Os céus se abriram para o campeão paulista de 2006

O árbitro Wilson Luiz Seneme apitou o fim do jogo. Após 21 anos o Santos se tornava novamente campeão paulista. O mais inusitado daquele domingo, 9 de abril de 2006, é que ao final da partida todos continuaram na Vila Belmiro, aguardando a premiação. Minutos depois, como trazido dos céus pelos deuses do futebol, o troféu veio do alto, mansamente, a bordo de um helicóptero da Federação Paulista.
Um longo período separava essa conquista da gloriosa tarde de domingo, 2 de dezembro de 1984, quando o Santos venceu o Corinthians por 1 a 0, diante de mais de 111 mil pessoas, no Morumbi, e conquistou o seu 15º título paulista. Depois, o título estadual esteve próximo algumas vezes, como nos vice-campeonatos de 1980 e 2000, mas sempre escapava.
Porém, naquele outro domingo, 9 de abril de 2006, o Santos finalmente quebraria. o jejum, ao vencer a Portuguesa de Desportos por 2 a 0. Com 43 pontos em 19 jogos, o time comandado por Vanderlei Luxemburgo não poderia mais ser alcançado pelo São Paulo. O clube da capital torcia para um tropeço do Peixe para erguer o troféu do desejado bicampeonato, mas seu sonho foi frustrado pela técnica e disciplina santistas.
Um público de 19.658 pessoas lotou a Vila Belmiro para, finalmente, soltar o grito de campeão. Afinal, desde 1965 o Santos não vencia um campeonato em seu estádio. O jogo começou alguns minutos depois da partida no Morumbi. Os autofalantes não anunciaram, mas o São Paulo já vencia o Ituano quando a partida teve início no Estádio Urbano Caldeira.
Depois de 23 minutos, o alívio do time e dos torcedores. Léo Lima cobrou escanteio na cabeça de Cléber Santana, o meia subiu mais alto que o defensor e mandou para as redes. Menos de cinco minutos depois, Leonardo, zagueiro da Lusa, desviou contra o próprio gol. O Santos aumentava o marcador. O triunfo passou a ser uma questão de tempo.
O time que entrou em campo foi formado por Fábio Costa, Ávalos, Ronaldo e Wendel; Fabinho, Maldonado (Heleno), Cléber Santana, Léo Lima (Rodrigo Tabata) e Kleber; Geílson (Magnum) e Reinaldo.
O caminho para o título
A conquista foi justa. Apesar da desconfiança do torcedor no início do campeonato, com diversos jogadores recém-chegados, a equipe ganhou padrão de jogo e seguiu competitiva até as últimas rodadas, condição indispensável para um campeonato de pontos corridos e turno único.
O Santos começou como azarão do torneio e deu a volta por cima. Luxemburgo dispensou estrelas como Luizão e Claudio Pitbull, trouxe os jogadores Magnum, do Vitória, e Cléber Santana do Kashiwa Reysol (vitimado no acidente de avião quando jogava pela Chapecoense) e apostou em atletas que estavam desacreditados no elenco e tinham a desconfiança da torcida, como Léo Lima e Geílson.
Contando com a liderança do goleiro Fábio Costa, campeão brasileiro em 2002, a decisão corajosa do treinador deu resultado. O time chegou ao título de forma inquestionável e o elenco caiu nas graças da eufórica torcida.
No dia 9 de abril a vitória lhe deu o título (e rebaixou a Portuguesa de Desportos). Em seu estádio, com milhares de pessoas aglomeradas e diferentes entre si, mas unidas pelo mesmo sentimento, ouviu-se o grito insistente e tão esperado, enquanto o troféu pousava, lentamente, dos céus. “É Campeão!”

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