Nicolas Godoi, do Memorial das Conquistas
Os torcedores que estiveram presentes no Pacaembu, na noite fria de São Paulo do dia 22 de junho de 2011, jamais esquecerão da grande emoção que passaram, pois, assim como em 1962, o Santos vencia o Peñarol e conquistava a Libertadores da América pela terceira vez em sua história.
O Peixe era o time sensação do Brasil; até mesmo torcedores de outros times paravam para assistir o time jogar. Na Libertadores, o grupo do Santos era relativamente tranquilo, com Deportivo Táchira, Cerro Porteño e Colo-Colo. Porém, o favoritismo santista não se concretizou em campo, pois, nas primeiras três rodadas, as duas derrotas e um empate exigiam um milagre para garantir a classificação. E o milagre se personificou na presença de um novo técnico: Muricy Ramalho.
Sob o comando do novo treinador, o Santos superou as adversidades, venceu os últimos três jogos e assegurou, de forma heroica, a vaga para a fase final. Nas oitavas, o adversário foi o América do México. No primeiro jogo, na Vila Belmiro, Ganso acertou uma bomba de fora da área e garantiu a vitória santista por 1 a 0. A partida da volta aconteceu em Querétaro, e o Peixe contou com uma noite inspirada de Rafael para segurar o empate por 0 a 0 e garantir a classificação para a próxima fase.
O adversário das quartas foi o Once Caldas, que havia eliminado o Santos em 2004; porém, desta vez, foi diferente. Na primeira partida, na Colômbia, Neymar arrancou pela direita e encontrou Alan Patrick livre para fazer 1 a 0. Um simples empate no jogo da volta seria suficiente para avançar. Dito e feito: na partida da volta, no Pacaembu, 1 a 1 com gol de Neymar, e o Santos estava classificado para a semifinal.
Na semifinal, o Santos enfrentou novamente o Cerro. No Pacaembu, vitória por 1 a 0, após bela jogada pela esquerda de Neymar, com gol de Edu Dracena de cabeça. Em Assunção, o Santos fez um primeiro tempo exemplar e abriu uma vantagem de 3 a 1. Na volta do segundo tempo, a equipe paraguaia se recuperou, empatou a partida, mas não foi o suficiente para tirar o Alvinegro Praiano da final.
A grande final foi contra um velho conhecido dos santistas: o Peñarol, mesmo adversário da primeira conquista da Libertadores do Peixe em 1962. A primeira partida ocorreu em Montevidéu, no Estádio Centenário, para quase 60 mil torcedores. Porém, a pressão da torcida não tirou o time santista do eixo, que segurou um empate de 0 a 0. Portanto, a decisão ficaria toda para a última partida.
O último jogo aconteceu dia 22 de junho, e, mais uma vez, a casa do Peixe seria o Pacaembu. A capital paulista ficou tomada pelas cores branca e preta. Torcedores de todo o Brasil vieram até São Paulo na expectativa de que o Santos chegasse ao topo da América novamente, depois de 48 anos. O primeiro tempo foi muito estudado, com poucas chances de gol para ambos os lados. A apreensão foi grande durante todo o intervalo.
A volta não poderia ter sido melhor, pois, ainda no primeiro minuto da segunda etapa, Arouca avançou pelo meio do campo, tabelou com Ganso, que encontrou Neymar na ponta esquerda. Ele acertou um chute milimétrico; a bola passou pelo único espaço que havia. Em poucos segundos, a fria noite de São Paulo explodiu com um caloroso grito de gol da torcida.
Danilo ainda viria a marcar o segundo gol santista aos 23 minutos. Mais tarde, a equipe uruguaia descontaria com um gol contra de Durval, porém, não foi o bastante para tirar o título do Santos, que, pela terceira vez em sua história, chegava à Glória Eterna. A equipe santista foi aplaudida de pé pelo Rei Pelé; neste momento, a missão estava cumprida.
As semelhanças com a primeira conquista da Libertadores não se dão apenas pelo mesmo adversário, mas também pela forma como a conquista foi construída. Mais uma vez, os Meninos da Vila decidiram. Algumas pessoas acreditam em destino, outras em sorte. Pouco importa a crença, mas o fato é que o Santos é a prova viva de que um raio pode, sim, cair duas vezes no mesmo lugar.