Como quase todos os dias do calendário, 4 de fevereiro é um dia cheio para a pródiga história santista. Nesta data o time parou uma guerra na Nigéria, conquistou um importante título internacional no Chile e, em Belém do Pará nasceu i craque Giovanni, que os santistas imortalizariam com o apelido de Messias. Vamos aos textos, com pesquisa de Guilherme Gomez Guarche e Gabriel Santana.
Cessar fogo para ver o Santos
Em 4 de fevereiro de 1969, uma terça-feira, o Santos Futebol Clube parou a Guerra de Biafra, também conhecida como Guerra Civil Nigeriana, ao jogar na cidade de Benin (Benin City), na Nigéria, na fronteira com a região separatista de Biafra. Naquele dia as hostilidades cessaram para que todos pudessem apreciar o mágico time do Santos e o Rei Pelé em ação contra a Seleção do Meio Oeste da Nigéria.
Diante de um público aproximado de 25 mil pessoas o Alvinegro Praiano venceu por 2 a 1, com gols de Edu e Toninho Guerreiro. O time escalado pelo técnico Antoninho formou com Gylmar (depois Laércio), Turcão, Ramos Delgado, Joel Camargo e Rildo (Oberdan); Lima e Negreiros (Marçal); Manoel Maria, Toninho (Douglas), Pelé (Amauri) e Edu (Abel).
Essa partida não tinha sido programada pelo empresário Samuel Ratinoff, e sua realização só foi decidida após o time santista ter recebido garantias das autoridades locais de que sua permanência em solo nigeriano teria total segurança. A confirmação de que o Santos realmente parou a Guerra de Biafra veio em um texto do jornalista Michel Laurence publicado na revistaPlacar em 1990, por ocasião do 50º aniversário do Rei Pelé.
O jornalista Gilberto Castor Marques, enviado especial de A Tribuna, escreveu que quando o Alvinegro chegou à cidade de Benin foi decretado feriado na parte da tarde daquele dia pelo governador da região, o tenente coronel Samuel Ogbemudia. O mesmo Ogbemudia autorizou a liberação da ponte que ligava Benin à Sapele, para que todos, indistintamente, pudessem assistir ao jogo. Akenzua II, conhecido como “The Oba de Benin” era o rei local e tinha, para espanto do curinga Lima, 26 esposas, 84 filhos e 216 filhas.
Os jogadores Gylmar e Coutinho confirmaram que o jogo transcorreu em clima de paz, mas tão logo o avião zarpou foi possível ouvir os tiros que denunciavam o recomeço das hostilidades.
Essa guerra civil entre os nigerianos e os separatistas, que queriam a criação de um país chamado Biafra, teve início em 1967 e terminou em janeiro de 1970, com a morte de mais de um milhão de civis, a maioria dizimados pela fome.
Nesse giro pela África a delegação santista era chefiada por Carmo Angerami; o administrador era Ciro Costa; o médico, Áureo Rodrigues; o preparador físico, Júlio Espinosa, e o técnico, Antoninho. Os jogadores eram Gylmar, Laércio, Ramos Delgado, Rildo, Oberdan, Lima, Negreiros, Turcão, Amaury, Mané Maria, Toninho Guerreiro, Douglas, Abel, Pelé, Edu, Marçal, Joel Camargo e Paulo.
Tricampeão do Hexagonal do Chile
Ao vencer a equipe da Universidad de Chile por 2 a 0, com dois gols do atacante Totonho, o Santos Futebol Clube sagrou-se campeão do Torneio Hexagonal do Chile em 4 de fevereiro de 1977, uma sexta-feira.
Nessa partida o time foi escalado pelo técnico Urubarão Calvo Nunes com Ricardo, Léo Paraibano, Marçal, Neto e Fernando; Clodoaldo, Ailton Lira e Toinzinho; Nilton Batata (depois Babá), Totonho e Bozó (Reinaldo.
Além da partida diante da Universidad de Chile, o Santos disputou mais quatro partidas, com três vitórias e uma derrota, somando um total de 11 gols marcados e dois sofridos. Os artilheiros santistas do torneio foram Totonho, com cinco gols; Aílton Lira, com quatro, e Nilton Batata, com dois.
Nesse torneio o Alvinegro Praiano venceu as equipes do Colo-Colo (3 a 1), Everton de Viña del Mar (4 a 0) e River Plate, da Argentina (2 a 0), e foi derrotado pela Seleção de Salzburg, da Áustria, por 1 a 0. Além dos que participaram da partida contra a Universidad, o Santos utilizou no torneio os jogadores Jorge Maravilha, Carlos Roberto, Zé Mário e Aílton Silva.
Curiosidade: O Santos Futebol Clube disputou quatro torneios hexagonais no Chile, sendo campeão nos anos de 1965, 1970 e 1977. Além disso, ficou em segundo lugar em 1967, ao terminar o torneio empatado com o Vasas, da Hungria, mas perdendo no saldo de gols. Em 1968 o Alvinegro disputou e venceu o Torneio Octogonal do Chile, batizado de Torneio Nicolau Moran, em homenagem ao dirigente do Santos que morreu no Chile enquanto comandava a delegação santista.
Nasce o Messias
Em 04 de fevereiro de 1972, uma sexta-feira, nascia, na cidade de Belém, no Pará, o craque Giovanni Silva de Oliveira, considerado o melhor jogador brasileiro de 1995, apelidado pela torcida do Santos de “Messias”.
Giovanni chegou ao time praiano vindo da Sãocarlense, do Interior de São Paulo, e sua primeira partida na equipe principal do Peixe foi no dia 25 de setembro de 1994, na vitória de 4 a 1 sobre o Remo, no estádio Mangueirão, em sua cidade natal.
Macedo, Ranielli, Paulinho Kobayashi e Guga marcaram os gols do Santos, escalado assim pelo técnico Serginho Chulapa: Edinho, Índio, Marcelo Fernandes, Junior e Silva; Dinho (Serginho Fraldinha), Gallo, Ranielli (Giovanni) e Paulinho Kobayashi; Macedo e Guga.
Giovanni jogou no Alvinegro em 1994/1996, depois em 2005/2006 e por último em 2010. Ao todo foram 139 partidas, com 73 gols marcados com a camisa santista.
No Alvinegro, Giovanni conquistou os títulos do Torneio de Verão em 1996, Campeonato Paulista em 2006 e 2010 e da Copa do Brasil em 2010. Foi também o artilheiro máximo do Paulista em 1996, marcando 24 gols, além de ganhar a Bola de Ouro da Revista Placar em 1995.
Curiosidade: Giovanni é o mais velho jogador a participar de uma partida profissional pela equipe santista. Quando atuou no amistoso em homenagem aos 100 anos do estádio Urbano Caldeira, em 2016, contra o Benfica, ele tinha 44 anos de idade.