Gabriel Pierin do Centro de Memória
No dia 19 de dezembro de 1964, o Santos venceu pela quarta vez consecutiva a Taça Brasil e se tornou o primeiro e único Tetracampeão Brasileiro da história. Ao vencer o torneio nacional sobre o Flamengo, o Alvinegro ainda garantiu o direito de representar o País na Copa Libertadores de 1965.
A Taça Brasil de 1964 foi disputada entre os campeões de cada estado. Ao todo 21 equipes estaduais entraram na disputa ao lado do campeão da edição anterior. Alguns clubes estão afastados da elite do futebol brasileiro na atualidade. É o caso do Maringá, campeão do Paraná em 1963, Alecrim, do Rio Grande do Norte, Cruzeiro do Sul de Brasília, entre outros. O Santos, campeão da Taça Brasil da edição anterior e o Palmeiras, campeão paulista de 1963 eram os times de São Paulo presentes na competição.
O Alvinegro de Vila Belmiro entrou na fase das quartas-de-final e encarou o campeão do Grupo Sul, Atlético Mineiro. Nos confrontos entre as duas equipes, o Santos impôs sua superioridade e venceu com duas goleadas: 4 a 1 no Estádio Independência e 5 a 1 no Pacaembu. O próximo desafio seria contra o Palmeiras, campeão paulista de 1963.
Na outra Chave, o vencedor do Grupo Norte, Ceará, enfrentou o Fluminense de Feira de Santana. Vencedor, o time de Fortaleza encarou o Flamengo, campeão da Guanabara, na semifinal.
Santos e Flamengo garantiram seus lugares na final com duas vitórias sobre seus adversários. O Alvinegro passou pelo rival Palmeiras com incontestáveis 3 a 2 e 4 a 0 e o rubro-negro venceu o Ceará por 2 a 1 e 3 a 1. Decidido pela CBD, o primeiro jogo da decisão seria em São Paulo e o segundo no Rio de Janeiro.
O jogo que garantiu a conquista
No dia 16 de dezembro, uma quarta-feira à noite, o Santos ainda comemorava a vitória e a conquista do título paulista ocorrida no domingo ao vencer a Portuguesa por 3 a 2, quando entrou no Pacaembu para iniciar a decisão do título brasileiro contra o Flamengo.
Além disso, o Alvinegro já era Bicampeão da Libertadores e Mundial e acumulava três títulos consecutivos da Taça Brasil. Era o time a ser batido, acostumado com o clima de decisão. Nem a chuva incessante e o gramado encharcado pareciam abalar o Time da Técnica e da Disciplina.
Pelé abriu 2 a 0: aos 20 minutos do primeiro tempo e aos 14 do segundo. O time da Guanabara ainda esboçou uma reação, quando o atacante Paulo Choco, substituto de Berico, diminuiu a vantagem aos 27 minutos.
A euforia carioca durou pouco. Cinco minutos depois, Coutinho marcou o terceiro para o Santos e Pelé deu os números finais aos 39 minutos com um chute de fora da área. A vitória por 4 a 1 colocou o Santos na vantagem de jogar pelo empate a partida de volta, no Maracanã.
Noite de festa, mas sem gols
Na noite de sábado, 19 de dezembro, 52 508 torcedores compareceram ao Maracanã para assistir à grande final. Mas não viram gols. O Santos se preocupou mais em garantir o resultado que lhe garantiu o tetracampeonato brasileiro.
O Flamengo chegou a dominar a fase inicial do jogo, mas desperdiçou várias oportunidades. O Santos não conseguia penetrar no sistema defensivo rubro-negro, mas conseguiu equilibrar no segundo tempo.
O domínio santista era no meio campo. Zito, Mengálvio e Lima, que substituiu Toninho, levavam a bola até o ataque, porém Pelé, Coutinho e Pepe não conseguiam finalizar frente à eficiente marcação da defesa do Flamengo.
O lance mais emocionante da segunda etapa aconteceu a um minuto do fim. Pelé driblou Ditão e na saída de Renato, cruzou para Lima cabecear fora. Era o último ato antes do árbitro Armando Marques apitar o fim da partida que decretou o Santos mais uma vez Campeão Brasileiro.
Nessa noite memorável o técnico Lula escalou o time com Gylmar, Modesto e Geraldino; Ismael, Haroldo e Zito; Toninho (Lima), Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. O Flamengo foi escalado por Flávio Costa com Marco Aurélio (Renato), Murilo, Ditão, Ananias e Paulo Henrique; Carlinhos e Evaristo; Amauri, Airton (Berico), Paulo Choco e Carlos Alberto.