Odir Cunha, do Centro de Memória
Estatísticas por Gabriel Santana
Dois times reconhecidos pelo estilo bonito, bem jogado, mas às vezes temperado com muita luta, Santos e Palmeiras têm escrito capítulos inesquecíveis ao longo da história do futebol. Em 1958 fizeram o jogo mais eletrizante do futebol brasileiro, aqueles 7 a 6 no Rio-São Paulo; em 1978 estabeleceram o recorde de público vigente em clássicos do futebol paulista (123.318 torcedores) e agora se defrontam nesse domingo à tarde em um duelo sem favoritos pelo Campeonato Brasileiro, no Morumbi, onde as estatísticas indicam equilíbrio absoluto.
Em 12 jogos pelo Campeonato Brasileiro disputados no Morumbi, cada time ganhou três vezes e houve seis empates. O Santos leva pequena vantagem no saldo de gols, pois marcou 19 e sofreu 17.
No retrospecto dos 73 confrontos pelo Campeonato Brasileiro desde 1959, em qualquer campo, a superioridade é santista. O Alvinegro Praiano venceu 28 vezes, empatou 25 e perdeu 20; marcou 100 gols e sofreu 90.
Se computarmos todos os 49 clássicos disputados entre ambos no Morumbi, por qualquer competição, a vantagem passa para o time da capital, pois o Santos obteve 12 vitórias, 19 empates e perdeu 18 vezes; marcou 60 gols e sofreu 69.
Primeiro jogo pelo Brasileiro
04/11/1964 – Santos 3 x 2 Palmeiras – Pacaembu .
Gols de Coutinho, Pelé e Pepe.
Primeiro jogo pelo Brasileiro no Morumbi
08/12/1968 – Santos 3 x 0 Palmeiras
Gols de Abel, Edu e Toninho Guerreiro.
Último jogo pelo Brasileiro no Morumbi
03/12/1997 – Santos 0 x 1 Palmeiras.
Último jogo no Morumbi
01/02/2004 – Santos 2 x 2 Palmeiras
Campeonato Paulista
Gols de Robinho e Renato
Artilheiros santistas no confronto
1 – Pelé, 33 gols.
2 – Pepe, 16 gols.
3 – Coutinho, 13 gols.
Artilheiros santistas no confronto pelo Brasileiro
1 – Pelé, 5 gols.
2 – Toninho Guerreiro, Serginho Chulapa e Neymar, 4 gols.
Um jogo que valeu o título brasileiro
Em 1968 Santos e Palmeiras se classificaram para o quadrangular final do Torneio Roberto Gomes Pedrosa/ Campeonato Brasileiro depois de liderarem os seus grupos. Em uma época em que as vitórias valiam dois pontos, o Alvinegro terminou em primeiro no Grupo B com 22 pontos e nove vitórias; o Palmeiras ficou em primeiro no Grupo A com 24 pontos e nove vitórias.
Na primeira rodada do quadrangular, em turno único o Santos venceu o Internacional, em Porto Alegre, por 2 a 1, enquanto o Palmeiras goleou o Vasco, em São Paulo, por 3 a 0. Logo na segunda rodada, dia 8 de dezembro de 1968, Santos e Palmeiras jogaram no Morumbi em uma partida decisiva.
Quem vencesse, seria campeão brasileiro na última rodada com um empate. Era difícil fazer prognósticos, pois os times tinham elencos extraordinários e s3e destacavam no futebol brasileiro.
O Santos era o grande time do Brasil, com uma equipe que era quase a Seleção Brasileira, escalada pelo técnico Antoninho com Cláudio, Carlos Alberto., Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Clodoaldo e Lima; Edu, Toninho, Pelé e Abel (depois Manoel Maria).
Mas o Palmeiras, dirigido pelo falante argentino Filpo Nuñez, campeão da Taça Brasil e do Torneio Rodrerto Gomes Pedrosa no ano anterior, também tinha um timaço, em que se destacavam Eurico, Baldochi, Dudu, Ademir da Guia, Servílio, Artime e Tupãzinho.
Mais de 36 mil torcedores (36.278) comparecem ao Morumbi naquele domingo para ver o grande jogo, arbitrado pelo carioca Armando Marques. Como se esperava, a partida começou equilibrada, mas aquele Santos tinha um poder de decisão tremendo. Quando estava motivado, era um time muito difícil de ser batido.
Assim, aos 14 minutos, em um chute quase sem ângulo, Abel aproveitou uma bola espirrada na área e fez 1 a 0. O jogo seguiu equilibrado, mas aos 35 minutos do segundo tempo Edu cobrou uma falta na barreira e aproveitou o rebote para encher o pé e vazar novamente o goleiro Chicão. Aos 42 minutos, Toninho Guerreiro aproveitou uma rebatida do goleiro e encheu o pé embaixo das traves para definir a partida.
Na última rodada, dois dias depois, o Santos jogava pelo empate, mas venceu o Vasco, no Maracanã, por 2 a 1, e comemorou o seu sexto título brasileiro, o quarto conquistado no então maior estádio do mundo. O Palmeiras acabou derrotado pelo Internacional, em Porto Alegre, por 3 a 0, e perdeu também o segundo lugar para o time do Sul.