Por: Odir Cunha
Uma carta, datada de novembro de 1916, apenas um mês após a inauguração da Vila Belmiro, é uma das preciosidades da 1ª Exposição de Documentos Históricos, a ser realizada pelo Centro de Memória e pelo Memorial das Conquistas do Santos nesta terça, dia 11, às 17 horas. Na carta, de novembro de 1916, o prefeito de Santos, Belmiro Ribeiro de Morais e Silva, que daria nome à Vila Belmiro, se dirige ao diretor do Alvinegro Praiano, Urbano Caldeira Filho, que por sua vez daria nome ao estádio, em uma rara correspondência entre ambos ícones da história santista.
A restauração do Centro de Memória, uma área de 50 metros quadrados no segundo andar da Vila Belmiro, já está dando seus frutos. Com a recuperação de cerca de 5000 volumes, entre atas, ofícios, súmulas, requerimentos, enfim, documentos em geral que remontam desde a fundação do clube, em 1912, a história do Santos Futebol Clube, plenamente resgatada, servirá de matéria-prima para livros, filmes e exposições que enriquecerão a nossa marca.
A primeira dessas exposições, inédita entre clubes brasileiros, ressalta a importância dos documentos históricos ao mostrar a carta entre Belmiro e Urbano, os contratos originais dos ídolos Pelé, Zito e Pepe, a ata que definiu as cores da bandeira e do uniforme do Santos, entre outras raridades.
A exposição tem a curadoria do historiador Gabriel Pierin, do Centro de Memória do Santos. Para ele, “é por meio desses documentos que o historiador conversa com o passado, reescreve o presente e lança novas luzes e perspectivas para a compreensão da história. Um exemplo sem maiores impactos, mas que ilustra bem a questão, foi o ofício enviado ao clube pelo goleiro sueco Agne Boklund, em 9 de agosto de 1926. Na ocasião, o arqueiro justificava sua ausência no jogo do dia anterior devido ao mau tempo e às péssimas condições da estrada. Ao comparar essa nova informação com os registros de nossas estatísticas, percebemos que as mesmas contavam com a presença de Agne nessa partida.“
O acervo do Centro de Memória conserva as atas de diretoria a partir da terceira assembleia realizada no clube, em que ficaram definidas as cores da bandeira e dos uniformes e as normas do primeiro estatuto social do clube. Além disso, lá estão todos os contratos de jogadores a partir da era profissional, iniciada em 1933, correspondências, jornais e muitas fotos. Há material para se criar um grande banco de dados. Pierin está animado com o potencial do acervo:
“Trata-se de um acervo com, aproximadamente, 500 mil documentos. A nova diretoria do Santos tem compreendido que, além da necessária preservação do acervo, de valor incalculável, também é necessária a aproximação e disponibilização da história para o público, por meio de digitalização, catalogação e exposição. Esses procedimentos e investimentos irão promover o fomento de novos trabalhos, estudos e publicações. Afinal uma instituição como o Santos tem seu valor pela sua torcida e por seus feitos.”