Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Depois do título paulista de 1978, o Santos vivia um jejum que já durava cinco anos. Para outras torcidas, isso pode não ser nada, mas para os santistas, acostumados com a média de dois troféus oficiais por ano durante mais de uma década, parecia uma eternidade. Por isso, quando a equipe se classificou para enfrentar o Atlético Mineiro, na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1983, a torcida se assanhou.
Dono da melhor campanha da competição até ali, o Atlético, treinado por Paulinho de Almeida, tinha uma equipe poderosa, em que se destacavam o goleiro João Leite, o lateral-direito Nelinho, o zagueiro Luisinho, o centroavante Reinaldo e o ponta-esquerda Éder.
O Santos, do técnico Chico Formiga, também era um time forte, com os zagueiros Márcio Rossini e Toninho Carlos, o meio-campo com Dema, Pita e Paulo Isidoro e um ataque onde se destacavam Serginho Chulapa e João Paulo. Porém, um dos trunfos daquele Santos estava nas arquibancadas, pois seus torcedores lotavam o Morumbi e acompanhavam o time onde quer que ele fosse.
Assim, em 12 de maio, uma quinta-feira, à noite, 68 471 pessoas estavam no Morumbi para o primeiro jogo da semifinal, entre Santos e Atlético. O jogo de volta, domingo, seria no Mineirão. Se houvesse empate no número de pontos ganhos e no saldo de gols nesses dois jogos, o finalista seria o time de Minas.
Como só a vitória interessava, o Santos foi mais ofensivo, mas só abriu o marcador nos acréscimos da primeira etapa, quando João Paulo cruzou e o zagueiro atleticano cortou com a mão, acintosamente, a bola que vinha para Serginho. O centroavante cobrou o pênalti – de chapa, rasteiro, no canto esquerdo de João Leite – e colocou o Santos na frente.
O adversário, porém, era dos melhores. Aos 13 minutos da segunda etapa, Éder, deslocado para a direita, recebeu uma bola pingada na área e só tocou por cima de Marolla, em um belo gol. O empate obrigou o Santos a voltar a pressionar.
Aos 24 minutos, em uma saída errada de Catatau, a bola foi para os pés de Serginho, que usou seu corpo para protegê-la, ao mesmo tempo em que fazia um giro de 180 graus e ficava livre para bater, de esquerda, rasteiro, no canto esquerdo da meta. Golaço!
A vitória santista fez a torcida sair cantando do estádio, mas não foi bem engolida por alguns atleticanos. Éder chegou a reclamar que Serginho fez um gol “de bico”… Na verdade, mesmo com tantos craques em campo, o dono da partida foi mesmo o decidido centroavante santista.
No domingo, diante de 113 479 torcedores, o Santos arrancou um empate sem gols no Mineirão e se classificou para jogar a final do Brasileiro de 1983 com o Flamengo.
Estatísticas Peixe X Galo
Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
Neste século, Santos e Atlético Mineiro fizeram 34 jogos, com 14 vitórias do Santos, 10 empates e 12 vitórias atleticanas, 61 gols santistas e 54 do adversário.
Pelo Campeonato Brasileiro, na Vila Belmiro, foram realizados 19 jogos, com 11 vitórias do Santos (58%), seis empates (31,5%) e duas vitórias do Atlético (10,5%). O Alvinegro Praiano marcou 42 gols e sofreu 23.
No total, Santos e Atlético Mineiro jogaram 25 vezes na Vila Belmiro, com 15 vitórias santistas (60%), sete empates (28%) e três derrotas (12%), 56 gols santistas e 31 atleticanos.
Até o hoje, o Santos já enfrentou o Atlético 97 vezes. Venceu 35, empatou 25 e perdeu 37, marcou 140 e sofreu 146 gols.
Pela Copa do Brasil já fizeram três partidas, com uma vitória para cada lado e um empate. A única vantagem santista é ter feito cinco gols, um a mais do que o adversário. Os autores dos gols santistas foram Robinho, Edu Dracena, André, Neymar e Wesley.
Artilheiros santistas do confronto
1 – Pelé, 10 gols
2 – Toninho Guerreiro, 7 gols
3 – Neymar, 6 gols
4 – Kléber Pereira e Ricardo Oliveira, 5 gols
5 – Elano, 4 gols.
Na primeira partida, vitória na Vila
Amistoso em 5 de outubro de 1938 (sábado)
Estádio Urbano Caldeira
Santos 2 x 0 Atlético Mineiro
Santos: Victor Lovecchio, Neves e Wanderlino; Figueira, Gradim e Ulysses; Sacy, Moran, Zé Carlos, Aurélio e Ruy.Técnico: Camarão.
Atlético: Kafunga; Linthon e Quim; Cafifa, Pedrinho e Bala; Paulista, Sellado, Guará, Nicola e Resende. Técnico: Ewando Becker.
Árbitro: Júlio Correa Mello.
Gols: Ruy e Aurélio.