O clássico dos gols bonitos

Por Odir Cunha
No próximo sábado, dia 27 de julho, completam-se sete anos do golaço de Neymar contra o Flamengo na mesma Vila Belmiro em que os times se enfrentarão nesta quarta-feira. O gol de Neymar ganharia o Prêmio Puskas ao final do ano como o mais bonito de 2011. Naquela noite, como se sabe, o Santos foi derrotado por 4 a 5 e o rubro-negro Ronaldinho Gaúcho também brilhou, em uma partida celebrada como uma das melhores dos últimos tempos do futebol brasileiro.
Além de gols bonitos, este duelo que completou 98 anos no dia 4 deste mês é conhecido por ser um dos mais generosos, já que em 122 confrontos têm a média de 2,85 gols por partida.
O historiador Guilherme Gomez Guarche, do Centro de Memória do Santos, lembra detalhes da primeira partida entre Santos e Flamengo, um amistoso jogado na Vila Belmiro em 4 de julho de 1920, que o Alvinegro venceu, inapelavelmente, por 6 a 0:
“Os jogadores do Santos FC Millon e Arnaldo, que atuaram nessa partida, participaram da Seleção Brasileira que foi campeã sul-americana, no Rio de Janeiro, em 1919. Também foi campeão sul-americano em 1919 o atacante santista Haroldo Pires Domingues que não jogou na goleada santista por estar contundido. Os jogadores Constantino e Castelhano também jogaram essa mesma Copa Sul-americana em 1920.”
Nesse jogo pioneiro, que teve a arbitragem de Odilon Penteado, o Santos jogou com Tuffy, Cícero e Bilú; Pereira, Marba e Ricardo; Millon, Constantino, Ary Patuska, Castellano e Arnaldo Silveira. O Flamengo atuou com Kuntz, Sisson e Telefone; Dourado, Sidney Pullen e Japonês; Machado, Galvão Bueno, Choco, Geraldo e Junqueira. Os gols foram marcados por Ary Patuska (2), Castelhano (2), Arnaldo Silveira e Constantino.
Histórico mostra vantagem santista
Segundo o Centro de Memória do Santos Futebol Clube, até hoje o Alvinegro Praiano enfrentou o Flamengo em 122 oportunidades e tem um saldo positivo de quatro vitórias e 18 gols, já que venceu 46 vezes, empatou 34 e perdeu em 42 oportunidades, marcando 183 gols e sofrendo 165.
Em jogos apenas pelo Campeonato Brasileiro há um empate nas partidas e o Santos leva vantagem no saldo de gols. Em 70 jogos ocorreram 24 vitórias para cada lado e 22 empates, o Santos marcou 80 gols e sofreu 72.
Nos 15 jogos pelo Campeonato Brasileiro jogados na Vila Belmiro a vantagem santista é flagrante: foram oito vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, com 28 gols marcados e 11 sofridos.
Se forem computados todos os jogos entre as duas equipes na Vila Belmiro, a supremacia santista continua muito grande, pois em 33 jogos o Alvinegro venceu 20, empatou oito e perdeu apenas cinco, marcando 77 gols e sofrendo 42.
Além das partidas do Campeonato Brasileiro, as equipes se defrontaram no Torneio Rio-São Paulo (24 vezes), amistosos (16), Copa do Brasil (4), Copa do Campeões Mundiais (3), Copa Sul-Americana (3) e Copa Libertadores da América (2).
Maiores artilheiros santistas do confronto
1 – Pelé, 12 gols.
2 – Dodô, sete gols.
3 – Pepe, cinco gols.
4 – Álvaro, Coutinho, Deivid, Neymar, Robert e Caio Ribeiro, com quatro gols cada.
Uma goleada histórica
Por Guilherme Gomez Guarche
Derrotar um clube nacionalmente importante, como é o CR Flamengo, o qual tem em termos quantitativos o maior número de admiradores do Brasil é, motivo para se comemorar. Sem qualquer tipo de contestação, é uma vitória que não tem preço, principalmente se ela for conquistada na casa em que o clube carioca costuma realizar as partidas sob seu mando de campo, ou seja, no estádio do Maracanã.
E foi o que aconteceu numa noite de sábado, no distante 11 de março de 1961, no então maior estádio do mundo, que recebeu naquela noite um público de 90.218 espectadores, em sua totalidade torcedores do rubro-negro, que saíram do estádio incrédulos com o resultado do jogo, que terminou com a estonteante goleada de 7 a 1 para o Santos FC.
Esse placar dilatado mostrou a superioridade do Alvinegro da Vila Belmiro, cuja equipe vinha crescendo no cenário futebolístico brasileiro para se tornar, nos anos seguintes, a melhor equipe de futebol da década de 1960. Esse encontro foi na terceira rodada do Torneio Rio-São Paulo e que teve uma arrecadação recorde na época. Os autores dos tentos do Peixe foram Pelé (3), Pepe (2), Coutinho e Dorval. Para o time do Rio de Janeiro marcou Henrique.
Um jornal do estado da Guanabara, deslumbrado com o time santista assim se expressou:
“Santos com torcida própria.
“Um detalhe interessante, que se vem repetindo no Maracanã, é a torcida que o Santos tem no Rio. Já quando do jogo com o Fluminense, Pelé e seus companheiros foram grandemente aplaudidos pela torcida carioca, que soube distinguir o bom futebol de qualquer regionalismo. No sábado à noite, no Maracanã, ocorreu a mesma coisa. De pé, a imensa torcida guanabarina aplaudiu os santistas. Isso sucedeu não só com a torcida de Pelé, como também dos adeptos do Santos e também dos flamenguistas, que reconheceram a superioridade do campeão paulista.
Pelé foi novamente um espetáculo à parte. Além de contribuir com três tentos espetaculares, deu um show de controle de bola. Mas a vitória do Santos não se deveu apenas a Pelé. Dorval e Coutinho tiveram grande desempenho, além do goleiro Laércio e do zagueiro Mauro, que enquanto esteve em campo não permitiu a aproximação dos atacantes da Gávea.”
Nas duas primeiras partidas do torneio Rio-São Paulo, o Peixe derrotou o Vasco da Gama com uma incontestável goleada de 5 a 1, e na sequência venceu o Fluminense, novamente jogando no Maracanã, por 3 a 1, na partida que ficou famosa pelo “Gol de Placa” marcado pelo eterno Rei Pelé.
Com arbitragem de Olten Ayres de Abreu, essa goleada do Santos sobre o Flamengo foi obtida pelos seguintes jogadores: Laércio, Dalmo, Mauro (depois Formiga) e Fioti (Feijó); Zito (Urubatão) e Calvet: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. O Flamengo atuou com Fernando, Joubert, Bolero e Jordan; Nelinho (Jadir) e Carlinhos; Joel, Gérson, Henrique (Luis Carlos), Dida e Babá (Germano).

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