O TÍTULO PAULISTA QUE CAIU DO CÉU

Pedro Mendes, do Memorial das Conquistas

Após 21 anos, o Santos se tornava novamente o Campeão Paulista ao vencer a Portuguesa por 2 a 0 na última rodada daquele Paulistão, disputado no sistema de pontos corridos. O Peixe confirmou o título ficando um ponto à frente do vice-campeão São Paulo.

O jogo decisivo foi marcante não só pela conquista ou pela Vila Belmiro pulsante, que naquela tarde de domingo, 9 de abril de 2006, estava lotada com 19 658 torcedores. O grande evento também foi a chegada do troféu pelos ares, a bordo de um helicóptero da Federação Paulista de Futebol.

A conquista veio depois de longos anos de jejum. Nesse tempo o Santos venceu o Campeonato Brasileiro em duas oportunidades (2002 e 2004), foi campeão do Rio-São Paulo (1997) e também da Copa Conmebol (1998). O último título paulista havia sido em 1984, conquista marcada pelo protagonismo de Serginho Chulapa e a vitória sobre o Corinthians na grande final.

A CAMPANHA

O Santos tinha como novidade a volta de Vanderlei Luxemburgo, treinador especialista em pontos corridos. O Campeão Brasileiro em 2004 com o Peixe voltava ao Brasil após um ano a frente do Real Madrid.

A competição logo nas primeiras rodadas já apontava quem seriam os postulantes ao título. Santos e São Paulo disputaram a liderança ponto a ponto durante todo o campeonato. O time do Morumbi era o atual campeão mundial e desde o início foram colocados como os grandes favoritos. Mas o Alvinegro Praiano foi demonstrando ao longo do campeonato uma consistência digna de campeão, vencendo seus jogos em casa e com uma grande solidez defensiva.

Os comandados de Vanderlei Luxemburgo disputaram 19 partidas e venceram 14, empataram uma e tiveram apenas quatro derrotas. Foram 33 gols marcados e 19 sofridos.

O JOGO DECISIVO

Ao final da 18ª rodada, o Santos tinha 40 pontos contra 39 do São Paulo, e dependia só de si para acabar com um jejum de 21 anos. A partida final era na Vila Belmiro contra a Portuguesa de Desportos, que assim como o Peixe dependia da vitória, só que no caso dos lusitanos era para evitar o rebaixamento.

A euforia tomou conta da Vila lotada e o Santos entrou em campo com a seguinte escalação: Fábio Costa, Ávalos, Ronaldo e Wendel; Fabinho, Maldonado (Heleno), Cléber Santana, Léo Lima (Rodrigo Tabata) e Kleber; Geílson (Magnum) e Reinaldo.

O jogo já começou tenso para a torcida santista, antes mesmo do apito inicial na Vila Belmiro o São Paulo já marcava seu primeiro gol contra o Ituano, partida que havia começado minutos antes.

Mesmo com a pressão aumentada pelo resultado, o Estádio Urbano Caldeira estava em festa, um verdadeiro caldeirão para levar o Santos à vitória.

Aos 22 minutos da primeira etapa a pressão da torcida fez efeito, dois jogadores da Portuguesa se atrapalharam para cortar um cruzamento e deram escanteio ao Peixe. Na cobrança, Léo Lima encontrou Cléber Santana na pequena área, que de cabeça abriu o placar.

Minutos depois, a pressão continuava, após boa troca de passes a bola chegou na esquerda para Kléber, o lateral dominou e cruzou para o atacante Reinaldo, a bola passou, desviou no zagueiro da Portuguesa e morreu no canto esquerdo do goleiro, 2 a 0. O Santos estava cada vez mais próximo do título.

No segundo tempo os visitantes até tentaram, mas sem sucesso diante do forte sistema defensivo, o menos vazado daquele Campeonato Paulista. Na outra partida, O São Paulo venceu seu jogo por 2 a 0, mas de nada adiantou. Pode chamar a taça que o lugar dela é na Vila Belmiro!

A VINDA DE HELICÓPTERO

Como na última rodada ainda existia uma indefinição do campeão, o troféu e as medalhas ficaram na sede da Federação Paulista de Futebol, em São Paulo, aguardando o resultados das partidas, todas simultâneas. Chegando perto do fim do jogo, a transmissão já mostrava o helicóptero deixando a sede da FPF, rumo a Baixada Santista para nunca mais sair. Era a 16ª conquista de Campeonato Paulista, que vindo dos ares foi comemorada pelos quase 20 mil santistas eufóricos presentes na Vila Belmiro.

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