Por Gabriel Pierin, do Centro de Memória
O árbitro Armando Marques foi escolhido para apitar a finalíssima ocorrida no dia 21 de dezembro de 1967. Naquela noite chuvosa de quinta-feira, 43 627 pessoas compareceram ao Pacaembu para torcer para o seu time. O elevado número de torcedores do Santos e do São Paulo representou um novo recorde de arrecadação no futebol paulista, com 151 808 cruzeiros novos.
O Campeonato Paulista de 1967 parecia escapar do Alvinegro. Nas últimas rodadas, o Santos amargara quatro empates consecutivos, contra o Comercial (1 a 1), São Bento (1 a 1), Portuguesa de Desportos (0 a 0) e Guarani (1 a 1) e perdeu a liderança para o Tricolor. Na penúltima rodada, porém, a equipe se recuperou e bateu o Corinthians por 2 a 1. Com um ponto a menos na classificação, o Peixe foi para a última rodada lutando pelo título.
Quatro dias antes, no domingo do dia 17 de dezembro, o Santos enfrentou a Portuguesa Santista no Estádio Ulrico Mursa. Além de vencer, o time de Vila Belmiro mantinha a expectativa do São Paulo alcançar no máximo o empate contra o Corinthians para provocar a partida decisiva do campeonato.
O Santos vencia a Portuguesa Santista por 2 a 1, mas o jogo no Morumbi caminhava para o fim com vantagem de 1 a 0 para o São Paulo. A torcida tricolor já comemorava o título paulista, depois de um jejum de 10 anos, quando no último lance, o meio-campista corintiano Edson cruzou e Ditão desviou de cabeça. O goleiro são-paulino não segurou e Benê concluiu para as redes, empatando a partida no minuto final. Em Santos, o Alvinegro Praiano ainda teve tempo de marcar o terceiro gol com Edu. Empatado em pontos com o São Paulo, a decisão entre as duas equipes estava confirmada. Festa no gramado de Ulrico Mursa.
Na final contra o São Paulo o técnico santista Antoninho não pôde contar com o goleiro titular Gylmar, afastado depois de fraturar a costela no clássico contra o Corinthians, por isso manteve a mesma formação da rodada anterior com Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel Camargo e Rildo; Clodoaldo e Buglê; Wilson, Toninho, Pelé e Edu. Do lado são-paulino, a novidade era a presença do bicampeão mundial pela seleção, Bellini. O experiente jogador iria substituir o zagueiro central Jurandir, contundido na partida anterior. Assim, o Tricolor foi a campo Picasso, Renato, Bellini, Dias e Edilson; Lourival e Nenê; Válter, Babá, Djair e Paraná.
O Santos começou melhor e abriu o marcador logo aos 10 minutos, quando o lateral são-paulino Renato deixou Edu livre para avançar e concluir para o gol. O Santos soube aproveitar a zaga adversária desconcertada e ampliou dois minutos depois com Toninho.
O técnico Sílvio Pirillo mudou o sistema tático e equilibrou a partida. O São Paulo chegou a assustar em duas oportunidades e criou outras boas chances, mas o Santos soube se reorganizar e a partida seguiu emocionante até o final com ataques perigosos e alternados.
A pressão do São Paulo deu resultado e o time da capital chegou ao gol, quando Babá marcou aos 43 minutos. Mas não havia mais tempo para impedir a nova conquista estadual do Santos. O título voltava à Vila.
O campeão voltou!
Este foi o décimo título paulista conquistado pelo Santos, o nono em treze anos: 1955, 56, 58, 60, 61, 62, 64, 65 e 67, o que demonstra a total supremacia da equipe santista no futebol de São Paulo, na época.