[:pb]Gabriel Pierin, do Centro de Memória
Na noite de quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997, um público de 70 729 pagantes, quase todos torcedores do Flamengo, assistiram, no Maracanã, ao heroico empate santista por 2 a 2 que levou à conquista do Torneio Rio-São Paulo.
O Santos enfrentava um longo período de escassez de títulos desde a conquista do Campeonato Paulista de 1984. Em 1995 o título brasileiro escapou por culpa do árbitro Márcio Rezende de Freitas.
O Torneio Rio-São Paulo, que era organizado pelas federações dos dois Estados e reunia os clubes cariocas e paulistas mais tradicionais, não foi disputado em 1994, 1995 e 1996, mas voltou no início de 1997, em formato de confrontos eliminatórios a partir das quartas-de-final. Logo na estreia, o Santos enfrentou a forte e temida equipe do Vasco, vice-campeã carioca de 1996.
Na noite de 21 de janeiro, terça-feira, no Morumbi, o Alvinegro Praiano vencia por 2 a 1, gols de Carlinhos e Vágner, até os 40 minutos da segunda etapa, quando o Vasco empatou com Ramon.
Cinco dias depois, sábado, o Santos foi até São Januário e precisou superar o adversário em sua própria casa. Anderson Lima foi expulso e o Vasco fez mais dois gols de bola parada. Após um empate de 3 a 3, a disputa foi para os pênaltis, em que Zetti defendeu uma cobrança e Dutra confirmou a classificação santista com um chute no ângulo direito de Carlos Germano.
O próximo adversário era o Palmeiras, campeão paulista de 1996. O adversário confiou no seu favoritismo para passar pelo Santos, chegou a sair na frente com Djalminha, cobrando falta, mas foi surpreendido pelo Alvinegro. Baiano empatou ainda no primeiro tempo e, no finalzinho do jogo, Marcos Assunção e Robert viraram e ampliaram para 3 a 1.
No jogo de volta, em Presidente Prudente, o Palmeiras venceu por 1 a 0, gol de Ronaldão, contra, mas o Santos se classificou pelo saldo de gols. O adversário na decisão seria o Flamengo, que, para chegar à decisão, passou por Corinthians e São Paulo.
A grande final
O Flamengo, campeão carioca de 1996, foi montado pelo presidente Kléber Leite para ganhar tudo em 1997. O forte time tinha a dupla ofensiva Romário e Sávio no seu elenco. Mas o Santos, treinado por Vanderlei Luxemburgo, era uma equipe bem entrosada.
No primeiro jogo, na noite de 4 de fevereiro, no Morumbi, o Santos venceu por 2 a 1 e conquistou a vantagem de jogar pelo empate no Maracanã. Alessandro, aos seis minutos, e Macedo aos 29 do primeiro tempo, marcaram para o Peixe. Só aos 40 minutos do segundo tempo é que Marcelo Ribeiro diminuiu para o time carioca.
Na grande final, os torcedores do Flamengo compareceram em massa ao Maracanã, que atingiu o público de 70 729 espectadores. Junior escalou seu time com Zé Carlos, Fábio Baiano, Júnior Baiano, Fabiano e Gilberto (depois Leonardo); Moacir, Bruno Quadros (Iranildo), Lúcio (Márcio Costa) e Nélio; Romário e Sávio.
Luxemburgo armou o Santos com Zetti, Anderson Lima (depois Baiano), Sandro, Ronaldão e Rogério Seves (Juari); Marcos Assunção, Vágner, Alexandre (Caíco) e Piá; Macedo e Alessandro. Para a arbitragem foi escolhido o paulista Oscar Godói.
Melhor desde o início, o Alvinegro abriu o marcador aos 33 minutos, com Anderson Lima cobrando falta de longa distância no canto direito de Zé Carlos. Mas a equipe recuou no final da primeira etapa e Sávio e Romário aproveitaram. Aos 37 minutos Sávio foi derrubado na área por Ronaldão. Romário bateu o pênalti e empatou o jogo. Oito minutos depois, Sávio driblou pela ponta esquerda e cruzou rasteiro para Romário esticar o pé e jogar a bola no fundo das redes de Zetti.
A desvantagem de 2 a 1 obrigou o Santos a buscar o empate na segunda etapa. O Alvinegro Praiano passou a atacar mais, mas com poucas chances reais de gol. Até que aos 32 minutos o lateral-esquerdo Juari acertou um chute com perfeição. Forte, com destino certo, o petardo balançou o travessão do goleiro Zé Carlos e foi morrer no fundo do gol flamenguista.
Como o Santos já vencera a partida de ida por 2 a 1, o empate de 2 a 2 deu ao Alvinegro Praiano o seu quinto título do Rio-São Paulo. Uma conquista foi muito festejada, para lavar a alma do torcedor.
Os artilheiros santistas naquele Rio-São Paulo foram: Alessandro, com três gols; Macedo, com dois; Carlinhos, Vagner, Baiano, Robert, Marcos Assunção, Anderson Lima e Juari, com um gol cada. Para chegar ao título o Santos fez seis partidas, vencendo duas, empatando três e perdendo uma; marcando 12 e sofrendo 10 gols.
O título do Rio-São Paulo de 1997 veio se somar aos de 1959, 1963, 1964 e 1966, que tornaram o Santos a equipe mais vezes campeã do torneio.
Curiosidade: Nessa conquista, um detalhe do uniforme santista chamou a atenção dos torcedores: em algumas partidas os calções foram pretos, salpicados de grandes estrelas brancas.[:]