O de maior história e o de maior torcida

Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Gabriel Santana e Guiherme Guarche
Sempre que Santos e Flamengo se encontram, como ocorrerá neste domingo, às 16 horas, na Vila Belmiro, encerrando o Brasileiro deste ano, há a expectativa de um jogo memorável. Se o Alvinegro Praiano é, reconhecidamente, o time de maior história do futebol brasileiro, também é inegável que a maior torcida é a do rubro-negro carioca – e história e torcida são justamente os dois elementos que compõem o valor de uma marca no futebol.
Mas nem sempre foi assim. Quando o Santos conquistou o seu segundo título paulista, em 1955, o Flamengo já tinha sido 12 vezes campeão carioca e, consequentemente, desfrutava de um conceito maior entre os grandes do País. Mas a recíproca também é verdadeira, ou seja, o Santos também já teve uma torcida bem maior do que a do Flamengo.
Em 1969 o jornal O Globo fez uma pesquisa em parceria com o Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) para medir, pela primeira vez, as preferências do torcedor brasileiro. A pergunta era: “No seu entender, qual o clube de futebol mais querido do Brasil?”. Pois o Santos ganhou com 49%, mais do que o dobro do Flamengo, que ficou com 20%.
O Corinthians surgiu em terceiro, com 14%, o Vasco em quarto, com 5%, e o São Paulo em quinto, com 3%. Ou seja, somadas as porcentagens do segundo ao quarto ainda faltavam 7% para empatar com o Santos, sem dúvida a preferência nacional. Não era difícil entender por quê.
Em 15 anos, de 1955 a 1969, o Alvinegro Praiano ganhou 11 títulos paulistas, oito brasileiros, duas Libertadores, dois Mundiais, quatro Torneios Rio-São Paulo, a Recopa Sul-americana e a Recopa Mundial, inúmeros torneios internacionais nas Américas e na Europa, se apresentou na maioria dos países do planeta, derrotou os melhores times do mundo e algumas seleções de prestígio, parou guerra na África, ajudou a Seleção Brasileira a ganhar duas Copas do Mundo e exibiu jogadores lendários como Gylmar, Carlos Alberto, Mauro, Zito, Clodoaldo, Edu, Lima e os que compunham o maravilhoso verso alexandrino Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe…
Sim, ainda havia o Rei Pelé, com toda a sua magia, seus feitos extraterrestres e seus 1282 gols. Mas não era só Pelé, pois sem ele, Calvet e Zito o Santos saiu do litoral de São Paulo para ser incentivado apaixonadamente por 200 mil pessoas que tomaram o Maracanã nos jogos contra o Milan que decidiram o Mundial Interclubes de 1963. Como gostam de dizer os locutores, o Santos era, realmente, o Brasil. E continua representando, com seus erros e acertos, com sua atávica paixão pela bola, e pelo gol, um Brasil de sonho que sempre volta.
125 jogos, alguns inesquecíveis
Desde o primeiro jogo, um amistoso no distante 4 de julho de 1920, na Vila Belmiro, em que o Santos goleou por 6 a 0, com dois gols de Ary Patusca, dois de Castelhano, um de Arnaldo Silveira e um de Constantino, Santos e Flamengo já se enfrentaram 125 vezes, com 46 vitórias santistas, 44 derrotas e 35 empates, 184 gols a favor e 168 contra.
Nas 73 partidas pelo Campeonato Brasileiro, o Santos venceu 24, perdeu 26 e empatou 23; marcou 81 gols e sofreu 75. Agora, nos 16 jogos pelo Brasileiro na Vila Belmiro, o Alvinegro Praiano venceu oito, perdeu dois e empatou seis; marcou 29 gols e sofreu 12, o que dá a média de uma vitória a cada dois jogos e uma derrota a cada oito.
Um dos jogos mais famosos ocorreu em 22 de julho de 2011, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Santos vencia por 3 a 0 aos 25 minutos do primeiro tempo, Neymar tinha marcado o gol mais espetacular dos últimos tempos – que lhe valeu o prêmio Puskas como o mais bonito do ano –, quando o Flamengo iniciou a reação e acabou vencendo por 5 a 4, em jogo que teve de tudo, mas que ficou na história pelo gol de Neymar e pela grande atuação de Ronaldinho Gaúcho, autor de três gols.
Seis anos depois, em outro jogo empolgante, com duas viradas, o Santos venceu por 3 a 2. Também válida pelo Campeonato Brasileiro, a partida foi jogada no Pacaembu, na noite de 2 de agosto, diante de 27 mil torcedores.
Todos os gols saíram no segundo tempo. Bruno Henrique marcou para o Santos, o Flamengo virou com gols de Everton Ribeiro e Felipe Vizeu e o Alvinegro virou novamente, em quatro minutos. Aos 39 minutos Alison empatou com um chute de fora na área, no ângulo, e aos 43 Ricardo Oliveira, de cabeça, fez o gol da vitória.
Santos e Flamengo já decidiram dois títulos brasileiros: em 1964 o Santos venceu por 4 a 1 no Pacaembu e empatou em 0 a 0 no Maracanã, ficando com a taça; em 1983 o Santos venceu por 2 a 1 no Morumbi e perdeu por 3 a 0 no Maracanã. O duelo decidiu também o Rio-São Paulo de 1997, com vitória do Santos por 2 a 1 no Morumbi e empate de 2 a 2 no Maracanã.
Goleadas e pequenos tabus
Esse clássico é marcado por algumas goleadas e pequenos tabus. O primeiro deles ocorreu logo no início. Depois de vencer por 6 a 0 em julho de 1920, o Santos passou mais cinco jogos sem perder para o adversário, o que só ocorreu em agosto de 1939.
De fevereiro de 1997 a janeiro de 2000 o Santos obteve seis vitórias e três empates no confronto, repetindo a performance de fevereiro de 2002 a outubro de 2004. O Flamengo ficou dez jogos sem perder do Santos de novembro de 2007 a junho de 2012, quando obteve seis vitórias e quatro empates.
Quanto às goleadas, a maior do confronto ocorreu em 11 de março de 1961, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo. Diante de um público de 90 mil pessoas o Alvinegro venceu por 7 a 1, com três gols de Pelé, dois de Coutinho, um de Pepe e um de Dorval. E o Flamengo não era um time nada fraco, tanto que acabou campeão do torneio.
A segunda maior goleada foi os 6 a 0 do primeiro jogo. Na sua contagem mais elevada, o rubro-negro venceu o Santos por 5 a 0, em 20 de abril de 1984, no Morumbi, pela Copa Libertadores. Os dois jogos mais recentes que tiveram uma diferença de três gols ocorreram na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro, em setembro de 2006 e agosto de 2007. Em ambos o Santos venceu por 3 a 0.
Artilheiros santistas do confronto no Brasileiro
1 – Neymar e Pelé, 4 gols.
3 – Edu, Robert, Robinho, Chulapa e Viola, 3 gols.

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