Por Guilherme Guarche, do Centro de Memória
O mais representativo cidadão nascido no município de Arauá, no litoral sul do estado de Sergipe é, sem sombras de dúvidas, José Macedo da Silveira, ou simplesmente o massagista Macedo, como era mais conhecido no mundo da bola. O bom e eficiente Macedo veio ao mundo numa sexta-feira, 27 de março de 1925.
O competente profissional nunca jogou e nem marcou nenhum gol com a camisa do Alvinegro Praiano, mas seu trabalho foi de suma importância na história do Santos, pois era qualificado, confiável e prestativo na arte e no ofício que praticava. Todos os jogadores queriam tê-lo por perto quando necessitavam de massagens durante o aquecimento, nos vestiários, ou quando estavam se recuperando de um problema muscular.
O Rei Pelé tinha uma admiração enorme por Macedo, tanto é que o contratou para trabalhar como caseiro em um sítio que possuía na cidade de Juquiá, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo. Macedo trabalhou por mais de dez anos no sítio, porque gostava de ser um funcionário de seu amigo Pelé, com o qual viajou por muitos anos na época das excursões do Alvinegro, chegando a ter mais de 23 passaportes em mais de 45 anos.
Em uma ocasião, durante uma excursão à América do Sul, em 1961, Pelé ouviu de seu amigo de que em Aracaju existiam laranjas com mais de um quilo. Pelé duvidou. Macedo, no entanto quando viajou ao estado nordestino, fez questão de trazer várias dessas enormes laranjas e as deu de presente ao amigo, que sorridente agradeceu e nunca mais duvidou das divertidas histórias contadas pelo massagista.
Um momento de muita emoção vivido por Macedo aconteceu em Frankfurt, na Alemanha, em 1960, depois da vitória do Peixe por 4 a 2 contra o S.G. Eintracht. Todos os atletas presentes no vestiário o abraçaram e o felicitaram, pois ele, com lágrimas nos olhos, comunicava naquele dia, no Brasil, tinha nascido sua filha, Eliana, e que por isso ele era o homem mais feliz do mundo naquele momento.
Macedo foi uma das pessoas que mais viu Pelé jogar. “É que ele nunca era expulso, suspenso, nem se contundia”, disse certa feita o eterno capitão Zito.
José Macia, o Pepe, afirmou que o sergipano fazia milagres quando exercia seu ofício. Uma característica marcante de Macedo era a corrida peculiar que fazia quando algum jogador sofria alguma lesão. Lá ia o massagista, ligeirinho, com sua maleta de primeiros socorros atender ao atleta machucado.
Seu nome será sempre lembrado e seu rosto também, já que era comum o massagista sair na foto com o time. E ele ainda usava um agasalho com a letra “M” bem grande. Impossível esquecê-lo quando a fase áurea do Santos é lembrada, principalmente a partir de 1953, ano em que ele começou ao clube de Vila Belmiro.
Macedo completava com outros três massagistas um quarteto bastante conhecido na época. Eram Mário Américo, Nocaute Jack e Pai Santana, todos seus amigos, por sinal.
No Santos, um massagista muito amigo de Macedo foi Beraldo Portho Linhares, que trabalhou durante quase 30 anos no clube, morrendo em 8 de setembro de 2014, aos 77 anos, vítima de pneumonia. Beraldo residia em Santa Catarina também e sofria do Mal de Alzheimer.
Mais famoso massagista do futebol brasileiro depois de Mário Américo, Macedo morreu em Santos, em 23 de agosto de 2004, vítima de câncer de próstata.