraria mais uma vez toda sua grandeza com uma goleada de 3 a 0 sobre seu adversário, com gols de Pelé na primeira etapa, Edu e Toninho Guerreiro durante o segundo tempo. Sem poder de reação, a equipe alviverde que ainda contava com alguns dos maiores jogadores de sua história, a única que atrapalhou uma década de hegemonia santista sobre o torneio paulista, se viu completamente envolvida pelo time de branco e preto.
Jogo do título
A última partida do campeonato foi disputada em um sábado, dia 21 de junho, contra o São Paulo, mais uma vez retornando ao Morumbi e mais uma vez atuando em um jogo decisivo dentro da casa de seu adversário. Para garantir o título era necessário apenas um empate, e assim se deu.
Sob o comando de Antoninho Fernandes, o Santos veio à campo com: Cláudio, Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Negreiros; Edu, Toninho Guerreiro, Pelé e Abel. Em um jogo sem grandes emoções, diante de 36 mil pessoas, o Santos de Pelé arrancou do tricolor paulista um empate sem gols, placar que assegurou o título santista.
Feitos do torneio
Novamente o Santos se postava no topo dos times de São Paulo, acumulando a décima segunda conquista estadual, com um tricampeonato consecutivo (1967-68-69), o segundo da sua história.
Pelé foi, pela décima vez, o artilheiro do campeonato, com 26 gols, ajudando a firmar o Santos como o melhor ataque do campeonato (63 gols nesta edição) por 13 edições consecutivas, novamente auxiliando no processo de transformar o Santos Futebol Clube no time que mais marcou gols em toda história do futebol mundial.