Outra vez os Meninos da Vila 

Victor Hugo, do Memorial das Conquistas

Em um mesmo 4 de agosto, há 13 anos, o Santos transformou magia em realidade. Inédita, emocionante e deslumbrante, assim foi a campanha do título da Copa do Brasil de 2010. 

O time que o país parava para ver jogar, até mesmo seus rivais, tornou-se enfim, após 12 edições do torneio, campeão do único título nacional que ainda restava a ser vencido. 

Ademais, o Peixe conquistou com o título nacional a vaga para disputar a Copa Libertadores da América do ano seguinte, torneio que comprovou que os raios caem mais de uma vez no mesmo lugar.  

A cada fase, uma goleada 

A competição contava com apenas 64 equipes participantes, número reduzido se comparado aos 92 times participantes nas atuais edições. Deste modo, havia menos fases de disputa, sendo um total de cinco duelos eliminatórios até a final do campeonato. Nas duas fases iniciais, a equipe visitante avançava diretamente caso vencesse.  

O adversário do Peixe na primeira fase foi a equipe do Naviraiense-MS. Na partida da ida, vitória magra por 1 a 0, muito comemorada pelos sul-mato-grossenses, que certamente não esperavam o que viria pela frente. Uma das maiores goleadas da história da competição: 10 a 0 para a equipe santista, um verdadeiro desfile na Vila Belmiro. 

Pela segunda fase, classificação logo no jogo de ida: 4 a 0 sobre o Remo-PR, em Belém, com Neymar sendo espetacular, participando de todos os quatro gols e classificando a equipe santista para a fase seguinte, das oitavas de final. 

Contra o Guarani, outra partida histórica na Vila Belmiro. O Santos entregou de presente ao seu torcedor outra arrasadora goleada, 8 a 1 com cinco de Neymar, justamente no dia do aniversário do clube, dia 14 de abril, comemoração que nunca será esquecida pelos santistas. Na partida de volta, no Brinco de Ouro, um indiferente placar de 3 a 2 para a equipe campinense. 

Quando os Meninos se tornam homens 

Pelo jogo de ida da fase de quartas de final, o Alvinegro Praiano encarou o Atlético Mineiro no Mineirão. Vitória da forte equipe da casa por 3 a 2, mas com Edu Dracena marcando aos 37 minutos, gol que deu a esperança de uma virada em casa. Na Vila Belmiro, as expectativas foram atendidas, 3 a 1 para o Peixe, que se classificou para a próxima fase. 

Nas semifinais, outro grande duelo, desta vez contra o Grêmio, novamente contando com fortes emoções para ambas as equipes. Em Porto Alegre, o Santos abre 2 a 0 logo aos vinte minutos, mas vê a equipe gaúcha virar o placar para 4 a 2 aos 76 minutos. Contudo, Robinho marcou no finalzinho, novamente enchendo a torcida santista de esperança para o duelo na Vila. 

No estádio Urbano Caldeira, pela partida de volta, apesar das muitas chances criadas, nada de gols durante a primeira etapa. Paulo Henrique ‘Ganso’, com um petardo de fora da área marcou o primeiro, dos três golaços, que abriu o caminho para outra virada santista na Vila Belmiro. 

Aos 85 minutos, o placar era de 2 a 1 no estádio santista, empate por 5 a 5 no agregado. Com a classificação ainda indefinida, em um contra-ataque fulminante, Wesley dribla o goleiro tricolor e mete a bola na rede. Cravando vitória por 3 a 1, que classificou o Santos para uma já inédita final de Copa do Brasil. 

As finais 

Nas partidas da decisão, o Santos teve como grande adversária a equipe do Vitória-BA. E diferentemente do que se passou contra o Atlético-MG e Grêmio, a partida de ida seria disputada em casa e a partida final, da decisão, no estádio do Barradão, em Salvador. 

Com a Vila Belmiro, como sempre, quase lotada, o Peixe foi pra cima e dominou completamente a partida desde o início. Neymar, extremamente participativo durante o jogo, marcou logo aos 14 minutos da primeira etapa, que apesar das várias investidas do Alvinegro, se manteve em 1 a 0 até o intervalo. 

Diante do vibrante torcedor em seu estádio, o Santos fez o que sempre faz de melhor em sua história: atacar. Em um dos maravilhosos lances de Neymar, o atacante tenta um drible dentro da área adversária e é derrubado pelo defensor, o que assinalou pênalti para a equipe santista. Neymar, com muita confiança e personalidade, bate de cavadinha, mas acaba desperdiçando a cobrança. 

Já ao final da segunda etapa, em uma noite estrelada Marquinhos, que veio do banco de reservas, bateu com o pé direito uma linda cobrança de falta e marcou o segundo gol santista, aos 83 minutos, incendiando completamente os mais de 14 mil presentes nas arquibancadas do Estádio Urbano Caldeira.  

Para o jogo final, em Salvador, diante de 34.111 torcedores pagantes, o Santos comandado por Dorival Jr. veio à campo com: Rafael, Pará, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Ganso; Neymar (Marcel), Robinho (Rodriguinho) e André (Marquinhos). 

Dentro do lotado estádio do Barradão, a equipe baiana precisava marcar três gols para superar o Alvinegro Praiano, mas ainda no primeiro tempo esse número aumentou. Aos 44 minutos, Neymar cruzou na cabeça de Edu Dracena, que marcou e jogou ainda mais pressão sobre o time do Vitória.  

No segundo tempo, o time da casa seguiu pressionando e criando muitas chances, assim como fez na primeira etapa, mas dessa vez converteu algumas das oportunidades. Aos 77 minutos, o Santos sofre o gol da virada, era então 2 a 1 para a equipe baiana naquele jogo, surpreendendo a todos. 

Durante os minutos finais, em campo muita tensão, mas principalmente muita raça e suor da equipe do Peixe para segurar o placar e garantir o título inédito da Copa do Brasil. 

A Campanha 

Durante a competição, o Santos jogou 11 partidas, obtendo sete vitórias e quatro empates, se mantendo invicto durante todo o torneio, marcando 34 gols e sofrendo 15 tentos. Neymar e Paulo Henrique Ganso, os maiores destaques do time santista foram, respectivamente, o artilheiro da competição, com 11 gols e o eleito melhor jogador do campeonato. 

O título da Copa do Brasil de 2010, classificou o Santos para a disputa da Copa Libertadores da América de 2011. Após a conquista nacional, os Meninos da Vila conquistaram a América no ano seguinte. 

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