Ídolo eterno, Edu retorna ao Catar com o Santos FC depois de 51 anos, encontra homenagens e um país totalmente diferente

No ano de 1973, o Santos FC, equipe que mais viajou pelo mundo, fez sua primeira visita ao Catar. Ao lado de Pelé e companhia, o ponta-esquerda, Edu, já consagrado no Alvinegro Praiano e na Seleção Brasileira, foi autor do primeiro gol santista no país do Oriente Médio, em vitória de 3 a 0 sobre a equipe do Al Ahli, clube catariano mais antigo, fundado em 1950.

Depois de 51 anos, Edu integra a delegação santista que volta pela primeira vez a Doha, capital do Catar, para a disputa de uma série de amistosos. Com o rápido desenvolvimento do país asiático depois da descoberta de gás natural e petróleo, principais fontes da economia local, o ídolo santista relata as grandes diferenças encontradas após mais de cinco décadas.

“Na época, nós pegamos um micro-ônibus e começamos a andar pelas areias, porque era só areia. E, de repente, cadê o estádio que nós não víamos? Entramos no meio de umas dunas e ali era o estádio. Eu me lembro muito bem disso, as dunas formavam as arquibancadas e estava lotado. O gramado era como se fosse um saibro. Tinha uma graminha, mas não era um gramado”, relembrou.

Décadas depois de sua primeira visita, Edu encontra um Catar moderno e referência na organização de eventos esportivos

Moradores locais relatam que a presença do Alvinegro Praiano no país foi, inclusive, um dos gatilhos para a construção de uma grande arena esportiva. Três anos depois da passagem do Peixe, em 1976, era inaugurado o Estádio Internacional Khalifa, que passou a ser a casa da Seleção do Catar e, mais recentemente, foi reformado para ser uma das modernas sedes da Copa do Mundo de 2022.

“Hoje, eu volto aqui e fico até emocionado. Voltar a um país aonde esteve há 50 anos atrás e ver que você ajudou pelo menos o Santos a fazer essa belíssima história, é emocionante. O Catar teve uma mudança legal, uma coisa fantástica, e fico muito feliz de estar voltando aqui depois de muitos anos. Tudo isso é motivo de muito orgulho pra mim. Depois da descoberta do petróleo, o país ficou essa maravilha”, declarou o jogador mais jovem a ir para uma Copa do Mundo em todos os tempos.

Meio século depois, Edu foi recebido com louvor no país, principalmente em visita ao Museu Olímpico e de Esportes do Catar. O diretor deste que é o maior museu de esportes do mundo, Abdulla Yousef Al Mulla (na foto em destaque), disse estar presente no amistoso de 1973 e, em visita guiada, mostrou com orgulho diversos registros da passagem do Alvinegro Praiano pelo país.

Foto das equipes de Santos FC e Al Ahli no amistoso de 1973 é destaque no Museu Olímpico e de Esportes do Catar, assim como no prédio da QFA

No prédio da Qatar Football Association, federação que comanda o futebol do país da última Copa, a presença do Alvinegro Praiano também é destacada como um marco na história do esporte local.

“É uma história linda sendo contada para milhões de pessoas, principalmente à garotada que está surgindo agora. Os novos santistas precisam saber essa história linda do Clube. Onde nós chegamos, eu acho que jamais algum clube irá. Nós praticamente desvendamos o mundo e aqui não foi diferente. Deixamos um legado muito bonito, uma apresentação de gala do Peixe, e tudo isso fez com que o Catar abraçasse a nossa equipe com muito carinho, uma receptividade fantástica. Saber que fazemos parte do Museu Olímpico e de Esportes daqui e da federação de futebol do país, isso daí são histórias que jamais serão apagadas”, concluiu Edu, sobre os registros e homenagens encontrados neste retorno.

Material de divulgação do jogo de 1973 destaca o Santos FC e o Rei Pelé como “a pérola negra do Brasil”

Confira a ficha técnica da primeira partida do Santos FC no Catar:

SANTOS FC 3 X 0 AL AHLI (CATAR)

Local: Doha Stadium, em Doha, no Catar
Data: quarta-feira, 14 de fevereiro de 1973
Horário: 15h (de Doha) / 9h (de Brasília)
Árbitro: Aahid Al Santy (Catar)
Público: 12.000
Renda: US$ 40.000,00
Gols: (SFC) Edu, aos 9′, Pelé, aos 10′ e Alcindo, aos 44′ do 2ºT
Santos FC: Cláudio (Willians); Hermes, Marinho Perez, Vicente e Zé Carlos; Leo Oliveira (Pitico) e Brecha (Murias); Manoel Maria (Jair da Costa), Euzébio (Alcindo), Pelé e Edu. Técnico: Pepe
Al Ahli: Kazem; Hassan Ali, Abdel Gani, Bayoony e Yousef; Ganin e Abidan; Abol El Rahman, Sediky, Mal Allá e Abdalla Diky.
Curiosidade: Após o terceiro gol santista, a torcida invadiu o campo e carregou Pelé até o palanque real, onde o Rei do futebol entregou sua camisa ao Emir, Khalifa Bin Hamad Al Thani.

Equipe do Santos FC posada no Doha Stadium antes do amistoso de 1973

(Fotos: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC e Acervo do Museu Olímpico e de Esportes do Catar)

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