Por Odir Cunha, do Centro de Memória
Como se sabe, o Santos é o time que mais gols fez no futebol mundial: até hoje, sábado, já são 12 615 tentos. E é justamente neste 1º de fevereiro que comemoramos a marcação do gol 12 000, obra do atacante Gabriel Barbosa, o Gabigol, na goleada de 5 a 1 sobre o Botafogo de Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista de 2014.
Era um sábado como hoje, na Vila Belmiro, e o Santos vencia por 2 a 1. Aos 20 minutos do segundo tempo Gabriel recebeu um passe curto nas costas da zaga, adiantou-se, jogou o corpo para a direita e com um leve toque de esquerda desviou do goleiro Gilvan, marcando o gol 11 999 da história do Peixe. Três minutos depois veio o momento mais esperado.
O goleiro Aranha despachou a bola desde a área santista. Ela alcançou a intermediária do Botafogo e a defesa do time do Interior deixou que ela quicasse antes de tentar fazer o corte. Tarde demais. Gabriel colocou o corpo à frente, afastou o adversário com o ombro, esperou por mais dois quiques da bola para bater de bate-pronto, na paralela, rasteiro, no canto direito. O lateral Émerson ainda marcaria o quinto gol aos 44 minutos, mas a história já estava escrita.
Nenhum time do planeta tinha alcançado 12 mil gols. Gabriel Barbosa era um Menino da Vila de apenas 17 anos quando deixou seu nome na história do Alvinegro Praiano. Naquele mesmo 2014 ainda seria artilheiro da Copa do Brasil, com seis gols, feito que repetiria em 2015, com oito gols.
Quatro anos depois veio o gol 12 500
Quiseram os deuses do futebol que o mesmo Gabriel, depois de viver dois anos de ostracismo na Europa, na reserva da Internazionale e do Benfica, voltasse ao Santos para também marcar o gol 12 500 do clube.
A oportunidade surgiu na Vila Belmiro, em mais um sábado, 27 de outubro de 2018, em partida contra o Fluminense pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. Amarrado, o jogo caminhava para um empate sem gols quando Gabriel sofreu um pênalti, aos 37 minutos do segundo tempo. Ele mesmo cobrou para abrir o placar e atingir a marca histórica (depois, Victor Ferraz, aos 42, e Carlos Sánchez, aos 43 minutos, consolidaram a vitória por 3 a 0).
O Santos deu a Gabriel a oportunidade de recuperar a alegria de jogar futebol. Na sua volta de filho pródigo ele teve a honra de vestir a camisa 10 mais preciosa do planeta, e não decepcionou. Terminou artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2018, com 18 gols (e do Brasileiro de 2019, com 25 gols). Essas façanhas demonstram que não perdeu a técnica e o instinto desenvolvidos na Vila Belmiro. Dentre suas lembranças, porém, o gol 12 mil tem um lugar especial:
“Lembro muito bem dele. Fiquei muito feliz por entrar para a história do Santos. A placa e a chuteira daquele jogo estão expostas na minha casa. É uma honra para mim e para minha família.”
Agora, já começam as especulações para o inédito gol 13 mil. Pelo ritmo normal do pródigo ataque santista, prevê-se que a marca seja alcançada entre o segundo semestre de 2022 e o primeiro de 2023. Pergunta-se: quem deverá ser o autor da proeza? Um jogador do elenco atual, ou, quem sabe, um outro Menino da Vila que está por vir? Bem, são dúvidas que só o torcedor do maior time artilheiro do mundo pode ter.