Os santistas Pelé, Zito e Pepe na conquista da Copa de 1958

Gabriel Santana, do Centro de Memória
Quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, os brasileiros ficaram desolados, sem acreditar no que estavam vendo. Pelé, com apenas nove anos de idade, viu seu pai chorando após a final e disse a ele: “Vou ganhar uma Copa do Mundo para você”. O nosso canhão da Vila, Pepe, tinha apenas 15 anos, e o eterno capitão Zito, 17.
Os três ainda eram jovens sonhadores naquele fatídico dia de 1950, e em 29 de junho de 1958 eles estavam na Suécia para trazer de volta o sorriso no rosto do brasileiro, e enfim, comemorar o primeiro título mundial do Brasil.
Por um motivo ainda desconhecido, a numeração da Seleção Brasileira não foi enviada com os números tradicionais. O goleiro Gylmar foi inscrito com a camisa 3, o lateral-esquerdo Nilton Santos com a 12, o zagueiro Mauro Ramos com a 16 e assim por diante. Zito ficou com a camisa 19, Pepe com a 22, e por obra do destino o garoto Pelé, com então 17 anos, foi inscrito com a mágica camisa 10.
Pepe era o santista mais cotado para iniciar a Copa do Mundo como titular. Mas uma pancada no tornozelo direito no último amistoso antes do Mundial, contra a Internazionale de Milão, tirou-lhe a chance de atuar. A lesão o manteve fora to time durante toda a campanha.
Zito e Pelé não iniciaram a Copa como titulares. Nos dois primeiros jogos os atletas do Alvinegro ficaram no banco de suplentes. Na terceira partida, contra a forte União Soviética, Zito entrou na vaga de Dino Sani, e Pelé no lugar de Mazzola. O Brasil venceu por 2 a 0, os dois santistas agradaram o técnico Vicente Feola e não saíram mais da equipe.
No jogo seguinte, diante do País de Gales, o Rei do Futebol marcou seu primeiro gol em Copas do Mundo. Um golaço, na verdade, o único de um jogo nervoso, que já estava na metade do segundo tempo. Triunfo brasileiro por 1 a 0 e vaga assegurada nas semifinais, contra a França.
Contra os franceses, sem sentir a mínima pressão por estar jogando uma Copa ainda tão jovem, Pelé conseguiu seu primeiro hat-trick com a camisa amarela, na goleada brasileira por 5 a 2.
Na grande final, contra os anfitriões suecos, 41 737 pagantes estavam presentes no Estádio Rasunda, em Solna. Os donos da casa saíram na frente, com Liedholm. Vavá marcou o gol de empate e o gol da virada ainda no primeiro tempo.
No início da segunda etapa, mais precisamente aos 10 minutos, o menino de 17 anos que havia prometido ao pai que ganhar uma Copa do Mundo para ele, protagonizou um dos mais belos lances vistos no futebol mundial. Após receber lançamento de Nilton Santos, matou a bola no peito, já driblando um marcador, e ao ver a chegada de outro defensor sueco, aplicou um belo chapéu e chutou firme, surpreendendo o goleiro Svensson.
Geralmente com 17 anos de idade estamos na escola e planejando nosso futuro. Bem, Edson Arantes do Nascimento estava sendo protagonista de uma final de uma Copa do Mundo. Era e ainda hoje permanece como o mais jovem a conquistar a Copa do Mundo.
Zagallo marcou o quarto gol do Brasil, Simonsson fez o segundo da Suécia. E para encerrar a Copa do Mundo, o camisa 10 da Seleção campeã marcou mais um tento, dessa vez de cabeça, para decretar o triunfo por 5 a 2.
Os jogadores do Peixe, Pelé, Zito e Pepe, ao lado de Gylmar (santista de nascimento, que depois também viria para o clube e se tornaria o melhor arqueiro da história do Alvinegro Praiano), foram recebidos com muita festa em Santos pela enorme conquista. A cidade parou e os quatro heróis desfilaram pela cidade, trazendo alegria ao povo brasileiro, fazendo as pessoas esquecerem a triste final de oito anos atrás.

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