Nenê Belarmino, um canhoto que honrou a camisa santista

[:pb]

Por Guilherme Guarche , do Centro de Memória 

Natural de Santos, Belarmino de Almeida Júnior, veio ao mundo numa segunda-feira, 8 de janeiro de 1951, Sua mãe dona Ambrosina Ferreira de Almeida foi quem apelidou o caçula de seis filhos de Nenê.

Foi no Pasteur, uma equipe do bairro do Gonzaga, em Santos, que Nenê iniciou na ponta-esquerda quando garoto, clube que tinha seu pai como um dos diretores.

Mas foi na época em que atuava na equipe do Santos Praia Clube, time em que jogavam alguns veteranos do Peixe, que seu futebol despertou o interesse de ex-craques como Olavo e Formiga, que o levaram para treinar no time juvenil do Alvinegro.

O técnico Antônio Fernandes, o Antoninho, foi quem escalou Nenê Belarmino pela primeira vez em uma partida na equipe principal do Santos. E foi em um amistoso disputado na cidade de Cuiabá em comemoração aos 250 anos da cidade mato-grossense, no dia 8 de abril de 1969.

Na sua estreia o time santista venceu o Mixto pelo placar de 5 a 1. Nenê entrou no lugar de Mengálvio na partida com portões abertos que deu o título do torneio ao Alvinegro Praiano.

Naquela terça-feira, um feriado local, o Santos formou com Gylmar (Peres), Oberdan, Ramos Delgado (Paulo), Marçal (Pitico) e Turcão; Mengálvio (Nenê) e Lima; Manoel Maria, Toninho Guerreiro (Patito), Douglas e Abel. Toninho, duas vezes, Manoel Maria, Patito e Felizardo, contra, marcaram os gols santistas.

Na Vila Belmiro ele conquistou os títulos: Quadrangular de Cuiabá (1970), Taça Cidade de São Paulo (1970), Hexagonal do Chile (1970), Triangular da Jamaica (1971) e Campeonato Paulista (1973) e participou também da campanha que deu ao Peixe o título de Fita Azul do Futebol Brasileiro em 1972.

Nenê era um meia que gostava de jogar adiantado e que usava sua canhota para bater forte a gol. Jogou com a camisa do Santos, no período de 1969 a 1974, 226 partidas e marcou 58 gols.

Um golaço que o torcedor santista sempre lembra.

No domingo ensolarado, 26 de novembro de 1972,  Nenê marcou perante 59 078 espectadores que estavam presentes no Estádio do Morumbi para ver o clássico dos alvinegros, Santos e Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.

Com todos os gols no segundo tempo, o Santos goleou o rival por 4 a 0. Clodoaldo marcou aos 10 minutos, Nenê ampliou aos 23 e 26, e Edu fechou a goleada encobrindo o goleiro Ado aos 29 minutos.

No seu primeiro gol, Nenê pegou o rebote de um chute de Edu e encheu o pé. A bola, rasante, passou sob o corpo do goleiro corintiano. O gol mais bonito veio três minutos depois. Jair da Costa se livrou de dois adversários na ponta direita, veio para o meio e tocou lateralmente para Pelé, que deixou a bola passar por entre as suas pernas, até Edu. Este apenas matou a bola e a rolou para a esquerda, onde sabia que estava Nenê. O meia acertou um chute forte, rasteiro e cruzado, complementando a bela jogada do ataque santista.

O Santos nesse encontro era dirigido por José Macia, o Pepe, que mandou a campo a seguinte formação: Cláudio, Orlando Amarelo, Carlos Alberto, Vicente e Zé Carlos (Turcão); Clodoaldo e Brecha; Jair da Costa, Nenê, Pelé e Edu.

No dia 3 de agosto de 1974, um domingo Nenê vestia a camisa do Alvinegro pela última vez, dia em que o Santos venceu o Noroeste, na Vila Belmiro, por 2 a 1, com gols de Marinho Perez e Léo Oliveira. Nesse confronto, válido pelo Campeonato Paulista, o time foi escalado pelo técnico Elba de Pádua Lima, o Tim, com Cejas, Carlos Alberto, Marinho Perez, Vicente e Turcão; Léo Oliveira e Nelsi; Mazinho, Nenê, Pelé e Ferreira.

Ao deixar a Vila Belmiro, Nenê foi jogar pelo Universidad Guadalajara, do México. Lá ganhou vários títulos, retornando ao Brasil em 1982 e encerrando a carreira na Portuguesa Santista, mesmo clube em que iniciou sua carreira de técnico, em 1984.

O craque treinou inúmeras equipes profissionais, como União de Mogi, Operário de Campo Grande, Sertãozinho, Botafogo e Comercial de Ribeirão Preto, União São João de Araras, Grêmio Barueri e Uberaba Sport Club.

Na Europa, mais precisamente em Portugal, ele foi técnico do Belenenses nos anos de 2000 a 2004. Hoje trabalha nas equipes de base do Santos, onde também dirigiu essas mesmas categorias nas décadas de 1980 e 90.

Nenê continua morando em Santos, sua cidade natal, ao lado de sua filha Fabiana e sempre agradece por ter jogado num time que o mundo todo conhece e admira.

[:]

Pular para o conteúdo