Segundo contou a Guilherme Gomes Guarche, Coordenador do Centro de Memória e Estatística do Santos FC, o sr. Mário Pereira, conhecido como “O perigo loiro”, sobre os jogadores campeões de 1935 e o caminho que seguiram:
O goleiro era Cyro Maciel Portieri, “O gato preto”, que depois que largou o futebol foi trabalhar até a aposentadoria na extinta CDS (hoje Cia Docas do Estado de São Paulo)
Neves um dos laterais montou uma pensão em Santos
Agostinho era um sujeito brincalhão
Ferreira e seu irmão Jango eram dois gaúchos vaidosos
Marteletti era um zagueiro que batia da medalhinha para cima
o pequeno ponta Sacy foi trabalhar na Estiva
Raul foi jogar na Europa e voltou como Raul Sandrô
Araken Patusca, o Pelé de outrora era um craque de primeira linha, ganhou dos franceses o apelido de Le Danger
Na ponta esquerda jogava o Junqueirinha, dele nada sei.
Texto do jornal A Tribuna depois da conquista está no meu livro O Melhor do Século nas Américas (2002):
“O feito brilhante do Santos, no campeonato da Liga Paulista, este anno encheu de justo contentamento a população esportiva da cidade. Nunca se constataram no terreno do esporte tantas e tão vivas demonstrações de enthusiasmo. Logo que os radios annunciaram a victoria final, as ruas começaram a movimentar-se, como se qualquer coisa de anormal e estranho houvesse acontecido.
Em pouco tempo, a praça Ruy Barbosa, em frente ao “Café Paulista”, estava repleta de pessoas, e à medida que se aproximava a hora da chegada da delegação, o publico ia aumentando. Tomaram-se preparativos para que a recepção fosse condigna. Duas bandas de musica esperavam os campeões. Estenderam-se cartazes na rua do Commercio, por onde deveriam passar os jogadores. De tudo se cuidou com carinho.
Todos se interessavam pelo brilhantismo da chegada do alvi-negro. Não havia clubismo. Elementos de todos os gremios se faziam representar na estação da inglesa. Era uma victoria do Santos e da cidade de Santos.
Innenarravel o que se passou quando o comboio que conduzia o Santos deu entrada na “gare”.
Os jogadores campeões foram como que arrancados dos carros e trazidos para a rua. aos hombros dos aficionados. Flôres cobriam os defensores do Santos. A satisfação era indisfarçavel. Abraçose mais abraços. Vivas e hurras. Contentamento geral. As bandas de musica executaram as primeiras marchas e ahi o enthusiasmo attingiu o auge. Espectaculo indescriptivel.
E a multidão começou a caminhar vagarosamente, em demanda da cidade, engrossando cada vez mais, vivando sempre os campeões. Na praça Ruy Barbosa subiram ao ar muitos foguetes. Os jogadores conduzidos nos hombros dos torcedores, e assim vieram até a redação desta folha.
Ahi fizeram uma parada e foram saudados. Os milhares de manifestantes dispersaram-se sómente depois que os jogadores deram entrada na séde do clube, onde se repetiram, com a mesma intensidade, as grandes manisfestações de enthusiasmo.
Em todo esse enthusiasmo pela victoria do Santos não se póde esquecer a figura dedicada de Virgílio Pinto de Oliveira (Bilu), a quem coube, nesta temporada, o difficil encargo de tudo prover technicamente na turma do Santos.
Foi elle quem, com acertadas medidas, óra modificando, óra incluindo novos elementos, incentivando-os e animando-os, conduziu o time do Santos à victoria final.
Dentre os elementos por elle “descobertos” destacam-se Mario Pereira, que, ainda militante no quadro juvenil, no anno passado, se tornou em curto espaço de tempo campeão paulista. Os progressos do “mignon” futebolista foram rapidos e hoje póde ser considerado um dos titulares da equipe.
São campeões paulistas de 1935, os seguintes jogadores: Cyro, Neves, Meira, Agostinho, Ferreira, A. Figueira, Marteletti, Jango, Sacy, Mario Pereira, Biruta, Delso, Raul, Araken, Sandro, Logu e Junqueirinha.
Raul também é campeão secundario da cidade.”