Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Em 08 de junho de 1965, uma terça-feira, o Santos dava um passo importante em busca de um futuro sólido e adquiria um suntuoso imóvel de 15 500 metros quadrados, localizado na esquina das avenidas Ana Costa e Vicente de Carvalho, no bairro do Gonzaga, área mais nobre de Santos. Tratava-se do elegante Parque Balneário Hotel, que pertencia à família Fracarolli, de antigos e devotados torcedores do Alvinegro da Vila.
O hotel, cinco estrelas, referência na Baixada Santista e no turismo brasileiro, era um luxo só. Nele se destacavam o salão de mármore, com quase 400 metros quadrados; o Salão Dourado, em estilo renascença neoflorentino, com mais de mil metros quadrados, e os amplos “grill-room” e o restaurante, reservados para shows e recepções. Oferecia 200 quartos e 10 apartamentos completos.
Entre seus hóspedes mais ilustres figuraram o Rei Alberto, da Bélgica, em 1922; o general norte-americano Mark Clark, os presidentes brasileiros Washington Luiz, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, dentre outras personalidades.
Artistas de renome fizeram shows ali, tais como Elis Regina, Chico Anísio, Luiz Vieira, Morgana, Jair Rodrigues, Roberto Luna, Germano Mathias, Ciro Monteiro, Alaíde Costa, Leny Eversong, Claudete Soares, Nara Leão, Conjunto Farroupilha, Wilson Miranda, orquestra de Cid Gray, Bievenido Granda, Ângela Maria, Demônios da Garoa e Noite Ilustrada, entre outros.
Mais de 6 bilhões!
Pelo contrato de compra, o Santos se comprometia a pagar seis bilhões e 55 milhões de cruzeiros, sendo 255 milhões no ato e o restante em 24 parcelas mensais de 250 milhões de cruzeiros. A intenção era usar o hotel como sede social e administrativa do clube. Mas não era só isso.
Deputado federal com livre trânsito em Brasília, o presidente santista Athié Jorge Cury acreditava piamente que o jogo voltaria a ser liberado no Brasil, o que faria do hotel o maior cassino dos litorais brasileiros, um ponto obrigatório de visitação para turistas do Brasil e do exterior.
Mas as coisas não saíram como o planejado. O Santos não conseguir arcar com as prestações e o jogo jamais foi liberado no País, o que gerou uma situação insustentável entre o clube e a família Fracarrolli. Após pendengas judiciais, o imóvel foi vendido em 1972 e hoje, no local, funciona o Shopping Parque Balneário.