Gabriel Santana e Odir Cunha, do Centro de Memória
Em 1962, ano do cinquentenário do Santos, vivia-se o auge do tabu, ou seja, o Corinthians não conseguia ganhar do Santos por competição alguma. No primeiro turno do Campeonato Paulista o Alvinegro Praiano já tinha goleado seu tradicional adversário, na Vila Belmiro, por 5 a 2. No segundo turno, o alvinegro da capital resolveu marcar o jogo para o acanhado Parque São Jorge.
Em 11 de outubro o Santos tinha sido campeão mundial ao bater o Benfica por 5 a 2, em Lisboa. Três semanas depois, dia 4 de novembro, chegou o momento de enfrentar o alvinegro da Zona Leste paulistana pelo Campeonato Paulista. Era uma temeridade marcar tal jogo para o Parque São Jorge, que ficou abarrotado com o recorde de 27.384 pagantes e 33 mil pessoas no total.
Empurrado por sua torcida, o time da casa permaneceu mais tempo com a bola no primeiro tempo e criou algumas chances, porém não foi efetivo em nenhum lance. A zaga santista e o goleiro Gylmar estavam inspirados. O ataque dos sonhos, formado por Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe estava em campo, e a expectativa de todos era de que a qualquer momento um deles resolveria a partida para o Alvinegro.
Ainda sem gols, segundo tempo começou mais agitado. O time da capital se lançou ao ataque e conseguiu assinalar seu primeiro tento aos 16 minutos, por meio de Cássio. Mas o Peixe não se abalou com o gol tomado e empatou logo em seguida, aos 21 minutos. Em linda jogada pela direita, Mengálvio lançou Pelé, que facilmente se livrou da marcação de Eduardo e encontrou Coutinho na área, para marcar com um belo voleio.
O time da casa sentiu o golpe e recuou, enquanto o time santista aproveitou o bom momento. Aos 35 minutos, Zito lançou Pelé e, este, em jogada individual, marcou o gol da vitória do Santos, mantendo o tabu iniciado cinco anos antes.
O triunfo representou o ultimo embate entre os dois alvinegros no Parque São Jorge. Com a vitória, o Santos abriu sete pontos de vantagem para o segundo colocado, o próprio Corinthians, e encaminhou ainda mais a conquista de mais um título paulista, o terceiro consecutivo.
Neste século, saldo de sete vitórias
No século XXI o Alvinegro Praiano está disparado na frente do seu tradicional adversário, já que em 64 partidas venceu 27, empatou 17 e perdeu 20.
Os números também são positivos em encontros no Campeonato Paulista, pois em 23 partidas o Alvinegro Praiano venceu nove, empatou sete e perdeu sete, com 29 gols marcados e 27 sofridos.
Nos 18 anos deste século, os principais artilheiros santistas que balançaram as redes do adversário foram: Ricardo Oliveira, seis gols; Elano, cinco; Renato, Robinho, Neymar, André Felipe e Gabriel Barbosa, quatro.
Desde a primeira partida entre ambos, que também é comemorada como o primeiro clássico paulista – goleada santista por 6 a 3, em 22 de junho de 1913, no Parque da Antárctica Paulista, em São Paulo – os dois times já se enfrentaram 328 vezes, com 105 vitórias santistas, 93 empates e 130 derrotas; 501 marcados e 580 sofridos.
Algumas dessas partidas estão marcadas na memória do torcedor santista, principalmente aquelas nas quais o Alvinegro Praiano conquistou um título. Qual fanático santista não se recorda do primeiro título, no certame bandeirante vencido no distante ano de 1935, na casa do arquirrival, pelo placar de 2 a 0, com gols de Raul e Araken Patusca? Ou no ano de graça de 1984, com o endiabrado Serginho Chulapa marcando o tento que deu ao Peixe o seu décimo quinto de campeão paulista? Ou em 2011, quando o Peixe se sagrou bicampeão paulista em cima do rival ao vencê-lo por 2 a 1, dessa vez na Vila Belmiro, com gols de Arouca e Neymar, na décima-nona vez que o time santista conquistou o título estadual.
Mas o triunfo que fez renascer o orgulho e a paixão adormecida nos torcedores do Peixe foi aquele obtido no estádio do Morumbi, no Campeonato Brasileiro. Após uma longa espera de 18 anos sem um título de grande importância, os Meninos da Vila venceram o alvinegro da capital por 3 a 2, com gols de Robinho, Elano e Léo.