Importante revelação histórica: o ídolo Ary Patusca foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1916

Por Odir Cunha
Baseada em informações obtidas pelo pesquisador Leonardo Devezas, a Federação Paulista de Futebol está preparando um livro atualizado sobre a história do Campeonato Paulista. Na obra surgirão os nomes de mais dois artilheiros do Santos: Ary Patusca, em 1916, e seu irmão Araken Patusca, em 1926. Com isso, o Alvinegro Praiano, time que já tinha mais goleadores na competição, passará para 27 artilheiros, cinco a mais do que o segundo colocado.
A detalhada pesquisa de Leo Devezas mostrou que além de Mariano, do Paulistano, e Zecchi, do Mackenzie, o centroavante e ídolo santista Ary Patusca também foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1916, com oito gols.
Filho do primeiro presidente do Santos, Sizino Patusca, Ary era um atacante oportunista, que se destacava pelo ótimo cabeceio. No início da década de 1910 foi estudar contabilidade na Suíça e acabou se tornando bicampeão nacional pelo Brühl St. Gallen, chegando a atuar pela Seleção Suíça. Sua fama de artilheiro fez com que defendesse a Internazionale de Milão de 1913 a 1915, tornando-se o primeiro jogador brasileiro a fazer sucesso na Europa.
Ao retornar ao Brasil, Ary foi imediatamente recrutado por Urbano Caldeira para jogar pelo Santos (na época com o nome adotado de “União”), e se sagrou campeão santista em 1915, chegando a marcar oito gols em dois jogos.
A constatação de que foi o artilheiro do Paulista em 1916, mesmo ano de fundação da Vila Belmiro, coloca Ary Patusca, definitivamente, entre os grandes atacantes dos primórdios do futebol brasileiro. Com média superior a um gol por jogo, ele realizou 85 partidas pelo Santos e marcou 103 gols.
Amado pelos torcedores, que faziam modinhas com seu nome e o elegeram como o primeiro grande ídolo santista, Ary Patusca teve uma vida curta. Morreu na sua querida Santos em 4 de dezembro de 1923, aos 31 anos.
A segunda artilharia de Araken
A minuciosa pesquisa de Devezas provou ainda que, além de artilheiro do Campeonato Paulista de 1927, com 31 gols, Araken Patusca também foi o maior goleador do Estadual de 1926, com 13 gols. As estatísticas anteriores contavam um jogo amistoso do Palestra Itália como sendo oficial, o que explicava a equivocada artilharia dada ao atacante palestrino Heitor.
Assim, a nova versão oficial da tábua de artilheiros do Paulista faz justiça a um dos jogadores de mais destaque da era amadora do futebol brasileiro. Araken Patusca, emprestado pelo Santos, participou da primeira excursão de um time brasileiro à Europa – o Paulistano, em 1925 – quando sua técnica e agilidade lhe valeram o apelido de Le Danger (O Perigo). Cinco anos depois, em outra primazia, foi o único jogador de times paulistas a jogar a primeira Copa do Mundo, a de 1930, no Uruguai.
Em 1935, após fundar o São Paulo da Floresta, retornou ao Santos para ajudar a equipe na conquista de seu primeiro título estadual, o de 1935, arrancado em pleno Parque São Jorge com uma vitória sobre o Corinthians por 2 a 0, com um gol dele.
Educado, sempre solícito com seus muitos fãs, Araken morreu em 24 de janeiro de 1990, aos 85 anos, na mesma Santos onde nasceu. Jogou 193 partidas pelo Alvinegro Praiano, marcando 182 gols.
Uma cerimônia no Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube, com a equipe do Centro de Memória do clube e integrantes da Assophis, a Associação de Pesquisadores e Historiadores do Santos, celebrou a pesquisa de Leonardo Devezas e homenageou Juary, artilheiro do Campeonato Paulista de 1978, com 29 gols. Veja aqui as fotos do evento.
Artilheiros do Santos no Campeonato Paulista
1916 – Ary Patusca, 08 gols
1926 – Araken Patusca, 13 gols
1927 – Araken Patusca, 31 gols
1929 – Feitiço, 12 gols
1930 – Feitiço, 36 gols
1931 – Feitiço, 38 gols
1955 – Del Vecchio, 22 gols
1957 – Pelé, 17 gols
1958 – Pelé, 58 gols
1959 – Pelé, 46 gols
1960 – Pelé, 32 gols
1961 – Pelé, 47 gols
1962 – Pelé, 37 gols
1963 – Pelé, 22 gols
1964 – Pelé, 34 gols
1965 – Pelé, 49 gols
1966 – Toninho Guerreiro, 27 gols
1969 – Pelé, 26 gols
1973 – Pelé, 11 gols
1978 – Juary, 29 gols
1983 – Serginho Chulapa, 22 gols
1984 – Serginho Chulapa, 16 gols
1996 – Giovanni, 24 gols
2011 – Elano, 11 gols
2012 – Neymar, 20 gols
2014 – Cícero, 09 gols
2015 – Ricardo Oliveira, 11 gols

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