Memória: E o Santos FC de Pelé, e de tantos outros craques, parava a guerra

No dia 04 de fevereiro de 1969, o Santos FC parava a guerra do Biafra também conhecida como Guerra Civil Nigeriana, jogando na cidade de Benin na Nigéria, na Áfica Ocidental, ao vencer a equipe da Seleção do Meio Oeste por 2 a 1, com gols de Edu e Toninho Guerreiro formando com: Gilmar (Laércio); Turcão, Ramos Delgado, Joel Camargo e Rildo (Oberdan); Lima e Negreiros (Marçal); Manoel Maria, Toninho (Douglas), Pelé (Amauri) e Edu (Abel). O técnico era Antônio Fernandes, o Antoninho.

Essa partida não tinha sido programada anteriormente pelo empresário Samuel Ratinoff, e sua realização só foi decidida após o time santista ter recebido garantias de que sua permanência em solo nigeriano seria feita com total segurança pelas autoridades locais. A confirmação que o Santos realmente parou a guerra da Biafra foi o texto publicado na revista Placar no ano de 1990 escrito pelo jornalista Michel Laurence por ocasião do 50º aniversário do Rei Pelé.

Curiosidade
O jornalista Gilberto Castor Marques, enviado especial de “A Tribuna”, que acompanhava o Peixe escreveu que quando o Alvinegro chegou na cidade de Benin, foi decretado feriado na parte da tarde daquele dia pelo governador da região nigeriana, tenente coronel Samuel Ogbemudia, o qual também autorizou que a ponte sobre o rio que ligava Benin a cidade de Sapele tivesse a passagem liberada para que todos, indistintamente, pudessem assistir ao jogo. Akenzua II, conhecido como “The Oba de Benin” era o rei local e governava apenas espiritualmente e tinha para espanto do “curinga” Lima, 26 esposas, 84 filhos e 216 filhas.

O inesquecível Gilmar, afirmou que realmente esse foi o jogo da famosa “guerra suspensa” para ver o Santos FC jogar e não só o “Rei” Pelé, e que tão logo o time subiu a bordo do avião de volta ao Congo, as hostilidades reiniciaram na região.
Essa guerra civil entre os nigerianos e os separatistas do Leste Africano, que queriam a criação de um país com o nome de Biafra, teve início em 1967 e terminou em janeiro de 1970 com a morte de mais de um milhão de civis, dizimados pela fome e por horrendos confrontos.
Guilherme Guarche – Coordenador do Centro de Memória e Estatística

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