O presidente do Santos Futebol Clube, José Carlos Peres, concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo nesta sexta-feira (24). Porém, como algumas declarações não couberam na edição final da matéria, é importante divulgar o material por completo para que associado e torcedor obtenham todas as informações necessárias sobre o clube.
Segue o conteúdo da entrevista na íntegra:
1. Como vê o processo que quer tirá-lo da presidência?
Vejo como um processo político contínuo às disputadas eleições do final do ano passado. Não houve dolo, não há provas de nenhum malfeito na minha gestão. As argumentações em prol do impeachment são frágeis e concentradas em questões burocráticas apenas.
Esse processo político cresceu na medida em que foram reveladas as práticas da gestão passada na auditoria forense por nós contratada e publicado no portal de transparência, na medida em que aumentamos o número de jogos no Pacaembu e abrimos um escritório de negócios em São Paulo, na medida que a luta política se infiltrou no próprio Comitê Gestor, na medida que estamos gradativamente profissionalizando nossos quadros contratando pessoas de mercado, e na medida que tivemos necessidade de um forte ajuste financeiro no primeiro semestre que relfete no desempenho do time dentro de campo.
2. Ex-integrantes do comitê de gestão reclamaram no conselho (está na ata da reunião) que Peres é muito centralizador e não respeita o caráter colegiado da administração. Concorda?
Um dos dois ex-integrantes citados, Andrés Rueda, deu declarações no sentido oposto no momento em que fez sua renúncia. Estranhamento e de forma tardia mudou sua opinião depois, quando usou politicamente o palanque do Conselho Deliberativo. Mais uma vez: tudo se resume à política no Santos.
Temos um modelo de governança colegiada por estatuto único dentre os grandes clubes do país e paralelo aos clubes em mercados desenvolvidos na Europa. Seria assim por si só impossível ser centralizador dado o sistema vigente.
O que não posso admitir é um clube paralisado por disputas de poder no Comitê Gestor. Não é razoável quererem governar o clube sem terem vencido nas urnas e sem comprometimento: a responsabilidade final é do Presidente. As cobranças são feitas ao Presidente. Quem fica sujeito a ameaças de morte, constrangimento a familiares e processo de impeachment é o Presidente.
3. Na reunião do conselho, Andrés Rueda disse que a negociação final pelo Porozo e da troca Zeca-Sasha não foi a apresentada ao CG. É verdade?
São casos diferentes. A negociação do Porozo foi formalizada num pré-contrato de forma equivocada e contrária aos interesses do clube. O fato foi corrigido e os responsáveis pelo erro demitidos.
No caso da troca Zeca-Sasha as bases foram sim apresentadas ao CG, existiram apenas ajustes normais de negociação para ser finalizada.
4. Considera que está cumprindo a promessa de campanha de unir todos os santistas?
Não. Não estou cumprindo e talvez isso seja curiosamente motivo de orgulho, porque estou indo contra exatamente a supostos santistas cujos interesses pessoais, de poder e paroquiais são maiores que seus esforços e contribuições para a instituição.
Desta forma é impossível unir todos os santistas. O momento é de escolha de caminhos: a velha política que tanto mal fez ao clube ou uma gestão com erros e acertos, mas honesta, com propósitos de crescimento do clube além das fronteiras da cidade, de cumprimento de suas obrigações financeiras e fiscais e de profissionalização de uma estrutura historicamente muito amadora.
Por outro lado, tenho certeza que o torcedor comum não-envolvido na política santista reconhece esses avanços deste primeiro semestre.
Não à toa esgotamos os ingressos nos três últimos jogos em casa. Dessa união de santistas em torno do seu time de coração, eu me orgulho muito. A torcida é o maior bem do Santos Futebol Clube.
Em relação ao associado e conselheiro, fica a pergunta de que Santos ele gostaria: o em transformação como agora ou as velhas práticas de compadrio do passado recente.
(Foto: Ivan Storti/Santos FC)