O garoto Juary, quem diria, já é sexagenário

Por Guilherme Guarche e Odir Cunha, do Centro de Memória
Em 16 de junho de 1959, uma terça-feira, nascia na cidade de São João de Meriti, Rio de Janeiro, o garoto Juary Jorge dos Santos Filho, que se tornaria um dos melhores centroavantes que já vestiu a gloriosa camisa 9 do Santos Futebol Clube.
Rápido, insinuante, Juary tinha apenas 16 anos quando fez sua primeira partida pelo Alvinegro Praiano, em um amistoso contra o Volta Redonda, no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, no dia 27 de maio de 1976.
Escalado pelo técnico Alfredinho, o Santos jogou com Ricardo, Tuca, Vicente, Fausto e Fernando; Carlos Roberto e Léo Oliveira (Juary); Admundo, César Maluco, Didi e Edu. Em má fase, o time perdeu por 3 a 0, mas Juary teria muitas outras oportunidades.
Titular a partir de agosto de 1977, com o técnico Otto Glória, o veloz atacante se tornaria um dos destaques do time que em junho de 1979 conquistaria o título paulista. Então, dirigido pelo técnico Chico Formiga, o centroavante seria a ponta da flecha do irresistível ataque dos “Meninos da Vila” e se tornaria artilheiro do vitorioso Campeonato Paulista de 1978, com 29 gols.

Sua excelente fase no Santos o levou à Seleção Brasileira em 1979, pela qual fez dois jogos oficiais e um  amistoso, marcando um gol contra a Seleção da Bahia. Ao deixar a Vila Belmiro, jogou em seis times estrangeiros: América, no México; Avellino, Internazionale de Milão, Áscoli e Cremonese, na Itália e, por último, na equipe do Porto, de Portugal, pela qual se tornou um herói sempre lembrado devido à decisiva participação na final da Liga dos Campeões de 1987.
O time perdia por 1 a 0 para o Bayern, de Munique, quando Juary entrou e mudou a partida. Em uma rápida escapada pela direita serviu ao argelino Nadjer, que usou o calcanhar para empatar. Um golaço! Instantes depois, Juary apareceu na área para aproveitar um cruzamento pela direita e fez o gol mais importante de sua carreira e o mais importante da história do Porto até ali (no final do ano o Porto se tornaria campeão mundial ao bater o Peñarol, do Uruguai, por 2 a 1).
De volta ao Brasil, Juary jogou na Portuguesa de Desportos, voltou ao Santos e encerrou a carreira no Moto Clube, do Maranhão. Sua última partida pelo Alvinegro Praiano ocorreu em 11 de novembro de 1989, diante do São Paulo, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. Ele formou no time, derrotado por 3 a 0, escalado assim pelo técnico Pepe: Sérgio, Ditinho, Luizinho, Luiz Carlos e Wladimir; César Sampaio, César Ferreira (depois Totonho) e Jorginho; Paulinho McLaren (Juary), Serginho Chulapa e Tuico.
No Alvinegro Praiano Juary jogou 231 partidas, marcou 101 gols e é, até o momento, o quinto maior artilheiro na chamada Era Pós-Pelé, ficando atrás apenas de Neymar (138), Robinho (111), Serginho Chulapa e João Paulo (104). As equipes que mais gols sofreram do lépido centroavante foram Guarani e São Paulo, oito gols cada um.
Além de todos os seus feitos, o hoje sexagenário Juary se orgulha de ter participado do jogo de despedida do Rei Pelé, em 1º de outubro de 1977, no Giant Stadium, em Nova York, quando entrou no lugar de Reinaldo, o autor do gol do Santos. Pelé jogou um tempo para cada time e fez o gol de empate do Cosmos, que acabou vencendo por 2 a 1. Cerca de 76 mil pessoas assistiram ao espetáculo no estádio, além de milhões pela tevê.

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