No dia 05 de março de 1961, em partida do Torneio Rio-São Paulo, o Rei Pelé marcava um gol que mereceu uma placa no Estádio do Maracanã, aos 40′ na vitória do Santos FC, por 3 a 1, diante do Fluminense em jogada toda pessoal, de característica peculiar e que fez vibrar o público presente ao famoso estádio brasileiro.
Pelé, recebeu a bola a poucos metros além da linha do meio-campo, aplicou a 1ª finta num jogador do Fluminense investindo rapidamente foi progredindo superando um e outro adversário, com fintas lépidas até entrar na área, acossado, imprensado, ainda assim, ao perceber a saída de Castilho, o avante santista golpeou com muita classe no canto direito e marcou um bonito e memorável gol. A sugestão de colocar a placa no Maracanã em homenagem ao belo gol foi sugestão do falecido e saudoso jornalista Joelmir Beting, pai do também jornalista Mauro Beting.
O Rei Pelé além desse maravilhoso gol marcou mais um e Pepe marcou o outro na partida em que o Peixe formou: Laércio; Fioti, Mauro, Dalmo e Calvet; Zito e Mengálvio (Ney); Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe (Sormani). O técnico era Luiz Alonso Perez, o Lula.
O jornalista Antônio Guenaga no jornal “A Tribuna” assim descreveu sobre o belo tento de Pelé: “Ouvi domingo comentários de diversas rádios sobre o gol nº 2 de Pelé. Os locutores sentiram até dificuldade para escrever o lance, e um deles, de São Paulo, afirmou que, para a próxima partida do Santos trará um dicionário porque os adjetivos mais usuais já se tornaram lugares comuns para enaltecer o valor e a maneira realmente impressionante como o meia-esquerda do Santos, a cada partida, dá largas ao seu espírito criador”.
O jornal “O Globo” destacando o lance publicou que: “Desde que surgiu, garoto ainda, para o futebol profissional e para a fama, Pelé não havia conseguido marcar um só tento contra o Fluminense. Vitória do Santos, empate ou derrota e o artilheiro ludibriou as mais diversas defensivas nacionais e estrangeiras saía de campo sem contribuir para o marcador. Ontem à tarde, no entanto, ao mesmo tempo em que derrubava a outra história, a de que não produzia o quanto é capaz no Maracanã, Pelé quebrou o tabu, assinalando o primeiro “goal” do Santos, quando os relógios decretavam o 3º minuto do jogo”. No caso do 2º gol de Pelé, o jornal carioca o qualifica como “um gol para entrar para a história”.
O jornalista Chico Sá também no jornal “A Tribuna” sobre o gol destacou: “Vou dedicar, hoje, estes trechos a Pelé. Não sou lá muito amigo destes destaques, pois sei que futebol se faz com onze e não com um. Mas aquele gol do Maracanã parece que nunca aconteceu no Brasil, ou se nunca, pelos menos, no maior Estádio do mundo. A crônica carioca, (a paulista e a nossa também, vá lá!) se pôs de boca aberta e ainda está! Patética, estupedeficada, em pasmo: E foi mesmo. Pelé “Hors Concours”. Valeu pelo espetáculo inteiro. Teve instantes de inenarrável sublimação. Foi quando sentiu o quanto é amado pela torcida carioca. Até o pessoal do Fluminense bateu palmas para ele”.
Curiosidade
Na partida anterior ao jogo do “gol de placa” o time santista venceu pelo placar de 5 a 1 a equipe do Vasco Gama no Pacaembu e no jogo posterior aplicou uma sonora goleada de 7 a 1 sobre o time do Flamengo novamente no Maracanã todas goleadas válidas pelo Torneio Rio-São Paulo. O goleiro do time carioca no jogo do “gol de placa” era Carlos Castilho que em 1984, como técnico do Santos sagrava-se Campeão Paulista.
Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística